O acreano Bruno Borges, que ficou famoso em todo o Brasil como o “Menino do Acre”, ganhou destaque após desaparecer por cinco meses em 2017. Oito anos depois desse evento, ele e seu intrigante desaparecimento voltaram a ser pauta nas redes sociais.
Hoje em dia, Bruno se dedica a ministrar mentorias online sobre projeção astral e a criar conteúdos para suas redes sociais. Com mais de 14,4 mil seguidores, ele promete ensinar técnicas para sair do “corpo físico” e alcançar “sonhos lúcidos e interpretações”.
Em seus vídeos no Instagram, o jovem afirma ter estudado esse “poder natural” por 20 anos. Ele associa esses conhecimentos ao alívio de estresse, insônia e ansiedade. Além disso, menciona essa prática como uma estratégia para resolver problemas financeiros.
Borges também relata ter tido contatos espirituais e conseguido interagir com seres de outras dimensões durante essas experiências.
O caso do “Menino do Acre”
Bruno chamou a atenção em 2017 ao desaparecer, deixando para trás mensagens criptografadas, passagens da Bíblia e frases de Leonardo da Vinci nas paredes de seu quarto. No ambiente, havia ainda uma réplica da estátua do filósofo Giordano Bruno, que foi condenado à morte pela Inquisição Romana, além de 14 livros escritos à mão.
Na época, Bruno tinha 25 anos e era estudante de psicologia. A Polícia Civil do Acre abriu um inquérito para investigar seu paradeiro.
Ele retornou para casa meses depois, levando as autoridades a encerrarem a investigação com a justificativa de que houve uma “comprovação de ausência voluntária”. Desde então, o “Menino do Acre” tem sido questionado em entrevistas sobre o ocorrido, mas nunca revelou o motivo do desaparecimento ou o significado das mensagens deixadas.
Relembre o caso
Bruno Borges esteve desaparecido de 27 de março a 11 de agosto de 2017. Sua mãe, Denise Borges, contou ao Diário Gaúcho que, no dia do desaparecimento, a família almoçou junta e tudo parecia normal. Após a refeição, Bruno e seu pai, Athos Borges, iriam de carro até a casa da família, mas se separaram perto do local, e o jovem seguiu a pé.
Os pais tinham acabado de voltar de uma viagem que durou 25 dias. Durante esse período, segundo Gabriela Borges, irmã de Bruno, ele se isolou em seu quarto, que permanecia sempre trancado.
A réplica da estátua presente no quarto foi encomendada na semana anterior ao desaparecimento a um artista plástico de Rio Branco. A família conversou com o artista e soube que Bruno pagou R$ 9 mil pela obra.
Quando perceberam o sumiço, os familiares ficaram preocupados e cogitaram a possibilidade de um sequestro. Depois, ao analisarem o que ele tinha feito no quarto, passaram a encarar o caso com mais tranquilidade.
Ficamos bastante preocupados. Agora a gente acredita que ele está bem. Ele tem um projeto, que é a publicação desses 14 livros. Acho que ele precisou fazer dessa forma disse Gabriela na época
Para a Polícia Civil, que investigou o caso, contratos, e-mails e mensagens trocadas entre amigos do acreano levaram à conclusão de que o desaparecimento de Bruno foi parte de um plano para garantir a divulgação do trabalho deixado por ele, conforme informou na época o delegado Alcino Souza Júnior.
Ainda hoje, Bruno não revela onde esteve ou o que fez no período. Ele afirma ter ficado completamente “isolado da sociedade, sem contato com quaisquer outras pessoas” e que se preparou durante cinco anos para essa experiência. “Levei alguns suprimentos para garantir minha sobrevivência”, comenta.
Também diz ter carregado “alguns livros de filosofia e cabala”. “Ao longo dos dias eu lia, refletia e meditava o tempo todo a respeito da vida, do universo, da psiquê e dos seus mistérios. Meu objetivo era apenas um: autoconhecimento”, explica.
Ele nega que seu desaparecimento tenha sido uma estratégia de marketing, como apontou a polícia. Durante seu “isolamento”, foi lançado o livro Teoria da Absorção de Conhecimento, de sua autoria.
O caso atraiu grande atenção nas redes sociais e ganhou ampla notoriedade na imprensa. A repercussão foi tamanha que o assunto chegou à lista dos mais comentados no Twitter em todo o Brasil.
Segundo o portal g1, o primeiro dos 14 livros de Borges entrou na lista “não ficção” dos mais vendidos durante o período em que esteve desaparecido.