O Instituto-Geral de Perícias (IGP) do Rio Grande do Sul está atualmente investigando, a pedido da Polícia Civil, se alimentos trazidos por Deise Moura dos Anjos para sua sogra, Zeli dos Anjos, enquanto ela estava hospitalizada, continham arsênio.
A família de Zeli entregou o material à Polícia Civil após a visita de Deise à sogra, que estava internada no Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, em Torres. A hospitalização ocorreu após a família consumir um bolo envenenado durante as festividades de Natal, resultando na morte de três mulheres. Veja mais detalhes abaixo.
Por sorte, Zeli não comeu os lanches trazidos por Deise, pois foi impedida por quem a acompanhava no hospital. Ela recebeu alta na última sexta-feira (10). Deise está atualmente detida temporariamente sob suspeita de envenenar a família.
Além de um pastel de padaria, vários outros itens também foram coletados e estão sendo investigados: quatro bombons, um chiclete, quatro barras de cereal, uma garrafa de suco de uva, um torrone, um biscoito de leite, além da garrafa do suco e do canudo.
Segundo o IGP, ainda não há prazo para a conclusão da análise e não foi descartada a possibilidade de um ou mais desses alimentos conterem o veneno.
Arsênio é um elemento químico que pode ser liberado no ambiente naturalmente ou pela ação humana, sendo um componente usado na fabricação de alguns pesticidas. A exposição ao arsênio pode resultar em intoxicação alimentar e reações semelhantes a alergias, câncer em caso de exposição recorrente e até mesmo morte.
De acordo com a investigação policial, Deise comprou arsênio quatro vezes em um período de quatro meses. Uma das compras ocorreu antes da morte do sogro – que morreu por envenenamento – e as outras três, antes da morte de três pessoas que consumiram o bolo envenenado, em dezembro.
A Polícia Civil afirma que há “fortes indícios” de que Deise tenha praticado outros envenenamentos e não descarta novas exumações de corpos de pessoas relacionadas à ela.
A RBS TV apurou que uma delas é o pai da Deise. José Lori da Silveira Moura morreu aos 67 anos, em Canoas, em 2020, supostamente por cirrose. A Polícia também solicitou a coleta de material genético do filho e do marido de Deise, para investigar a suspeita de um possível envenenamento contra eles também.
O veneno comprado por Deise teria sido entregue via Correios. A polícia encontrou um recibo em nome de Deise para a compra de arsênio. O relatório preliminar da extração de dados dos celulares apreendidos, ao qual o g1 teve acesso, revelou que Deise fez buscas na internet por termos como “arsênio veneno”, “arsênico veneno” e “veneno que mata humano”. Essas informações constam da representação da Polícia Civil pela prisão dela.
Segundo o delegado responsável pelo caso, Marcus Veloso, a sogra da suspeita, Zeli dos Anjos, era o principal alvo dos envenenamentos. Foi ela quem fez o bolo.
O principal alvo dela era a Zeli. Ela estava no dia 2 de setembro, quando ela fez o café com leite em pó e tudo mais, junto com seu marido, e também estava no local em que Zeli fez o bolo em Arroio do Sal e ela também consumiu o bolo e também foi para o hospital, diz o delegado Veloso.
A morte do sogro
Após a revelação do caso do bolo, a polícia começou a investigar se Deise também estaria envolvida na morte do sogro, Paulo Luiz dos Anjos, que morreu em setembro, supostamente por intoxicação alimentar. Ele foi marido de Zeli.
A polícia exumou o corpo dele, e exames constataram que ele ingeriu arsênio antes de morrer. Ele morreu de infecção intestinal após consumir bananas e leite em pó levados à casa dele pela nora.
Relembre o caso
Três mulheres morreram com intervalo de algumas horas. Tatiana Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva tiveram parada cardiorrespiratória, segundo o hospital. Neuza Denize Silva dos Anjos teve como causa da morte divulgada “choque pós-intoxicação alimentar”.
A mulher que preparou o bolo, Zeli dos Anjos, recebeu alta do hospital na sexta-feira (10). Segundo o delegado Marcus Veloso, ela foi a única pessoa da casa a comer duas fatias. Uma criança de 10 anos, que também comeu o bolo, também já recebeu alta.
Nota da defesa de Deise
As declarações divulgadas na coletiva de imprensa ainda não foram judicializadas no procedimento sobre o caso, assim a Defesa aguarda a integralidade dos documentos e provas para análise e manifestação.
A Defesa já realizou requerimentos e esclarecimentos no inquérito judicial, referentes aos andamentos da investigação, aguarda neste momento decisão judicial.