Ando perdendo muita coisa nos últimos tempos.
Não são mais os óculos, os brincos e as chaves. Estou perdendo é a compostura.
Ando largada demais, largando de vez. Deixando estar por estar, deixando velhos hábitos de lado.
Ando perdendo a cabeça, costumo algumas vezes encontrá-la nos “inspire e expire” momentâneos da vida.
Perdi a paciência comigo, com muitos detalhes, com coisas que dão errado, com gente que me testa, com atitudes insensatas, inclusive as minhas.
Ando perdendo peso. Aquele na consciência. Tenho perdido a mania de achar que eu tenho razão e de querer provar qualquer coisa para alguém. Nem provo mesmo. Só se for doces, licores e beijos.
Ando perdendo as contas de quanta coisa deixei de fazer e perdendo o medo de fazê-las.
Tenho perdido filmes, fotos, fatos. Já percebi que perdi a credulidade e a fé diante de algumas questões humanas.
Ando perdendo a noção do ridículo. Se eu estou com os amigos então, nem faço questão de encontrá-la.
Tenho perdido tempo ao não dizer que amo, que curto, que erro, que preciso de abraços.
Eles são reconfortantes, principalmente, nas perdas.
Ando perdendo alguns “parafusos” e as peças de reposição. Perdendo a piada e a oportunidade de ficar quieta. Já perdi ao dizer não, quem sabe ou pode ser.
Tenho perdido pessoas, despedidas, apoio e apostas.
Ando perdendo a vontade de ser sempre presente, de estar sempre disposta e de continuar acreditando em tudo o que me falaram.
Tenho perdido as palavras nas emoções mais fortes. Perdido a vontade de voltar para a casa. De ser tão eu quando quero ficar na sua.
São tantas perdas que parece que me perdi de mim. Mas sabe o que eu acho? Que tudo vai valer a pena quando eu não tiver mais nada a perder.