No último domingo (6), o frentista Ingo Patrício Tasca Nunes, de 46 anos, foi brutalmente assassinado enquanto trabalhava em um posto de combustíveis na Avenida Antônio de Carvalho, em Porto Alegre. Nunes estava acumulando horas extras para poder desfrutar de 30 dias de férias com sua família em Florianópolis (SC).
Casado há mais de três décadas e pai de dois filhos, um jovem de 19 anos e uma menina de 11, ele teve sua vida ceifada ao impedir que um indivíduo acessasse o banheiro feminino do local.
Ele vinha fazendo um extra nesse posto para complementar a renda, porque ele queria muito tirar 30 dias de férias com a família no fim de ano em Florianópolis. Ele queria muito passar 30 dias com todos em Floripa, ele adora lá, dizia que queria ser cremado e as cinzas jogadas lá, mas em virtude do ocorrido nem isso conseguimos fazer lamentou Giulia Benedetti, sobrinha e afilhada de Ingo.
Um homem dedicado à família
Giulia, hoje com 26 anos, relembra o tio como uma pessoa extremamente dedicada e que tratava os sobrinhos quase como filhos.
Quando eu nasci, ele esperou na casa dos meus pais com uma faixa enorme de boas-vindas. Antes deles terem filhos, todos os finais de semana ele me buscava e uma outra sobrinha dele que regulava de idade, levava na Redenção. Ele era apaixonado por cachorro e passou isso pra gente também. Era um ser humano muito fora da curva, cuidava da família, cuidava de todo mundo contou ela.
No ano passado, a dedicação de Ingo foi ainda mais evidente quando sua esposa precisou ser hospitalizada por cinco meses após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC).
Ele com a filha de 10 anos em casa e o mais velho com 19, 18 anos, trabalhando no posto de gasolina, levava e buscava a filha na escola e mesmo assim ia todos os dias no hospital visitar a esposa. Tinha dias que ela pedia pra ele não ir, porque ia ficar muito corrido. Mesmo assim ele ia nem que fosse só pra dar um beijo nela nos últimos dez minutos da visita relatou Giulia.
Anos antes do trágico ocorrido, Ingo já havia enfrentado desafios médicos significativos. Ele perdeu um rim quando era mais jovem e anos mais tarde, durante uma cirurgia de apendicite, descobriu um câncer em estágio inicial que foi tratado com sucesso.
Apesar dos problemas de saúde, ele mantinha uma vida ativa e jogava futevôlei frequentemente na Praça da Encol.
Suspeito do assassinato identificado
A Polícia Civil conseguiu identificar o suspeito do assassinato de Ingo Nunes. O delegado Thiago Carrijo informou que o homem tem 25 anos, reside em Porto Alegre e possui antecedentes por tráfico de drogas. Uma mulher presente no local do crime é considerada testemunha.
Em depoimento, ela revelou que conheceu o atirador na noite anterior durante uma festa. As investigações indicam que a motivação do crime foi uma discussão depois que o funcionário impediu o homem de usar o banheiro feminino do estabelecimento.
Imagens capturadas durante a investigação mostram que o assassino disparou contra o trabalhador a curta distância após ser barrado no acesso ao sanitário.