A personal trainer Ilines Valesca Carnaval da Silva, de 30 anos, foi sepultada na manhã desta terça-feira (28), no Cemitério Parque Jardim de Mesquita. Ela foi encontrada sem vida no último domingo, em sua residência, em Belford Roxo.
O marido dela, Valdenir da Silva Almeida, também personal trainer, foi detido como principal suspeito do crime. Em entrevista ao RJ1, da TV Globo, Andreza Carnaval, irmã da vítima, revelou que o sonho de Ilines era viver um “conto de fadas”.
O sonho da minha irmã era casar, ter uma família. Ela achava que, com um casamento e um filho, ela ia viver um conto de fadas. […] A minha irmã não volta mais, e ele (Valdenir) tá lá, vai receber a mãe, a irmã, e eu estou deixando a minha aqui afirmou Andreza ao telejornal.
Valdenir da Silva foi detido na manhã de segunda-feira por agentes da 54ª DP (Belford Roxo). Em seu primeiro depoimento, ele afirmou que a mulher “era depressiva e usava medicamentos”, uma versão contestada pelos parentes da vítima, que estavam presentes na delegacia.
O crime de domingo
Ilines foi achada morta em sua residência, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, com uma corda amarrada ao pescoço. Inicialmente, o boletim de ocorrência indicava suicídio como causa da morte, mas, após a conclusão do laudo do Instituto Médico-Legal, foi confirmado que ela havia sido estrangulada. Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra a vítima sendo agredida pelo marido horas antes de sua morte.
No vídeo, capturado por câmeras de segurança na manhã de domingo, é possível ver o momento em que Valdenir empurra Ilines de forma agressiva contra a parede do corredor do prédio onde moravam. Ele segurava três bolsas, que aparentam ser da vítima.
Para se defender, ela tenta dar um pontapé e um tapa no agressor, mas ele a empurra novamente, pressionando o antebraço contra o pescoço dela. Em seguida, ele a imobiliza pelos braços e a leva para dentro do apartamento.
No próximo registro, Valdenir aparece pegando as bolsas que ficaram espalhadas pelo chão durante a agressão. Ilines está de pé na porta do apartamento, observando o marido.
Quando ele sai com as sacolas, ela corre atrás dele e o empurra, tentando recuperar as bolsas. Valdenir reage e parece acertar uma cotovelada no rosto da mulher, que sai correndo. Ele a persegue, e ambos retornam ao apartamento.
Áudios para a irmã
Antes de ser assassinada pelo marido, Ilines enviou áudios à irmã Andreza, relatando as agressões que sofria e a recusa dele em aceitar o divórcio.
Em uma das gravações, ela menciona a necessidade de companhia para fazer o exame de corpo de delito e conta que dois advogados estavam tentando chegar a um acordo de separação com Valdenir da Silva Almeida, também personal trainer e preso temporariamente pela suspeita do crime.
Ele não entra em um acordo comigo. Ele acha que eu tenho que sair com uma mão na frente e outra atrás, mas não é assim. Eu tenho empréstimo do casamento, tem a aliança que eu estou pagando sozinha, e ele não quer arcar com nada. Meus advogados estão tentando acordo com ele, mas ele não faz acordo, só me ameaça tirar daqui o tempo inteiro. Ele não pode me tirar daqui agora, mas uma hora vai poder, porque a casa é dele. Ele está esperando eu não poder fazer mais o corpo de delito, porque aí eu não vou ter prova contra ele afirmava um dos áudios.
‘Relacionamento relâmpago’
A tia de Ilines, Ana Maria Carnaval, revelou ao jornal O GLOBO que o casal, que estava junto há seis meses, morava no centro de Belford Roxo e vivia um relacionamento marcado por constantes brigas e episódios de ciúmes.
Familiares também mencionaram que, no réveillon, a personal trainer chegou a registrar uma ocorrência contra o marido por agressão, mas retirou a queixa pouco depois.
“Minha sobrinha casou muito rápido. Foi um casamento relâmpago. Todos nós achávamos estranho a relação deles. Ela vivia se queixando que queria deixá-lo, mas não conseguia. Quando ela tomou a decisão de sair de casa e terminar, aconteceu isso. Espero que a justiça seja feita“, declarou a tia.
Se você presenciar um episódio de violência contra a mulher ou for vítima de um deles, denuncie o quanto antes através do número 180, que está disponível todos os dias, em qualquer horário, seja através de ligação ou dos aplicativos WhatsApp e Telegram.
O mesmo número também atende denúncias sobre pessoas idosas, pessoas com deficiência, pessoas em restrição de liberdade, comunidade LGBT e população em situação de rua. Além de denúncias de discriminação étnica ou racial e violência contra ciganos, quilombolas, indígenas e outras comunidades tradicionais.