Vamos lá, vamos lá… Para de chorar, seca essas lagrimas, concentra.
Cá estou voltando de mais um dia aparentemente comum, trabalho, faculdade, afazeres.
Sempre gosto de reparar a minha voltar, ver a vida acontecer. Confesso para vocês que nem sempre me deparo com as melhores atitudes, mas as mais pequenas e simples me fazem entender o quão vale sim a pena estar nessa vida neste mundo. São tão nobres e dignas de reflexão.
Estou no ônibus, o motorista esta transportando uma senhora de cadeira de rodas para dentro da condução com aquele elevador. A senhora deve ter lá seus 60 anos, e apresenta ter alguma dificuldade de dicção. Aparentemente vestígios de um AVC. Seu marido um senhor que a acompanha deve possuir a mesma faixa etária. Visualmente saudável.
Fiquei reparando todo o processo até acomodarem a senhora no local apropriado. E essa cena não é tão incomum no meu dia a dia, vejo outros cadeirantes no mesmo processo, afinal eles têm seus afazeres. Claro não há nenhuma diferença.
Só que algo me chamou atenção. O senhor me chamou atenção, sentou na cadeira logo atrás da senhora e permaneceu com a mão na cadeira.
Na minha percepção, já foi um gesto cativante. Só que foi além. Quero traspassar essa cena para vocês da melhor forma possível, e quero que sintam isso que consigam entrar na situação: Ficou de pé em frente a senhora, olhando para ela, mas “galeraaaa” não era olhar, ele a sentia. Tinha pureza, sinceridade e muito amor que podia derreter muita pedra de gelo por aí. Não conseguia entender direito o que ela falava mais sei que ele compreendia. Ele a amava, era visível.
Olha não sei ao certo o que aconteceu com a senhora, não sei quanto tempo estão juntos, e tão pouco sei o que eles passaram no decorrer de suas vidas.
Mais almejo de coração ter alguém um dia me olhando da mesma forma e poder retribuir o mesmo olhar. E se pudesse desejar algo para vocês, seria um olhar tão sincero quanto o que presenciei.