Seis meses atrás, Edson Davi, um menino de 7 anos, desapareceu em uma praia na Barra da Tijuca, onde seus pais tinham uma barraca. As autoridades concluíram que ele possivelmente se afogou, visto que as últimas imagens mostram o garoto brincando perto das ondas.
Os pais, no entanto, questionam a versão da polícia e acreditam que seu filho foi sequestrado. Eles criticam os policiais por não terem ouvido as testemunhas que afirmaram ter visto a criança junto a estranhos.
A mãe de Edson Davi, Marize Araújo, escreveu uma carta de desabafo e a enviou ao portal O GLOBO:
“Nesta quinta-feira, dia 4 (de julho), completam-se seis meses do meu filho desaparecido, Edson Davi. Hoje eu não quero falar como eu sobrevivi ao luto de um filho vivo, porque é nisso em que eu acredito. Que o meu filho esteja vivo! Hoje eu quero expressar o tamanho da minha indignação, da minha revolta, por falta de respostas, não me conformo com essa investigação sem solução, não me conformo com o descaso com a vida de uma criança de apenas 7 anos de idade! Foi desumano o que fizeram comigo, uma mãe que grita e que chora pedindo ajuda das autoridades desde o primeiro dia, eu sempre afirmando que meu filho foi raptado, e nunca me deram ouvidos. A resposta que tive foi o afogamento, sem corpo, sem encontrar uma peça de roupa depois de uma intensa e incansável busca no mar. Eu ouvi absolutamente todas as testemunhas que estão dentro do inquérito, não tem uma que viu o Davi entrar no mar ou até mesmo visto um afogamento naquele dia”.

Nas redes sociais, Marize continua seu apelo para que a Polícia Federal e o Ministério Público continuem investigando. Ela conta com o apoio de um escritório de advocacia, que trabalha paralelamente na busca por Edson Davi.
“Até hoje as testemunhas que viram meu filho minutos antes dele desaparecer não foram chamadas para prestarem seus depoimentos com dignidade e respeito. Mas a força do amor de uma mãe é capaz de superar qualquer barreira. Deus é justo e fiel me sustentou até aqui e tem me dado forças para lutar por uma investigação justa e transparente. Peço com muita humildade às autoridades competentes uma solução. Peço por favor ajuda da Polícia Federal que entre nesta investigação, peço ajuda ao Ministério Público para que venham fazer justiça pela vida do meu pequeno Davi! Peço por favor a todas as mães que se compadeçam da minha dor e da injustiça pelo Davi e marquem a Polícia Federal e o Ministério Público, juntas podemos dar voz ao Davi, podemos lutar pela impunidade amanhã com outras crianças!”.
A Polícia Civil afirmou, em nota, que as investigações continuam na Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) e estão sendo acompanhadas pelo Ministério Público:
“A especializada ressalta que os agentes analisaram imagens de 13 câmeras de segurança localizadas ao redor da orla, em um perímetro de dois quilômetros. As imagens mostram o menino na barraca do pai logo após a partida de futebol. Não há registro de imagens que mostram ele saindo da praia. Diversas linhas de investigação foram consideradas e todas as denúncias foram apuradas, inclusive, em outros estados do país. A DDPA ouviu familiares e testemunhas. Uma testemunha narrou que viu o menino entrar no mar por três vezes enquanto jogava futebol com outra criança, tendo o pai, inclusive, chamado a atenção do filho. Outra testemunha relatou que anteriormente a criança teria pedido uma prancha emprestada para entrar na água, mas que ele não atendeu ao pedido porque o mar estava revolto. Em depoimento, o homem que trabalha com o pai dele afirmou que também teria pedido para o menino sair da água, tendo em vista as condições do mar”.
O caso
No dia 4 de janeiro, Edson Davi, um menino de 6 anos, desapareceu na praia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, enquanto brincava na areia e seu pai, um barraqueiro, trabalhava.
O ponto de trabalho do pai fica em frente ao posto de salva-vidas. Edson saiu dali, caminhou cerca de 100 metros pelo calçadão em direção ao Posto 5, visitou um quiosque e retornou à areia, mas aproximadamente 70 metros distante da barraca de seu pai, conforme mostram as imagens de segurança.

Um funcionário de uma barraca relatou em depoimento à polícia que a criança solicitou emprestada uma prancha por três vezes, afirmando saber nadar. No entanto, devido às duas bandeiras vermelhas indicando perigo no mar, o pedido foi negado.
Durante a investigação, várias testemunhas foram ouvidas. Elas afirmaram que Edson Davi foi advertido pelo salva-vidas para não brincar tão próximo à água, assim como um funcionário da barraca onde o pai trabalha.
O homem identificado nas gravações reconheceu-se e mencionou ter jogado bola com a criança por cerca de 20 minutos. No entanto, ele, sua esposa e três filhos retornaram ao seu local sem Edson. A polícia afirmou que a família argentina não é objeto de investigação.
A principal suspeita é de afogamento, mas todas as linhas de investigação permanecem abertas.