A influência da pornografia sobre a sexualidade masculina continua sendo um tema amplamente discutido entre profissionais da saúde sexual.
Embora muitos homens se sintam experientes ou confiantes na cama, diversos especialistas apontam que grande parte desse suposto repertório vem de imagens distorcidas, baseadas em fantasias repetitivas e roteiros rígidos difundidos pela indústria pornográfica.
O reflexo disso é percebido, sobretudo, em relações heterossexuais, que acabam sendo afetadas por expectativas irreais e comportamentos mecânicos.
Segundo sexólogos, essa influência pode provocar uma série de equívocos nos encontros íntimos, que vão desde a ausência de conexão até problemas de autoestima e desempenho.
A seguir, listamos os erros mais comuns identificados nos consultórios e apontamos caminhos para relações mais saudáveis e conectadas.
Erros recorrentes na vida sexual dos homens
1. Acreditar que já sabe tudo sobre sexo
Muitos homens partem do princípio de que sexo é algo instintivo e que não requer aprendizado. Essa percepção limita o desenvolvimento de uma vivência sexual mais rica e consciente.
A pornografia reforça esse pensamento ao oferecer cenas que parecem naturais, mas que seguem roteiros ensaiados. O resultado é a crença de que “saber transar” não exige reflexão nem troca real com a parceira.
2. Ignorar as preliminares e o envolvimento emocional
Outro erro comum é imaginar que o sexo pode acontecer sem vínculo ou entrega emocional. Mesmo em relações casuais, o envolvimento sensorial e emocional está presente. A pornografia, no entanto, mostra cenas em que o contato é direto e sem contexto, desprezando a importância das preliminares.
Com isso, muitos homens deixam de estimular o corpo da parceira, negligenciando zonas erógenas e o processo de excitação mútua.
3. Reduzir o sexo à penetração
Uma das ideias mais difundidas pelos filmes adultos é a centralidade da penetração no sexo. Muitos homens acreditam que precisam manter uma ereção constante e que o orgasmo feminino será atingido apenas dessa forma.
No entanto, pesquisas mostram que a maioria das mulheres não chega ao orgasmo exclusivamente pela penetração. Essa visão genitalizada empobrece a experiência sexual e gera frustração em ambos os lados.
4. Usar saliva como substituto de lubrificante
Um comportamento frequentemente reproduzido nos vídeos adultos é o uso da saliva como lubrificante. Essa prática, além de desconfortável para muitas mulheres, pode causar irritações e não garante a lubrificação adequada.
Mesmo assim, é tratada como algo comum, o que faz com que muitos homens a reproduzam sem considerar o desconforto da parceira.
5. Comparar o desempenho com atores de filmes adultos
Um equívoco recorrente é a comparação do próprio desempenho com o que se vê nas telas. Isso pode gerar insegurança, ansiedade e, em casos mais graves, disfunções sexuais.
A ausência de ereção muitas vezes está ligada a um pico de adrenalina causado pela pressão de performar explicam especialistas
A pornografia vende uma performance idealizada, com ereções duradouras e penetrações intermináveis, que não correspondem à realidade da maioria das pessoas.
6. Seguir um roteiro fixo e previsível
Por fim, muitos homens internalizam a ideia de que o sexo segue um roteiro predefinido, como nos filmes adultos. A sequência é quase sempre a mesma: ereção, penetração e ejaculação como ponto final.
Essa linearidade desconsidera que a excitação pode surgir de diversos estímulos e que o prazer da mulher não se resume à estimulação de uma única área. O sexo, na vida real, é mais fluido, cheio de nuances, e não deve ser reduzido a uma fórmula.
Novas perspectivas para o prazer
Rever esses comportamentos é essencial para construir experiências mais satisfatórias e respeitosas. O diálogo com a parceira, a escuta ativa, o autoconhecimento e a disposição para aprender são passos fundamentais.
Para os profissionais da área, a desconstrução desses padrões exige tempo, mas pode transformar positivamente a vida sexual e emocional dos homens.