Para muitos, um simples copo de vinho é apenas uma forma de relaxar. No entanto, para Simon Bowler, um professor de tênis de 50 anos do Reino Unido, essa experiência comum se tornou o primeiro indício de uma doença grave.
Em outubro de 2023, após beber apenas uma taça, Simon notou algo muito estranho: ficou embriagado de maneira incomum e rápida. Esse efeito acelerado do álcool, um sintoma pouco conhecido, foi seu primeiro sinal de que algo não estava certo com sua saúde.
Simon estava habituado a consumir uma garrafa de vinho inteira sem sentir grandes efeitos. No entanto, naquele dia, a pequena quantidade foi suficiente para provocar uma sensação de tontura e confusão mental, que ele descreveu como uma “névoa na cabeça”.
Além disso, sua visão ficou turva. Esse episódio incomum chamou sua atenção, especialmente porque coincidiu com a descoberta de um caroço em seu pescoço.
Preocupado, Simon decidiu procurar um médico. Inicialmente, os profissionais de saúde consideraram o caroço apenas um cisto inofensivo. Contudo, o professor, atento à sua recente experiência com o vinho e aos outros sintomas, insistiu em investigações mais aprofundadas.
Sua persistência foi crucial. Dias depois, a caminho do trabalho, ele recebeu um telefonema urgente do médico, pedindo que parasse o carro. A notícia era devastadora: os exames suspeitavam de câncer.
Testes adicionais confirmaram o pior. O que parecia ser um simples cisto revelou-se um melanoma maligno. O melanoma é um tipo de câncer de pele que ocorre quando os melanócitos, as células que produzem pigmento, começam a crescer descontroladamente.
De acordo com a American Cancer Society, embora menos comum que outros tipos de câncer de pele, o melanoma é mais perigoso devido à sua alta probabilidade de se espalhar para outras partes do corpo se não for tratado precocemente.
Em fevereiro de 2024, Simon foi submetido a uma cirurgia para remover os tumores identificados. Logo em seguida, iniciou um tratamento com imunoterapia, que utiliza o próprio sistema imunológico do paciente para combater o câncer. Durante nove meses, ele enfrentou os desafios do tratamento na esperança de vencer a doença.
Tragicamente, no final de 2024, os sintomas familiares retornaram. A visão embaçada reapareceu, acompanhada por uma sensação persistente de mal-estar e dificuldade para dormir. Novos exames revelaram que o melanoma havia se espalhado para o cérebro. Simon começou então um novo tipo de tratamento: radioterapia direcionada, projetada para atingir especificamente as áreas afetadas no cérebro.
Este novo tratamento trouxe complicações severas. Simon desenvolveu sérios problemas gastrointestinais, incluindo a incapacidade de usar o banheiro normalmente. Uma alta dose de esteroides, necessária para controlar os efeitos colaterais, causou danos nos nervos de seus braços e pernas.
Ele precisou de internação, comparando a sensação à de ter sido “atropelado por um caminhão”. A fraqueza nas pernas e a perda de força na mão direita — a tal ponto que quase não conseguia segurar a raquete de tênis — ainda persistem.
A passagem pelo hospital foi extremamente dura e deixou Simon emocionalmente abalado. Ele conta que, ao retornar para casa, chorou durante vários dias, certo de que a enfermidade lhe roubara partes essenciais da própria identidade. Hoje, o tratamento ativo está suspenso; Simon mantém diálogo contínuo com a equipe de oncologia para definir os próximos passos contra o câncer.
Nesse cenário complexo, amigos e simpatizantes lançaram uma campanha de arrecadação no GoFundMe com o objetivo de ajudá-lo a reconstruir a vida e bancar despesas médicas e de reabilitação. Simon pretende destinar uma parcela significativa do valor obtido a entidades que prestam apoio a pacientes oncológicos.
Mesmo diante das limitações físicas e do choque emocional, ele nutre o desejo de retomar o trabalho com jovens tenistas, usando a própria trajetória como exemplo de persistência frente a desafios.