O policial militar Janitom Celso Rosa Amorim foi sentenciado a 30 anos de reclusão pelo homicídio da namorada, a cirurgiã-dentista Mayara Pereira de Oliveira, em Valença, no Sul do Rio de Janeiro, crime ocorrido em 2020.
Na ocasião, a vítima foi mantida como refém no estacionamento de uma faculdade e acabou sendo atingida por um tiro disparado pelo policial.
A condenação foi decidida por maioria de votos na madrugada desta quinta-feira no III Tribunal do Júri, sob a presidência da juíza Tula Corrêa de Mello, que também decretou a perda do cargo de Janitom.
A vítima restou extremamente subjugada pelo agente, o que exorbita sensivelmente os limites estabelecidos pelo feminicídio. Em determinado momento, inclusive, o acusado chegou a pisar na vítima, impedindo-a de esboçar qualquer reação, o que demonstra a sua força com relação à ofendida enquanto era mantida refém destacou a magistrada na sentença.
“No interior do veículo, com acentuada temperatura naquele dia, a vítima esteve submetida à autoridade e ao modo de agir do criminoso por cerca de três horas, com uma arma de fogo empunhada contra si a todo instante, até o momento do disparo.”
Na época do crime, Janitom tinha 39 anos e estava vinculado ao 37º BPM (Resende). Os autos do processo revelaram que ele apresentava um “ciúme doentio“, com “desvairadas tentativas de controle da mulher, inclusive com a instalação de câmeras no seu consultório odontológico, determinando que ela excluísse as suas redes sociais“.
A agenda de atendimentos de Mayara era “regularmente fiscalizada pelo criminoso, com o incremento dos ciúmes quando se tratava de paciente do sexo masculino“.
Relembre o caso: PM atirou na namorada mesmo após negociação com o Bope
A cirurgiã-dentista Mayara Pereira de Oliveira, de 31 anos, foi feita refém e posteriormente baleada por seu namorado Janitom Celso Rosa Amorim no estacionamento de uma universidade em Valença, no Sul Fluminense, em novembro de 2020.
O sequestro aconteceu pela manhã, e Mayara permaneceu sob domínio do namorado por duas horas e meia dentro do próprio carro na área destinada ao estacionamento da Fundação Educacional Dom André Arcoverde (FAA), no bairro Fátima.
De acordo com informações da Polícia Militar, a Unidade de Intervenção Tática (UIT) do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) foi chamada e rapidamente enviada de helicóptero para Valença. Durante as negociações iniciais, Janitom disparou contra a vítima.
Em seguida, foi detido por policiais e levado à delegacia da região. A dentista foi atingida na boca e encaminhada ao Hospital Escola da universidade, mas sofreu quatro paradas cardíacas e não sobreviveu.
Mayara era estudante de um curso de pós-graduação em odontologia na Fundação Educacional Dom André Arcoverde. Ela deixou um filho de cinco anos, fruto de um relacionamento anterior.
A universidade divulgou uma nota informando que naquela manhã o casal estava se desentendendo dentro de um carro no estacionamento, quando uma equipe de segurança da instituição notou a briga e tentou intervir.
Os funcionários perceberam que o homem estava armado e acionaram a polícia. Janitom foi indiciado pelo crime de homicídio duplamente qualificado, além de sequestro e cárcere privado.
Se você presenciar um episódio de violência contra a mulher ou for vítima de um deles, denuncie o quanto antes através do número 180, que está disponível todos os dias, em qualquer horário, seja através de ligação ou dos aplicativos WhatsApp e Telegram.
O mesmo número também atende denúncias sobre pessoas idosas, pessoas com deficiência, pessoas em restrição de liberdade, comunidade LGBT e população em situação de rua. Além de denúncias de discriminação étnica ou racial e violência contra ciganos, quilombolas, indígenas e outras comunidades tradicionais.