Durante a missa de entronização celebrada neste domingo (18), o papa Leão XIV declarou ter sentido “uma forte presença espiritual” de seu antecessor, o papa Francisco. O evento, realizado na Praça de São Pedro, marcou oficialmente o início de seu pontificado à frente da Igreja Católica.
Durante a missa, senti fortemente a presença espiritual do Papa Francisco, que nos acompanha do céu afirmou Leão XIV, já ao final da celebração
O novo pontífice foi escolhido em conclave no dia 8 de maio.
Diante de uma multidão composta por fiéis e líderes mundiais, o papa emocionou-se ao relembrar os dias que sucederam a morte de Francisco, apontando esse período como um momento de tristeza profunda para a Igreja, que se viu sem sua principal liderança.
Mensagem de esperança, unidade e continuidade
Durante sua homilia, Leão XIV reforçou temas já abordados por Francisco, como a necessidade de união entre os povos e o combate à exploração dos recursos naturais e à marginalização dos mais pobres.
O novo papa também defendeu uma Igreja que seja instrumento de transformação para o mundo.
Quero uma Igreja unida, que seja fermento para um mundo reconciliado. Ainda vemos demasiado dano e discórdia causadas pelo ódio por um paradigma humano que explora os recursos da terra e marginaliza os pobres. (…) Dentro dessa massa, queremos ser um pequeno fermento de esperança e de unidade. Olhai para Cristo, aproximem-se dele. Escutem a palavra de amor para que se torne sua única família declarou
A homilia reforçou o compromisso de Leão XIV com uma postura pastoral e inclusiva, alinhando-se ao legado de Francisco em temas como justiça social, cuidado com o meio ambiente e acolhimento aos mais vulneráveis.
Rituais simbólicos e multidão histórica em roma
Na celebração, Leão XIV recebeu dois importantes símbolos do pontificado: o Pálio, uma faixa de lã branca que representa sua missão como pastor da Igreja, e o Anel do Pescador, exclusivo de cada papa e utilizado para selar documentos oficiais.
A missa atraiu uma enorme quantidade de fiéis, transformando o evento no maior já registrado no Vaticano desde o funeral de Francisco, ocorrido em 26 de abril. A presença maciça reforçou o simbolismo do momento de transição e renovação na liderança da Igreja.
Primeiro papa com raízes americanas e peruanas
Entre os presentes, muitos agitavam bandeiras dos Estados Unidos e do Peru, saudando o novo papa, nascido em Chicago e com cidadania peruana. Leão XIV, de 69 anos, dedicou anos de missão no Peru, tornando-se o primeiro pontífice com ligação direta àquela nação sul-americana.
No meio da multidão, um grito inesperado chamou atenção:
White Sox, White Sox em alusão ao time de beisebol de Chicago
Fã declarado da equipe, o papa nunca abandonou o apoio ao time, mesmo em suas piores fases, o que o tornou ainda mais simpático entre seus conterrâneos.
As manifestações populares também incluíam cânticos como “Viva il Papa” e “Papa Leone”, seu nome em italiano, reforçando o entusiasmo dos fiéis.
Aparição pública no papamóvel e bênçãos a crianças
A primeira volta do novo papa pela Praça de São Pedro ocorreu em um papamóvel de teto aberto, cercado por mais de uma dezena de seguranças.
Apesar da movimentação ágil, Leão XIV parou em duas ocasiões para abençoar três bebês, o que foi recebido com grande comoção pelos presentes.
Eleição rápida e apoio de delegações internacionais
Robert Prevost, o homem por trás do nome Leão XIV, foi eleito em um conclave de menos de 24 horas. Sua ascensão ao posto mais alto da Igreja surpreendeu alguns analistas, já que ele era uma figura discreta no cenário eclesiástico até ser nomeado cardeal apenas dois anos antes.
A cerimônia contou com a presença de diversas autoridades internacionais. Entre elas, estavam o vice-presidente dos EUA, JD Vance, e o secretário de Estado Marco Rubio, ambos católicos. Vance, que já teve atritos com Francisco em razão das políticas migratórias do governo Trump, liderou a delegação americana.
Presenças ilustres e realeza na praça de são pedro
Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, também esteve no Vaticano, assim como no funeral de Francisco. Ele já havia se encontrado com Vance em fevereiro, em uma reunião na Casa Branca marcada por um intenso debate diante da imprensa internacional.
Outros líderes presentes incluíam os presidentes do Peru, Israel e Nigéria; os primeiros-ministros da Itália, Canadá e Austrália; além do chanceler alemão Friedrich Merz e da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Na área reservada aos convidados VIP próximos ao altar, estavam membros da realeza europeia, como o rei Felipe VI e a rainha Letizia, da Espanha, representando a monarquia espanhola.
Compromisso com a paz orienta primeiros passos do novo pontificado
Desde sua eleição, o papa Leão XIV tem reiterado elogios ao legado de Francisco, embora ainda não tenha revelado de forma explícita se seguirá a mesma abordagem de modernização da Igreja defendida por seu antecessor.
Sua homilia deste domingo trouxe sinais importantes das diretrizes que pretende adotar, reforçando o empenho contínuo pela paz. Em diversas ocasiões nos últimos dias, o novo pontífice deixou clara sua intenção de ser um agente reconciliador em meio aos conflitos globais.
Logo em sua primeira aparição pública após a eleição, na noite de 8 de maio, ele saudou a multidão reunida na Praça de São Pedro com as palavras:
A paz esteja com todos vocês repetindo uma frase comum nas liturgias católicas e antecipando a ênfase que daria ao tema
Mensagens pacificadoras a igrejas em zonas de conflito
Durante um pronunciamento em 14 de maio direcionado a líderes das Igrejas Católicas Orientais — muitas sediadas em regiões afetadas por guerras, como a Ucrânia e o Oriente Médio — Leão XIV reiterou sua disposição em trabalhar pela paz.
“Todo esforço” pela paz foi a promessa feita pelo novo papa às autoridades presentes, reafirmando a tradição diplomática da Santa Sé.
Ele também se colocou à disposição para que o Vaticano atue como mediador em conflitos internacionais, acrescentando que a guerra “nunca é inevitável”, reforçando seu papel como voz moral em tempos de crise global.
Celebração litúrgica multilingue e simbologia do pontificado
A missa deste domingo, além de solene, refletiu o caráter universal da Igreja. Foram entoadas orações em diversos idiomas, incluindo latim, italiano, grego, português, francês, árabe, polonês e chinês, destacando a presença de uma comunidade católica global com mais de 1,4 bilhão de fiéis.
Durante a cerimônia, Leão XIV recebeu formalmente dois objetos que simbolizam sua nova posição:
- Pálium: uma faixa de lã de carneiro usada sobre os ombros, representando sua missão pastoral;
- Anel do Pescador: confeccionado em ouro para cada novo papa, com imagem de São Pedro segurando as chaves do Céu.
O anel, que pode ser usado para selar documentos papais, será cerimonialmente quebrado após a morte de Leão XIV, marcando o encerramento oficial de seu pontificado.
Representações internacionais e cerimônia restrita na capela sistina
Um dia antes da missa, no sábado (17), o Vaticano tornou pública a lista das autoridades que participariam da celebração. Entre os nomes de destaque estavam o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, e o vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin, que representou o País na ocasião.
Vale lembrar que Leão XIV já havia presidido uma missa anterior na Capela Sistina, realizada em 9 de maio, um dia após sua eleição. Essa primeira celebração foi reservada exclusivamente aos cardeais que participaram do conclave.
Trajetória do novo líder da igreja católica
Robert Francis Prevost, agora conhecido como papa Leão XIV, foi escolhido como novo líder da Igreja Católica na quinta-feira, 8 de maio. Ele sucede Francisco, que assumiu o papado em 2013 e faleceu em abril deste ano.
Natural de Chicago, Leão XIV entra para a história como o primeiro papa norte-americano. Aos 69 anos, pertence à ordem dos agostinianos e é reconhecido por sua postura progressista e afinidade com os princípios defendidos por seu antecessor.
Conexão com o peru e missão entre os pobres
Além da cidadania americana, o papa também possui nacionalidade peruana, adquirida após anos de missão pastoral no país. Seu trabalho com comunidades carentes o levou a ser nomeado bispo em 2015.
Segundo o jornal peruano La República, Leão XIV desenvolveu projetos de assistência em áreas vulneráveis e, após idas e vindas ao Peru, foi oficialmente nomeado bispo de Chiclayo, no mesmo ano em que obteve a nacionalidade do país sul-americano.
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