Uma enfermeira especialista em cuidados paliativos compartilhou uma observação marcante: muitos pacientes realizam um gesto característico pouco antes de falecer.
Profissionais que atuam nesse setor frequentemente vivenciam situações emocionalmente intensas, mas, como relata essa enfermeira, também há espaço para o que ela chama de momentos “místicos”.
Essas situações desafiam a lógica médica e proporcionam reflexões profundas sobre o processo de morrer, tema que ainda é cercado de tabus em muitas culturas.
Katie Duncan, que atua no estado de Maryland, nos Estados Unidos, se apresenta como uma “treinadora de cuidados funerários” e enfermeira, com a missão de proporcionar mais conforto e tranquilidade a quem está prestes a partir, tornando esse processo o mais sereno possível para os pacientes.
Seu trabalho também inclui educar famílias sobre como lidar com a perda e o luto, oferecendo suporte emocional em um dos momentos mais difíceis da vida.
Um fenômeno comum e inexplicável
Após anos trabalhando em unidades de terapia intensiva, assistência paliativa domiciliar e outras instituições, Katie conseguiu identificar padrões e comportamentos recorrentes em pessoas próximas da morte.
Ela afirma que tais manifestações não são exceção, mas ocorrem com frequência surpreendente, reforçando a ideia de que o processo de morte possui dimensões que vão além do físico.
Entre esses “fenômenos inexplicáveis”, destaca-se um movimento curioso: pacientes que, de repente, estendem os braços para cima, como se buscassem o céu ou o teto.
De acordo com Katie, essa ação frequentemente parece demonstrar que a pessoa está “tentando alcançar algo” ou “segurar algo acima de si”.
Esse movimento, segundo relatos de outros profissionais da saúde, também já foi observado em diversas culturas e contextos, sugerindo uma experiência comum no processo do fim da vida, independentemente da religião ou crença pessoal.
Por que esse gesto acontece?
Embora não exista uma explicação definitiva para esse comportamento, Katie compartilha sua própria interpretação, baseada na experiência direta com pacientes em fim de vida.
Na minha experiência pessoal trabalhando com pessoas que estão morrendo, esse desejo de alcançar alguém ou algo acima delas é muito comum explicou ela em um vídeo publicado no TikTok
“Você literalmente verá a pessoa se esticar e quase parecer que está tentando tocar ou segurar a mão de alguém.”
Katie acrescenta que esse gesto, muitas vezes, está associado às chamadas visões ou experiências de fim de vida — momentos em que o paciente verbaliza estar vendo alguém ou alguma coisa. Essas visões são objeto de estudo há anos.
Pesquisadores como o Dr. Christopher Kerr, médico de cuidados paliativos, já documentaram diversos casos em que pacientes relataram ver entes queridos ou figuras espirituais pouco antes da morte, descrevendo tais experiências como confortantes e serenas.
O encontro com entes queridos e visões de luz
Segundo a enfermeira, essas experiências são similares aos relatos de pacientes gravemente enfermos que dizem ter visto um “anjo” ou uma “luz brilhante” ao se aproximarem do fim.
“Muito comumente, é um ente querido, um familiar, um animal de estimação, alguém que já morreu”, continuou Katie.
“E a pessoa que está morrendo está verbalizando que está vendo essa pessoa.”
Porém, nem sempre há verbalização.
“Às vezes, você vê uma pessoa estender a mão e ela não diz nada”, explicou.
Esse tipo de relato reforça a importância do aspecto espiritual no cuidado paliativo, área que busca garantir qualidade de vida e dignidade até o fim, não apenas tratar sintomas físicos.
Uma experiência que transmite paz
Refletindo sobre esse movimento de alcance, tão frequente em pacientes moribundos, Katie compartilhou sua visão sobre esse fenômeno:
É uma daquelas partes místicas do processo de morte que podemos testemunhar
Segundo ela, na maioria dos casos, a pessoa não aparenta estar em dor ou sofrimento. Além disso, experiências e visões de fim de vida costumam trazer profunda paz e conforto para quem está partindo.
Na maioria das vezes, a pessoa não parece estar com dor ou sofrimento, e também sabemos que outras visões e experiências de fim de vida tendem a trazer muita paz e conforto à pessoa que está morrendo
Katie conclui que, no geral, trata-se de algo positivo e consolador. Ela ressalta que essas manifestações devem ser acolhidas com respeito e empatia, especialmente pelos familiares que acompanham os últimos momentos de seus entes queridos.
Repercussão nas redes sociais
O relato de Katie rapidamente repercutiu nas redes sociais, onde muitos usuários expressaram admiração e compartilharam experiências pessoais semelhantes. Essas interações mostram como o tema da morte, embora delicado, também desperta reflexões profundas e humaniza a experiência do fim da vida.
Uma pessoa comentou: “Este é o meio termo. Que privilégio testemunhar.”
Outro usuário relatou: “Meu pai conseguia levantar os dois braços. Antes disso, ele não conseguia nem levantar os braços.”
Um terceiro resumiu: “É o céu que eles estão buscando.”
Já outro compartilhou: “Quando presenciei isso, não quis incomodá-lo de jeito nenhum. Foi uma experiência realmente especial.”
Esse tipo de relato reforça a importância de se falar mais abertamente sobre o processo de morrer, reconhecendo não apenas os aspectos médicos, mas também os emocionais e espirituais que cercam esse momento inevitável da existência humana.
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