O australiano Fraser, pai de família e criador de conteúdo, tem utilizado sua plataforma no YouTube para relatar de forma honesta e tocante sua experiência com o Alzheimer de início precoce. Em meados de 2024, aos 41 anos, ele recebeu o diagnóstico oficial da doença — embora os primeiros sintomas tenham surgido cerca de dois anos antes.
A condição que Fraser enfrenta é conhecida como Alzheimer precoce, uma forma atípica de demência que se manifesta antes dos 65 anos, segundo informações da Clínica Mayo. Trata-se de uma doença neurológica degenerativa, atualmente sem cura, que compromete funções como memória, raciocínio, julgamento, tomada de decisões, além de provocar alterações de comportamento e personalidade.
Fraser revelou que decidiu iniciar um canal no YouTube intitulado “Eu (não) tenho demência”, onde compartilha vídeos relatando suas vivências com a doença. Em um conteúdo publicado no dia 30 de março, ele respondeu a perguntas dos seguidores e trouxe reflexões importantes sobre o processo de aceitação.
Logo no início do vídeo, ele contou ter feito uma pergunta casual aos filhos: queria saber quais foram os primeiros sinais que eles notaram.
Então perguntei aos meus filhos casualmente e eles disseram:
Todo mundo tem problemas de memória, eles esquecem coisas na vida cotidiana — nós apenas notamos que vocês estavam fazendo isso com mais frequência, com mais frequência, lapsos de memória normais e cotidianos que todo mundo tem
A pressão emocional após o diagnóstico e a busca por apoio psicológico
Fraser comentou que, após o diagnóstico, sua reação inicial foi tentar afastar os pensamentos sobre a doença. No entanto, essa estratégia não funcionou a longo prazo. Gravar vídeos o ajudava, mas também trazia desafios emocionais.
Quando recebi o diagnóstico, eu meio que queria tirar tudo isso da minha cabeça o máximo possível e não pensar sobre isso. Seis meses depois, cinco meses, minha saúde mental simplesmente desmoronou
O impacto acumulado acabou desencadeando sintomas graves, como ataques de pânico e episódios de depressão. Segundo ele, esse colapso emocional pode ter ocorrido porque tentou ignorar os sentimentos, embora eles estivessem sempre presentes em seu subconsciente.
De repente, comecei a ter ataques de pânico e a me sentir deprimido. Eu meio que atribuí isso ao fato de que talvez eu estivesse enterrando minha cabeça na areia e tentando não pensar nessas coisas, mas, na verdade, elas estão sempre no fundo da sua mente e então eu simplesmente não estava lidando com elas
Diante disso, Fraser decidiu buscar ajuda profissional. Iniciou o acompanhamento com um psicólogo e passou a utilizar medicamentos antidepressivos. Ele compara o processo com uma forma de terapia baseada em conversas, que o ajuda a organizar os pensamentos sobre a condição.
Sinto que isso é muito parecido com aquele tipo de terapia de conversa que você recebe em termos de, eu gosto da ideia de destrinchar um tópico específico, porque esse tópico está no fundo da sua mente, de certa forma, mas você meio que tenta esquecê-lo
Como o canal no youtube contribui para o enfrentamento
Apesar do estresse que envolve falar publicamente sobre sua condição, Fraser acredita que os vídeos têm um papel importante no seu processo de aceitação. Ao verbalizar seus sentimentos, ele consegue tornar o assunto menos assustador e mais compreensível.
“É só trazer isso à tona, destrinchar, pensar sobre isso, ok, é assim que me sinto sobre isso, é isso que estou vivenciando, é isso que estou pensando e está tudo lá e é administrável nesse sentido.”
Para Fraser, externalizar seus sentimentos — mesmo que isso gere angústia — é uma forma de lidar ativamente com a situação. Ele reconhece que o processo não é fácil, mas o considera essencial.
“Mas esse processo de realmente fazer isso invoca estresse — não é fácil pensar sobre essas coisas e passar por esse processo, mas acho que é um processo necessário para alcançar a aceitação. É isso que estou pensando — posso estar totalmente errado — mas é aí que meio que cheguei.”
O relato de Fraser se destaca por sua sinceridade e pela forma como ilustra a luta cotidiana de alguém que vive com Alzheimer precoce. Sua disposição em compartilhar fragilidades e reflexões mostra como a informação e o diálogo podem transformar não apenas a percepção pública da doença, mas também ajudar outras pessoas que enfrentam situações semelhantes.
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