Com o fim de janeiro e a chegada de fevereiro, muitos viajantes ainda buscam destinos para explorar. No entanto, há lugares que, mesmo sendo incrivelmente belos, sofrem com o turismo excessivo e os impactos negativos causados pela alta demanda.
Pensando nisso, o portal Fodors elaborou uma lista de locais que, apesar de serem deslumbrantes e culturalmente importantes, estão enfrentando desafios graves devido ao fluxo de turistas.
Chamado de “No List”, o ranking destaca destinos que estão entrando em colapso por conta do turismo descontrolado.
O objetivo da lista não é desencorajar totalmente os visitantes, mas sim conscientizar sobre os problemas enfrentados por essas localidades e incentivar práticas de turismo responsável. Segundo a publicação:
Os destinos apresentados na No List merecem a fama e a adoração que recebem. Eles são dignos do seu tempo e dinheiro. No entanto, os inúmeros desafios que eles enfrentam são reais e urgentes
A seguir, confira os 15 destinos listados pelo Fodors e os principais motivos pelos quais estão sendo desaconselhados para viagens em 2025.
15 destinos que estão sofrendo com o turismo em massa
Bali, Indonésia
O turismo acelerado e a urbanização descontrolada em Bali vêm destruindo ecossistemas naturais e degradando sua cultura.
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A ilha enfrenta um grande problema ambiental, com aumento da poluição e um verdadeiro “apocalipse plástico”, comprometendo suas praias e florestas. Além disso, a economia local depende fortemente do turismo, criando um ciclo de dependência que dificulta qualquer tentativa de regulação sustentável.
Koh Samui, Tailândia
Após a pandemia, Koh Samui voltou a receber grandes volumes de turistas, atingindo 3,4 milhões de visitantes no último ano. Com o aumento de popularidade impulsionado por séries como The White Lotus, a expectativa é que esse número cresça ainda mais.
A infraestrutura da ilha, porém, não acompanha esse crescimento, o que resulta em problemas ambientais sérios, como o acúmulo de 200 mil toneladas de resíduos em aterros sanitários e a expansão urbana desordenada, que ameaça suas paisagens naturais.
Monte Everest, Nepal
Conhecido como o pico mais alto do mundo, o Monte Everest é um destino de prestígio para alpinistas, mas enfrenta um problema crescente de superlotação e degradação ambiental.
A alta demanda por expedições turísticas transformou as pequenas vilas da região em centros comerciais e hoteleiros. Como resultado, toneladas de lixo e fezes humanas acumulam-se ao longo das trilhas e encostas da montanha, tornando a experiência cada vez mais desgastante tanto para os visitantes quanto para as comunidades locais.
Estima-se que cerca de 30 toneladas de lixo sejam deixadas na montanha a cada temporada, enquanto 790 toneladas de resíduos são geradas diariamente durante o período de maior movimento.
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Agrigento, Sicília – Itália
A cidade histórica de Agrigento, na Sicília, será a Capital Italiana da Cultura em 2025, o que deve atrair ainda mais turistas. No entanto, a região já enfrenta uma grave crise hídrica, que pode ser agravada pelo aumento no fluxo de visitantes.
Os moradores da cidade convivem com racionamento de água há décadas, dependendo de caminhões-pipa para suprir suas necessidades básicas. A combinação de mudanças climáticas e seca prolongada tornou a situação ainda mais crítica, colocando em risco tanto a população local quanto os monumentos históricos da região.
Ilhas Virgens Britânicas
O turismo de cruzeiros domina a economia das Ilhas Virgens Britânicas, mas grande parte da receita gerada pelos visitantes não chega à população local. Isso tem gerado descontentamento, já que, apesar do alto fluxo de turistas, o desenvolvimento da infraestrutura é lento.
Há 13 anos, a região aguarda um plano de turismo mais estruturado, o que deixou os moradores céticos sobre melhorias futuras. Enquanto isso, a ênfase na indústria de cruzeiros aumenta os impactos ambientais e econômicos, sem benefícios significativos para os residentes.
Kerala, Índia
O turismo em Kerala cresceu rapidamente, trazendo consigo impactos negativos severos. O desenvolvimento desordenado em algumas regiões bloqueou fluxos naturais de água, elevando os riscos de deslizamentos de terra e intensificando os danos causados por desastres naturais.
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Em 2023, o estado recebeu 21,8 milhões de turistas nacionais e 649.057 visitantes estrangeiros, um número recorde. Embora o turismo contribua com 10% do PIB local, esse crescimento acelerado sobrecarrega os ecossistemas e prejudica comunidades que antes desfrutavam de um ambiente mais equilibrado.
Kyoto e Tóquio, Japão
O Japão tem enfrentado um fenômeno conhecido como “Kankō kōgai”, que pode ser traduzido como “poluição turística”. O aumento descontrolado de visitantes, especialmente estrangeiros (gaijin), tem causado superlotação, dificuldades no acesso a serviços e aumento do custo de vida.
Locais históricos, como os templos de Kyoto, estão constantemente lotados, tornando a experiência desagradável tanto para turistas quanto para os moradores, que sentem sua cultura sendo invadida e modificada pelo excesso de estrangeiros.
Oaxaca, México
O overtourism em Oaxaca vem gerando crescente insatisfação entre os moradores. Protestos e manifestações já ocorreram em várias partes do estado, com queixas de que a cultura local está sendo explorada comercialmente enquanto a população enfrenta aumento das desigualdades sociais e danos ambientais.
A situação se agravou ainda mais após a passagem da tempestade Agatha, que deixou impactos severos na infraestrutura da região. Apesar disso, o turismo segue sem controle, sobrecarregando a economia local e criando tensões sociais.
North Coast 500, Escócia
A North Coast 500 (NC500) é uma rota turística que percorre as Terras Altas do Norte da Escócia, passando por vilas pitorescas, castelos e paisagens naturais impressionantes. Criada em 2015 e impulsionada por investimentos do Rei Charles III, a NC500 rapidamente se tornou um dos destinos mais procurados do Reino Unido.
No entanto, a popularidade crescente trouxe problemas, como congestionamento intenso, aumento dos acidentes de trânsito e atrasos para os moradores. Além disso, as estradas locais não foram projetadas para suportar um volume tão alto de veículos, tornando o trânsito perigoso e desgastante.
Barcelona, Maiorca e Ilhas Canárias, Espanha
O descontentamento com o turismo em massa tem levado os espanhóis a protestar. Em Barcelona, moradores chegaram a usar pistolas de água para dispersar turistas, enquanto em Maiorca e nas Ilhas Canárias, manifestações criticam a crescente especulação imobiliária.
Atualmente, a cidade de Barcelona conta com mais de 10 mil propriedades de aluguel licenciadas em plataformas como Airbnb, e o impacto disso é um aumento de 68% no valor dos aluguéis na última década, tornando a vida local cada vez mais cara.
Veneza, Itália
Apesar de ser um dos destinos turísticos mais icônicos do mundo, Veneza tem enfrentado desafios cada vez maiores com a superlotação. A cidade tentou conter o fluxo de visitantes ao criar uma taxa de entrada para turistas de um dia, mas muitos moradores acreditam que a medida não será eficaz.
A situação se tornou tão crítica que Veneza já esteve na No List da Fodors em 2018, 2023 e agora novamente em 2024 e 2025. Os impactos ambientais, a deterioração da infraestrutura e a exclusão dos moradores locais são desafios que permanecem sem solução.
Lisboa, Portugal
Lisboa enfrenta uma grave crise habitacional. Estima-se que 60% das moradias na capital portuguesa sejam alugadas para turistas, reduzindo drasticamente a oferta de moradias para residentes locais.
Esse fenômeno fez com que Lisboa fosse classificada como a terceira cidade mais financeiramente inviável do mundo, devido ao alto custo de vida. Desde 2013, a capital portuguesa já perdeu aproximadamente 30% de sua população, pois muitas famílias não conseguem mais arcar com os custos de moradia.
Como viajar de forma responsável?
A superlotação turística se tornou um problema global, afetando tanto os moradores locais quanto os visitantes que desejam desfrutar desses destinos sem grandes dificuldades. No entanto, existem maneiras de viajar com consciência e responsabilidade.
Para minimizar os impactos do overtourism, considere:
- Escolher épocas de baixa temporada para visitar destinos populares.
- Valorizar negócios locais em vez de grandes redes internacionais.
- Respeitar a cultura local, evitando comportamentos que possam desrespeitar tradições e regras.
- Evitar contribuir para o mercado de locações turísticas que expulsa moradores.
- Reduzir seu impacto ambiental, descartando lixo corretamente e minimizando o consumo de recursos naturais.
A viagem sustentável não significa deixar de conhecer o mundo, mas sim garantir que esses destinos permaneçam preservados para as futuras gerações.
