Como resultado de uma junção de fatores, os bairros de Maceió foram abandonados pelos próprios moradores!
Escondidos dos holofotes e fotos turísticas, há bairros em Maceió, a capital de Alagoas, que foram completamente abandonados por conta da mineração de sal-gema, que tem afundado o solo e trazido a sensação de um cenário pós-guerra catastrófico. Segundo a BBC, o local tem diversas casas destruídas, muros pichados e ruas vazias, que ficaram famosas por ser uma típica “cidade-fantasma”, em contraste com as belezas impressionantes de outros locais da região.
Tudo começou em 2018, quando as pessoas começaram a perceber o afundamento dos bairros depois de uma chuva torrencial, em que houve tremor da terra de 2,4 pontos na escala Richter. Apesar de pouco, isso foi suficiente para instaurar o caos nos moradores. O resultado foram danos em algumas casas, que registraram rachaduras, além de fissuras nas ruas. O primeiro a perceber o estrago foi o bairro do Pinheiro, um dos mais tradicionais da cidade, que abrigava moradores de classe média, localizado na área central da capital.
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Logo depois, os danos também foram sentidos nos bairros de Bebedouro, Mutange, Bom Parto e Farol. No mesmo ano, o processo de desocupação da área começou de forma voluntária, com as famílias deixando o bairro de Pinheiros. O bairro onde havia casas e prédios de classe média e alguns de luxo foi completamente desocupado; um hospital também precisou se mudar.
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Conforme a BBC, em janeiro de 2019, o governo federal liberou um auxílio de mil reais para pagar o aluguel de vítimas do estrago. Já em maio, foi confirmado pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) que a mineração era a causa do afundamento, e com estudos posteriores, foi observado que o problema era maior do que o esperado, pois o mapa de risco foi ampliado para os bairros de Bebedouro, Bom Parto e Mutange. Estes eram ocupados por moradores de classe média baixa e baixa, que tiveram de desocupar suas casas por riscos de afundamento abrupto do solo.
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No fim, segundo o jornal Estado de Minas, mais de 17 mil pessoas precisaram deixar suas casas em Maceió por causa do fenômeno geológico. Na “cidade-fantasma”, o afundamento do solo destrói prédios, “engole” ruas e derruba paredes. Sendo assim, desde 2018, o cenário dos bairros, que eram bonitos e bem estruturados, deu espaço para o fechamento de prédios públicos e até mesmo saques em residências que foram abandonadas.
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Quem mais sofreu com a transformação dos bairros foram os moradores, que foram lesados e durante um período precisaram conviver com simulados de evacuação de imóveis, fendas enormes abertas no asfalto, tornando as ruas intransitáveis, além de cortes temporários de energia. Com erosões e rachaduras, não há mais nada funcionando no local, ficando completamente abandonado e ganhando ares de “cidade-fantasma”.
O que aconteceu?
Após pesquisas, o Serviço Geológico do Brasil apontou que o afundamento do solo tinha relação com a empresa Braskem, de mineração, que tinha aberto 35 minas no subsolo para extração de sal-gema durante quatro décadas. Os bairros Bebedouro, Bom Parto e Mutange ficam às margens da lagoa Mundaú, onde estava localizada a maioria das minas perfuradas pela empresa.
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Ainda segundo a BBC, a Braskem rebateu o laudo inicial, mas depois recuou e passou a bancar os custos dos aluguéis e mudanças que os moradores precisavam fazer. Assim, ela criou um plano de desocupação que indeniza moradores e comerciantes, além de trabalhar no fechamento das minas.
Segundo o jornal Estado de Minas, a empresa pagou cerca de R$ 713 milhões em indenizações, auxílios financeiros e honorários de advogados.