Se você achou que os três longos atos de Oppenheimer já testaram sua paciência no cinema, prepare-se para algo realmente inimaginável. Existe um filme que supera qualquer duração conhecida e exige um comprometimento que poucos ousariam tentar.
Trata-se de Logística, uma produção sueca de 2012, criada por Erika Magnusson e Daniel Andersson, que levou o conceito de cinema experimental a outro nível.
Este filme, com duração impressionante de 51.420 minutos, equivale a 857 horas, ou seja, 35 dias e 17 horas. Isso significa que, para concluí-lo, seriam necessárias cerca de cinco semanas de exibição contínua.
O longa é uma jornada em tempo real que explora o ciclo de produção de um pedômetro, apresentado em ordem cronológica inversa, desde a loja onde é vendido até a fábrica na China onde foi fabricado.
A proposta por trás de Logística
A ideia para Logística surgiu em 2008, quando os criadores Magnusson e Andersson decidiram investigar a origem dos dispositivos eletrônicos modernos. O resultado foi um filme que documenta, em tempo real, o processo de produção e transporte de um único pedômetro.
A jornada começa em uma loja em Estocolmo, na Suécia, e segue até a fábrica na China, passando por diversas cidades e portos importantes, como Insjön, Gotemburgo, Bremerhaven, Roterdã e Málaga.
A proposta do filme era retratar, sem cortes, cada etapa dessa cadeia produtiva, destacando as complexidades logísticas que tornam possível o consumo moderno.
Por que tão longo?
Diferente de produções convencionais, Logística foi gravado em tempo real, capturando cada momento da jornada. A abordagem experimental buscava oferecer uma experiência imersiva e única para o público, incentivando reflexões sobre a origem dos produtos que consumimos diariamente.
Apesar da proposta intrigante, a duração extrema do filme torna quase impossível para alguém assisti-lo de uma só vez – ou mesmo concluí-lo. Até mesmo cinéfilos apaixonados encontram dificuldades em encarar um compromisso tão monumental.
Reações dos espectadores
Dada sua duração absurda, Logística não possui muitas críticas formais ou avaliações completas. No entanto, algumas reações dos espectadores no IMDb oferecem um olhar humorístico sobre a experiência de tentar assistir ao filme.
“Vi este filme nos cinemas, apesar de ter trabalho no dia seguinte. Não saí do cinema até as 4:39 da manhã um mês depois e fui demitido,” brincou um usuário.
Ele continuou: “O filme estava ok. Não valeu o ingresso de US$ 12.000 com lanches grátis incluídos.”
Outro espectador, com igual sarcasmo, descreveu sua jornada:
“Para ser honesto, por volta do dia 17, hora 2, eu estava me perguntando quando este filme iria engrenar, mas com certeza, por volta do dia 24, hora 17, ele simplesmente ficou louco. Meus cumprimentos aos cineastas e a todos os atores. Consegui ir ao banheiro apenas duas vezes durante o filme.”
Embora essas avaliações sejam claramente exageradas e humorísticas, elas refletem o impacto cultural e a peculiaridade da proposta de Logística.
Um filme para poucos – ou nenhum?
Apesar de sua proposta única, Logística permanece amplamente desconhecido, exceto por aqueles curiosos ou interessados no cinema experimental. Sua duração desafiadora torna-o quase impossível de ser consumido na íntegra, mesmo para os críticos mais dedicados.
Até o momento, não há dados que indiquem quantas pessoas concluíram o filme de forma oficial, mas sua existência continua sendo um exemplo fascinante de como o cinema pode explorar conceitos e formatos não convencionais.
Reflexão final
Embora assistir a Logística seja uma tarefa hercúlea, sua proposta levanta questões importantes sobre o consumo moderno, a produção industrial e a logística global. O filme convida o público a refletir sobre o esforço envolvido na fabricação de produtos aparentemente simples, como um pedômetro, e como estamos desconectados dessas realidades.
No entanto, fica o aviso: se você decidir encarar o desafio de assistir a Logística, reserve bastante tempo – e talvez algumas semanas livres. Afinal, trata-se de uma maratona que poucos ousam tentar, mas que com certeza deixa uma marca única na história do cinema experimental.