Rodrigo inaugurou o local, mas ficou desolado quando percebeu que nenhum cliente entrou na esfiharia. O desabafo nas redes sociais fez o negócio viralizar.
O sonho de abrir um negócio próprio faz parte da vida de milhões de brasileiros que buscam driblar a inflação e a crise econômica oferecendo produtos feitos artesanalmente. A quantidade de pessoas autônomas no país aumentou nos últimos anos, como apontam dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): 25,4 milhões de brasileiros trabalham por conta própria, apontando um recorde da série histórica.
Os cortes de vagas em empregos com carteira assinada e a taxa de desemprego no país denotam a necessidade de muitas pessoas precisarem criar estratégias para sobreviver, o que inclui o trabalho autônomo. São muitos os cidadãos que abrem um negócio na esperança de conseguir arcar com as despesas da família e melhorar o padrão de vida.
Para Rodrigo Neves, encarregado de liderar a segunda unidade da esfiharia Godines, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, tudo corria bem. A inauguração estava marcada para o dia 7 de fevereiro, e ele conta, segundo reportagem da TV São Bernardo, que estava ansioso para esse momento. Acordou às 7h para comprar os insumos que faltavam no estabelecimento e às 17h30 ele e sua equipe prepararam a massa e os recheios.
O rapaz de 24 anos explica que fez a divulgação pelas redes sociais e esperava que as pessoas comparecessem ao local, que abriu às 18h30 do mesmo dia. Porém, nenhum cliente apareceu, o que abalou o gerente, já que o trabalho para abrir o restaurante e preparar todos os alimentos tinha sido grande.
Rodrigo desabafou em sua conta pessoal do Twitter, dizendo que a inauguração da sua esfiharia era um sonho antigo, mas infelizmente ninguém tinha aparecido. Mostrando força em um momento tão delicado, ele disse que acreditava nos planos de Deus e que jamais ia desistir de fazer a esfiharia funcionar.
Direitos autorais: reprodução Twitter/ @nevesguigo
Em pouco tempo, Rodrigo viu a sua publicação viralizar, e em poucos minutos já tinha mais de 500 curtidas. A postagem já ultrapassou os 240,8 mil likes, e o que era apenas um desabafo, virou a solução para a tristeza. No dia seguinte, muitas pessoas foram à esfiharia, sensibilizadas pelas palavras do gerente, incluindo desconhecidos.
Rodrigo conta que chegou a vender 304 esfihas naquele dia, que custam entre R$ 5 e R$ 7, um recorde de vendas que ele não esperava. A surpresa não poderia ser melhor, e veio junto com o trabalho dobrado, que só rendeu bons sentimentos e a certeza de que está no caminho certo.
Trabalho e profissionalismo
O jovem começou a trabalhar na primeira unidade da esfiharia em 2018, e conta que, em seu primeiro dia de trabalho, pegou um dos maiores movimentos da história do restaurante. Com orgulho, ele deu conta do serviço — era responsável por tirar as esfihas do forno, encaminhando-as ao delivery.
O comprometimento com o trabalho rendeu frutos, e em apenas quatro meses ele se tornou responsável por todo o setor de produção de esfihas. No ano passado, aproveitando o empenho do funcionário, Rogério Fernandes, fundador da marca Godines, informou que estava planejando abrir uma segunda unidade e queria que Rodrigo fosse o gerente.
Sem conseguir acompanhar de perto o andamento da unidade, o dono passou para Rodrigo a função de tomar conta de tudo. Com a pandemia da covid-19, o estabelecimento ficou funcionando apenas por delivery, mas a vacinação da população fez os animou a abrir o espaço para consumação.