A família Ulguin da Rocha estava reunida em casa na noite de 1° de maio, quando a tragédia aconteceu.
Liane, de 45 anos, seu marido Robson, e os filhos, Emily, de 17 anos, e um jovem de 19, ouviram um ruído antes de uma pedra rolar do barranco e atingir a casa onde moravam.
As duas mulheres não sobreviveram aos ferimentos, tornando-se parte das 95 vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. A adolescente perdeu a vida cinco dias antes de completar 18 anos.
Eles estavam todos em casa e meu cunhado conta que ouviu um barulho, abriu a porta da frente para ver se vinha da rua e, quando voltou, deu aquele estouro. Foi uma pedra do morro que deslizou por causa da chuva e caiu na casa deles. Era do tamanho de um carro. Levou a casa do vizinho também, não sobrou nada conta Catiane, irmã de Liane, em entrevista ao GLOBO
Robson estava na sala, enquanto o filho permanecia no quarto. Emily e Liane estavam na parte mais ao fundo da casa: a mãe na cozinha e a jovem no quarto.
O filho também foi atingido, ficando parcialmente coberto pela lama, mas vizinhos conseguiram resgatá-lo.
Quando o meu cunhado viu aquele estouro, ele diz que se jogou para frente para se proteger e, quando levantou, já viu meu sobrinho com metade do corpo enterrado na lama. Depois, não encontrou nem a minha irmã, nem a sobrinha. Aí os vizinhos chamaram meu irmão e outros parentes que moram ali perto e foi todo mundo lá ajudar. Se não fossem eles, o pobrezinho do meu sobrinho também não ia sobreviver
Liane trabalhava como decoradora. Emily era uma jovem animada, e, segundo a tia, estava ansiosa para comemorar seu aniversário de 18 anos na próxima segunda-feira (6).
Depois do que aconteceu, a Defesa Civil tirou todo mundo da rua e o Robson e o menino dele estão na casa do meu irmão. Mas ele está em estado de choque. Nem na mãe dele conseguiu ir ainda. Ele perdeu tudo o que tinha. Da casa, só sobrou o piso. Ele Ficou muito traumatizado e para toda a família está sendo muito difícil. A menina faria 18 anos ontem (segunda-feira, 6). Estava muito feliz, estudava, trabalhava, fazia cursinho
A irmã de Liane comenta que a família morava em Santa Maria há anos e nunca testemunhou algo tão devastador quanto o ocorrido.
Até pelo tempo que todo mundo da família morava ali, a gente nunca imaginava que algo assim poderia acontecer. Minha mãe há anos mora ali também, numa rua próxima, nunca aconteceu esse tipo de coisa. Foi muito inexplicável. E nunca vimos um estrago desse tamanho em Santa Maria. Nunca imaginávamos que poderia acontecer aqui, com a gente. A gente via na TV, era longe, agora ver acontecer na sua cidade e na sua família… é tudo muito triste
Tragédia atinge 100 mortes confirmadas
Nesta quarta-feira, a catástrofe ambiental no Rio Grande do Sul resultou em 100 mortes confirmadas, com 128 pessoas ainda desaparecidas.
Mais de 1,4 milhão de pessoas foram afetadas pelas chuvas. O Senado declarou estado de calamidade no estado.