O laudo pericial da Polícia Técnico-Científica de São Paulo confirmou que o disparo que causou a morte do menino Ryan Silva Andrade Santos, de 4 anos, durante uma operação da Polícia Militar no litoral paulista no ano passado, foi disparado por um policial.
Ryan foi ferido por um tiro no Morro São Bento, em Santos, no dia 5 de novembro do ano passado, enquanto ocorria uma ação da PM.
Sete policiais foram afastados na ocasião, mas já estão de volta às atividades.
O laudo apontou que o tiro que atingiu o menino foi disparado por uma arma calibre 12 utilizada pelo cabo Clovis Damasceno de Carvalho Junior, o único policial com esse tipo de armamento durante a operação.
A perícia revelou que o projétil não atingiu Ryan diretamente; ele primeiro atingiu uma superfície dura não especificada pelos peritos, antes de atingir e matar a criança.
No dia do ocorrido, os policiais militares estavam em perseguição a dois menores suspeitos de cometerem crimes no Morro São Bento. Ryan brincava com outras crianças na calçada em frente à casa de uma prima quando foi atingido por um disparo no abdômen.
O menino foi levado à Santa Casa de Santos, mas não sobreviveu aos ferimentos. Além dele, os dois suspeitos perseguidos, com idades de 15 e 17 anos, também foram baleados.
O mais velho morreu instantaneamente, enquanto o outro foi internado sob escolta policial. Uma mulher de 24 anos também foi ferida por um tiro de raspão.
O laudo do Instituto de Criminalística (IC) foi anexado ao Inquérito da Polícia Militar (IPM) que apura o caso.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), os sete policiais envolvidos na ação foram afastados das ruas e já retornaram ao trabalho sem restrições, após cumprirem os procedimentos internos exigidos pela PM em situações que resultam na morte de civis inocentes.
Na ocasião do caso, os PMs afirmaram que não houve perseguição. Eles alegaram que estavam patrulhando a área normalmente quando os criminosos atiraram contra eles, levando à reação dos policiais.
Operação em Santos (SP)
Conforme registrado no boletim de ocorrência, equipes da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam) realizavam um patrulhamento de rotina entre as ruas São Sérgio e São Fernando, quando se depararam com aproximadamente dez indivíduos, alguns deles pilotando motos.
Ao notarem a presença dos policiais, os suspeitos correram em direção a um ponto de venda de drogas. Os agentes, então, saíram das viaturas e iniciaram as buscas. Em seus depoimentos, os PMs relataram que os suspeitos começaram a disparar e, em resposta, revidaram e pediram apoio.
Uma outra equipe da PM chegou pela parte superior do morro e surpreendeu pelo menos oito dos suspeitos, que voltaram a disparar contra os policiais. Foi durante essa segunda troca de tiros que dois adolescentes foram atingidos.
Segundo a polícia, os outros suspeitos conseguiram escapar pela área de mata. Os policiais apreenderam três motocicletas — uma delas era produto de furto — além de armas e um radiocomunicador.
Os policiais se defenderam e são vítimas também. Atuaram para proteger a própria vida de agressão de criminosos, mas lamentamos muito o resultado que foi a morte do menino e temos outra moça de 24 anos que também foi ferida de raspão explicou o coronel.
Os adolescentes feridos foram socorridos e levados para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Zona Noroeste e para a Santa Casa de Santos. Gregory Ribeiro Vasconcelos, de 17 anos, não sobreviveu.