Cidades do interior de São Paulo e do Paraná lideraram o ranking de desenvolvimento no Brasil ao longo da última década, segundo o mais recente levantamento do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), divulgado nesta quinta-feira pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro. O estudo avalia o desempenho dos municípios brasileiros em três áreas essenciais: saúde, educação e geração de emprego e renda.
A pesquisa examinou dados de 5.550 cidades do país, medindo o avanço nessas áreas entre os anos de 2013 e 2023. Os resultados revelam quais municípios apresentaram os melhores e piores desempenhos combinados nesses indicadores, com base em dados oficiais.
No topo da classificação está Águas de São Pedro (SP), um pequeno município localizado a 187 quilômetros da capital paulista. Com menos de 3 mil moradores, conforme o Censo 2022 do IBGE, a cidade tem apenas 3,61 km² de extensão, sendo o menor município do estado de São Paulo e o segundo menor do Brasil.
Para se ter uma ideia de sua dimensão, Águas de São Pedro é menor que o bairro do Itaim Bibi, na capital paulista, que possui 10 km², de acordo com dados anteriores do IBGE analisados pelo City Population Statistics. O Censo 2022 ainda não divulgou a divisão territorial detalhada dos bairros.
Com índice de 0,9676 em 2023, Águas de São Pedro já liderou o ranking da Firjan em outras quatro edições: 2013, 2016, 2018 e 2021.
As 10 cidades mais desenvolvidas do Brasil segundo o IFDM
- Águas de São Pedro (SP)
- São Caetano do Sul (SP)
- Curitiba (PR)
- Maringá (PR)
- Americana (SP)
- Toledo (PR)
- Marechal Cândido Rondon (PR)
- São José do Rio Preto (SP)
- Francisco Beltrão (PR)
- Indaiatuba (SP)
Curitiba (PR) foi a única capital brasileira a figurar entre os municípios mais bem colocados do país na última década.
Cidades em destaque refletem políticas públicas consistentes
O estudo mostra que, apesar dos bons resultados em algumas cidades da mesma região, não existe uma fórmula única de sucesso.
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Conforme explica Jonathas Goulart, gerente de Estudos Econômicos da Firjan, os municípios bem colocados possuem perfis econômicos distintos e passaram por diferentes gestões ao longo do período analisado. No entanto, segundo ele, um fator comum é a continuidade de políticas públicas eficientes.
É fruto de bons gestores ao longo da década conclui Jonathas
No caso de Águas de São Pedro, o destaque está no turismo como principal atividade econômica, além de investimentos contínuos em educação e saúde.
É um bom município. Os resultados em saúde e educação são visíveis, mas você só consegue ter um resultado efetivo depois de um bom tempo. Você forma professores, investe na rede, e isso só aparece como boa nota no Ideb anos depois explica Goulart
Regiões Norte e Nordeste enfrentam graves desigualdades
Na outra extremidade do ranking, municípios das regiões Norte e Nordeste registraram os piores índices de desenvolvimento. Segundo os economistas da Firjan, essa é uma tendência persistente ao longo dos últimos dez anos.
As 10 cidades com pior desempenho socioeconômico
- Ipixuna (AM)
- Jenipapo dos Vieiras (MA)
- Uiramutã (RR)
- Jutaí (AM)
- Santa Rosa do Purus (AC)
- Oeiras do Pará (PA)
- Fernando Falcão (MA)
- Limoeiro do Ajuru (PA)
- Melgaço (PA)
- Curralinho (PA)
Goulart destaca que esses municípios historicamente permanecem nas últimas posições devido a uma série de fatores estruturais.
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Muitos enfrentam sérias limitações em infraestrutura, ausência de profissionais qualificados nas áreas de saúde e educação e um mercado de trabalho extremamente frágil.
Eles têm um mercado de trabalho incipiente, com atividade econômica fraca. Falta médico. Têm mais internações pelo saneamento inadequado. Falta professor, falta escola, os alunos têm notas ruins, os professores não têm formação adequada… Isso retrata de maneira clara o que não conseguimos visualizar só olhando os números
Isolamento e falta de infraestrutura agravam cenário
Marcio Felipe Afonso, também especialista em Estudos Econômicos da Firjan, ressalta que, além da falta de serviços básicos, essas localidades enfrentam obstáculos geográficos que agravam ainda mais a situação.
São regiões mais afastadas, de difícil acesso. Elas têm infraestrutura inadequada, e enfrentam a dificuldade de ter médicos que queiram ir lá. A saúde básica fica comprometida
Dados da pesquisa indicam que 249 municípios brasileiros apresentam níveis críticos de desenvolvimento, com falta de profissionais, saneamento precário e ausência de empregos formais. Nessas cidades, as internações por doenças relacionadas à ausência de saneamento básico são até 20 vezes mais frequentes.
Além disso, mais de 60 milhões de brasileiros vivem em locais com menos de um médico por mil habitantes. Isso significa que aproximadamente 26,7% da população nacional reside em cidades com estrutura precária e limitações severas para garantir qualidade de vida.
