A engenheira-chefe do grupo Bridgestone é a primeira das 500 Milhas de Indianápolis e a quarta da Fórmula Indy.
Ocupar os espaços tem sido uma busca constante das mulheres do mundo todo, que sentem que precisam se dedicar o dobro, ou o triplo, para assumir cargos considerados masculinos. Caso contrário, não são consideradas suficientemente boas, podendo perder a posição para um homem, mesmo que ele seja menos qualificado.
Para as jovens que estão iniciando suas carreiras, a possibilidade de encontrar referências femininas na mesma área pode ser um ótimo impulso ou uma forma de se sentirem encorajadas e estimuladas. Mas, para Cara Adams, de 38 anos, iniciar a carreira no ramo automobilístico implicou em precisar encarar apenas homens, tanto em posições de destaque quanto nas mais abaixo.
Hoje a primeira engenheira-chefe do grupo Bridgestone, na Indy 500, é a principal responsável pelo design, desenvolvimento e suporte na pista dos pneus Firehawk Firestone, usado em todas as corridas pelos pilotos de IndyCar. Sua equipe é também responsável por projetar os pneus utilizados nas 500 Milhas de Indianápolis, maior corrida anual no esporte.
Neste ano, será a primeira vez que Adams trabalhará como engenheira-chefe da equipe, sendo a primeira da Indy 500 e a quarta da Fórmula Indy.
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Se você está curioso sobre seu trabalho, saiba que ela avalia os pneus depois de uma corrida, em busca de qualquer tipo de desgaste irregular capaz de afetar a velocidade dos carros ou a segurança dos pilotos. Ela é quem tira as principais dúvidas e a que todos ouvem dar a palavra final sobre os pneus.
Direitos autorais: reprodução Instagram/ @cara_adams
“É bom ter outras engenheiras por perto agora, é como um sistema de apoio informal. Mas teria sido bom ter mais dessa diversidade no início da minha carreira”, disse Cara em uma entrevista à Fortune. Ela começou a trabalhar na Bridgestone em 2003, a única engenheira a frequentar os boxes da IndyCar.
Muitos motoristas chegaram a confundi-la com uma jornalista, por isso, no início, sempre que perguntava dos pneus, a maioria dos corredores dava respostas superficiais a respeito do desempenho, assim precisou aprender a fazer perguntas direcionadas aos pilotos, assim eles entenderam que não se tratava de uma novata, e sim de uma engenheira capacitada.
“Eu perguntaria: ‘Você pode me dizer se a nova construção de pneus que introduzimos neste fim de semana afeta o meio da curva do seu carro para sair da subviragem?’”, e assim começou a conseguir exatamente aquilo que queria: respostas. Além disso, ela impôs que nenhum colega poderia chamá-la por apelidos desconcertantes, e todos passavam a respeitá-la assim que percebiam quão desconfortável ficava com brincadeiras e piadas machistas.
Direitos autorais: reprodução Instagram/ @cara_adams
Adams sabia que queria ser engenheira desde criança, crescendo em Akron, Ohio (EUA), onde ainda mora. Ela foi inspirada por sua mãe, professora de ciências, e seu avô, que trabalhava para a Nasa. Mas sua obsessão por carros de corrida não chegou até ela frequentar a Universidade de Akron. “A Akron tinha um programa de design no qual você podia projetar, construir e depois pilotar um carro de rodas abertas”, depois disso, ela só mergulhou no mundo automobilístico.
Após a formatura, trabalhou pela primeira vez no grupo Tire-Vehicle Dynamics da Bridgestone, mas por seu amor por carros de corrida e pelos pneus que utilizam, ela rapidamente abordou o gerente do grupo de desenvolvimento de pneus de corrida da empresa para descobrir quais habilidades ela precisava para ser uma engenheira da equipe. Ela conta que “fez o que foi preciso” para alcançar o cargo de engenheira-chefe.
Direitos autorais: reprodução Instagram/ @cara_adams
Adams agora orienta meninas que estão considerando carreiras em escolas locais de ensino fundamental e médio para que consigam criar afinidade com o sistema de aprendizagem científico, também chamado de STEM. As mulheres representam metade do total da força de trabalho com formação universitária nos EUA, mas apenas 29% da força de trabalho em ciências e engenharia, de acordo com a National Science Foundation.
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Em abril, Adams estava em uma corrida em Long Beach, na Califórnia, quando lhe disseram que havia um “fã” do lado de fora do trailer da corrida. Quando saiu,deparou-se com uma menina de cerca de 12 anos em pé, acompanhada de sua família. “Ela me disse que queria ser engenheira e trabalhar nas corridas quando crescesse. Então ela me pediu para assinar seu chapéu”, disse a profissional.