No sábado (22), por volta das 9h, um homem de 49 anos foi surpreendido por um golpe de mata-leão aplicado pelo seu patrão, de 42 anos.
Esse ataque deu início a mais de oito horas de tortura em um ferro-velho no bairro Centro, em Canoas, na Região Metropolitana. A vítima conseguiu sobreviver e escapar. O suspeito foi detido na quinta-feira (27). Os nomes dos envolvidos não foram divulgados.
Após o golpe, conforme informações da polícia, o homem foi algemado e preso a um fogão a lenha. Em seguida, o proprietário do local usou um maçarico para queimar os cabelos da vítima e provocou queimaduras de segundo grau com choques elétricos e água fervente.
A polícia também informou que uma furadeira elétrica foi utilizada durante a tortura, sendo direcionada aos joelhos da vítima. Em um ato de extrema crueldade, o homem foi forçado a amputar parte do próprio dedo.
A vítima disse que o suspeito exigia que ele confessasse um furto do seu dinheiro e cartão de crédito durante toda a sessão de tortura. Nenhum furto aconteceu. Não tem registro de ocorrência. Nada. Por sadismo ele (o suspeito) arrebatou e torturou explicou o delegado Marco Antônio Arruda Guns, da 1ª Delegacia de Polícia de Canoas.
O suspeito também utilizou martelos, além de chutes e socos durante as agressões.
Fuga através do conhecimento
Por cerca de seis meses, a vítima trabalhou e residiu no local, o que lhe proporcionou familiaridade com a arquitetura do espaço e facilitou sua fuga.
Durante os atos brutais, ele conseguiu se aproximar lentamente de um instrumento — o mesmo usado para amputar seu dedo — com o intuito de cortar as correntes que o prendiam.
De acordo com o delegado Cristiano Reschke, diretor da delegacia regional de Canoas, mesmo ferido, o homem reuniu coragem e pulou o muro do local, conseguindo escapar após mais de oito horas sob tortura.
Ele buscou abrigo na casa da ex-companheira e logo procurou atendimento médico. O hospital acionou as autoridades locais, iniciando assim as investigações.
O suspeito tentou localizar a vítima após o crime, mas não teve sucesso. “A vítima já tinha ouvido falar que ele (o suspeito) era extremamente violento e que ele gostava de torturar pessoas“, acrescentou o delegado Marco Antônio Arruda Guns.
Detenção e investigação
Na tarde desta quinta-feira (27), o proprietário do estabelecimento foi detido temporariamente, sob suspeita de torturar e manter um funcionário em cativeiro. Ele deve prestar esclarecimentos à polícia nesta sexta-feira (28).
De acordo com a Polícia Civil, o detido possui histórico criminal por furto e é suspeito de ser usuário de substâncias como crack e cocaína. O negócio que ele gerenciava é conhecido na área por negociar cobre.
Duas mulheres, identificadas como mãe e namorada do suspeito, também estavam presentes durante as agressões. Elas passarão por investigação.
Mandados de busca e apreensão foram executados nesta quinta-feira no local do crime. Durante a operação, foram encontrados os instrumentos utilizados na tortura, além de uma arma de fogo do tipo garrucha.
O Instituto-Geral de Perícias (IGP) está realizando análises técnicas no local e nos itens apreendidos. A avaliação inicial revelou possíveis vestígios de sangue em um alicate corta-corrente, que poderia ter sido utilizado para amputar o dedo da vítima.