Durante um depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro dirigiu-se ao ministro Alexandre de Moraes com uma pergunta inusitada:
— Eu posso fazer uma brincadeira?
Moraes, mantendo a formalidade, respondeu:
— Você que sabe. Eu perguntaria aos seus advogados.
Com um sorriso, Bolsonaro prosseguiu:
— Eu gostaria de convidá-lo para ser meu vice em 2026.
O ministro, sem hesitar, respondeu:
— Eu declino.
Defesa do voto impresso e críticas ao sistema eleitoral
No contexto do depoimento, Bolsonaro, que é o sexto réu do núcleo 1 da tentativa de golpe a prestar esclarecimentos no STF, foi interrogado por Alexandre de Moraes. Durante o interrogatório, o ex-presidente reafirmou sua defesa pelo voto impresso e teceu críticas ao sistema eleitoral brasileiro.
— Desde 2012, no mínimo, eu sempre lutei pelo voto impresso. Nós estávamos na iminência de aprovar uma PEC dentro da Câmara dos Deputados, que tratava do voto impresso. (…) Em 2014, quando o Aécio Neves perdeu para a senhora Dilma Rousseff, foi contratada pelo PSDB uma auditoria externa. E a conclusão foi que as urnas são inauditáveis. Ou seja, senhor ministro, com todo respeito, nós temos muita coisa ao nosso lado mostrando que esse sistema que está aí carece de um aperfeiçoamento — afirmou Bolsonaro.
O ministro Alexandre de Moraes prontamente rebateu as críticas do ex-presidente:
— Na verdade, não há nenhuma dúvida sobre o sistema eletrônico e esse inquérito não tem absolutamente nada a ver com as urnas eletrônicas, absolutamente nada, e a sua defesa vai poder esclarecer bem porque já está juntado aos autos — observou o ministro.
“Me desculpem”, afirma Bolsonaro sobre ataque a ministros do STF
Durante os questionamentos dirigidos a Bolsonaro, Moraes leu declarações do ex-presidente que continham ataques aos ministros do STF em uma reunião ministerial ocorrida em julho de 2022.
Moraes então questionou Bolsonaro sobre as declarações feitas contra ele e os ministros Edson Fachin e Luís Roberto Barroso, perguntando quais indícios o ex-presidente tinha para sustentar tais acusações.
— Não tem indício nenhum, senhor ministro, tanto é que era uma reunião para não ser gravada, um desabafo, uma retórica que eu usei. Se fossem outros três ocupando, teria falado a mesma coisa. Então, me desculpem, não tinha essa intenção de acusar de qualquer desvio de conduta dos senhores três — justificou Bolsonaro.