O brasileiro Thiago Ávila foi detido em Israel após tentar romper um bloqueio para enviar ajuda humanitária à Faixa de Gaza. Em resposta à sua prisão, ele iniciou uma greve de fome, conforme relatado pelo grupo Flotilha da Liberdade.
Thiago está sem comer e sem beber água desde as 4h de terça-feira (10) (10h no horário de Brasília). De acordo com o grupo, essa ação é um protesto contra a impunidade em relação às “históricas e subsequentes violações” em Gaza. “Uma decisão extrema, mas necessária“, declarou o grupo em nota oficial.
Os ativistas estão detidos em condições precárias, sem acesso a água potável, segundo a organização. A Flotilha da Liberdade informou que eles foram colocados em alojamentos infestados por percevejos e estão sendo submetidos a privação de sono e ameaças constantes.
Além de Thiago, outros sete ativistas permanecem detidos. Eles foram ouvidos por um juiz terça-feira e são acusados de entrar ilegalmente em território israelense. Segundo a Flotilha da Liberdade, além da deportação, Israel pretende impor um banimento de 100 anos para todos os ativistas que estavam a bordo do barco Madleen.
A lei israelense prevê que cidadãos que “entrem ilegalmente” no país sejam deportados forçadamente após 72 horas, caso não aceitem sair voluntariamente. Portanto, é possível que Thiago e outros ativistas detidos em Israel sejam enviados de volta para casa na madrugada de amanhã.
A defesa dos ativistas alega que a prisão é ilegal. De acordo com a Coalizão da Flotilha da Liberdade, as detenções são arbitrárias e a interceptação do barco dos ativistas não está dentro da lei, já que se tratava de uma missão humanitária. Bloquear ajuda humanitária é considerado um crime de guerra.
Quatro pessoas detidas em um barco já foram repatriadas para seus países de residência, incluindo a ativista Greta Thunberg. O governo israelense divulgou uma imagem da jovem a bordo de um avião, que faria uma escala na França antes de seguir para a Suécia, sua terra natal. Além dela, também foram enviados em voos Baptiste Andre e Omar Faiad, da França, e Sergio Toribio, da Espanha.
Barco foi interceptado no mar e chegou terça-feira a Israel
Thiago Ávila foi preso por Israel ao tentar romper o bloqueio à Faixa de Gaza a bordo do barco Madleen, que foi interceptado em águas internacionais. A embarcação fazia parte da Freedom Flotilla Coalition e levava ajuda humanitária, incluindo arroz e medicamentos. Ao lado de Thiago, estavam a ativista sueca Greta Thunberg e mais 10 passageiros. O governo brasileiro solicitou a libertação imediata da tripulação.
Thiago compartilhou vídeos em seu Instagram, que possui mais de 780 mil seguidores, alertando sobre um possível ataque israelense. Em uma das postagens, declarou: “Estamos para ser atacados pelo mais cruel e odioso exército do mundo“.
Em outra gravação, realizada após perder o contato, afirmou: “Se você está assistindo a este vídeo, quer dizer que fui detido ou sequestrado por Israel“.
A esposa do ativista, Lara, fez um apelo público pedindo sua libertação. “Nós precisamos da ajuda de vocês, que cobrem parlamentares, o Itamaraty, o governo brasileiro“, pediu. Ela e Thiago são pais de Teresa, que tem 1 ano.
A pequena quantidade de ajuda no iate que não foi consumida pelas ‘celebridades’ será transferida para Gaza pelos canais humanitários reais segundo o governo de Israel em nota.
O barco chegou ao porto de Ashdod ao anoitecer, por volta das 20h45 no horário local (14h45 em Brasília). O iate foi escoltado por duas embarcações da marinha israelense e, ao desembarcar, os 12 tripulantes passaram por exames “para garantir que estejam bem de saúde“.
O veleiro da Coalizão da Flotilha da Liberdade, um movimento internacional pacífico de apoio aos palestinos, partiu da Itália no dia 1º de junho. Após uma parada no Egito, a embarcação se aproximou da costa de Gaza.