O ator Gabriel Stauffer revelou que se afastou da igreja após uma experiência familiar que abalou profundamente sua relação com a fé.
Durante participação em um podcast, ele contou como reagiu quando soube que seu pai havia assumido sua orientação sexual.
“Fiquei muito confuso. Como um Deus, pai de todos, poderia preparar um inferno para o meu pai? Como que eu vou acreditar num Deus que preparou um lugar para o meu pai e mais um monte de gente ser chicoteada pela eternidade? Comecei a me indagar sobre essas coisas e parei de acreditar nisso. Prefiro amar incondicionalmente meu pai do jeito que ele é, assim como amo a minha mãe, minha irmã, meus sobrinhos”, desabafou o ator.
Revelação familiar fortaleceu vínculos e gerou acolhimento
Segundo Gabriel, o momento de revelação aconteceu em 2017, logo após seu pai enfrentar uma cirurgia de risco. Na ocasião, ele decidiu contar aos filhos sobre sua verdadeira orientação sexual. Desde então, a família permaneceu unida, demonstrando apoio e compreensão. O ator também falou sobre a convivência positiva com o companheiro do pai.
“Foi muito impactante pra mim e importante também. Hoje fico feliz e grato pelo meu pai ter contado isso pra gente, ter conseguido falar”, declarou Gabriel.
Superar o preconceito e valorizar a coragem
Em sua fala, Gabriel reconheceu a coragem do pai por se assumir em um ambiente ainda marcado por preconceitos e padrões rígidos.
Para ele, o gesto foi não apenas um ato de coragem pessoal, mas também um exemplo de honestidade e libertação em uma sociedade que ainda marginaliza homens mais velhos que fogem dos modelos tradicionais.
Para um homem, numa sociedade que a gente vive, que ainda é machista e tem muito preconceito, um homem mais velho conseguir falar isso pra mulher, para os filhos, pra sociedade, acho que muito especial e necessário. Às vezes, a gente se afasta do que a gente é, dos nossos desejos, por inúmeros motivos, e acabamos nos afastamos de quem somos refletiu o ator
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Vivência inspira projeto sobre identidade e afeto
A experiência pessoal de Gabriel não apenas ressignificou suas crenças, como também o motivou a transformar essa história em arte. Ele revelou que está desenvolvendo um livro e um monólogo baseados nessa vivência, com o objetivo de ampliar o debate sobre aceitação, identidade e afeto.
O projeto está em andamento e promete oferecer uma abordagem sensível e profunda sobre temas que ainda enfrentam resistência social.
Aos 36 anos, o ator destacou que sua trajetória nas artes começou dentro do ambiente religioso. Foi na igreja que ele teve os primeiros contatos com teatro, música e circo. Com o passar do tempo, no entanto, passou a questionar os ensinamentos recebidos.
Espiritualidade como jornada pessoal
Hoje, Gabriel afirma que continua cultivando a espiritualidade, mas de uma forma mais individual e desconectada das estruturas religiosas institucionais.
Para ele, o conceito de Deus também passou por transformações importantes ao longo dos anos.
Acho que espiritualidade é diferente de religião e é uma busca individual. Eu continuo orando, pedindo, vibrando, me relacionando com um deus, porque preciso disso. Mas um Deus que é diferente daquele que aprendi dentro da igreja. Se transformar exige coragem, enfrentar seus medos. É doloroso e delicioso. E é uma busca que vai durar enquanto eu existir concluiu
A história de Gabriel Stauffer reflete os conflitos e as transformações enfrentadas por muitos que buscam conciliar fé, amor e identidade em um mundo ainda marcado por julgamentos.
Seu relato reforça a importância do diálogo, da empatia e da liberdade de ser quem se é, mesmo diante das expectativas impostas pela sociedade.