O fisiculturista Wenderson Rodrigues de Souza, responsável pela morte da vendedora Carla Gobbi em uma loja na Grande Vitória, morreu neste domingo (30).
A Secretaria Estadual de Justiça (Sejus) confirmou que ele perdeu a vida no Centro de Detenção Provisória de Vila Velha, onde estava detido desde o dia do crime.
Wenderson, de 30 anos, começou a se sentir mal, e os companheiros de cela alertaram os policiais penais de plantão. Conforme informa a Sejus, ele foi atendido por funcionários e transferido para a Unidade de Saúde do Sistema Prisional (USSP), onde chegou sem vida.
Por volta das 16h, a secretaria anunciou que a causa da morte ainda não havia sido determinada. A Sejus destacou que todos os procedimentos necessários, incluindo a notificação às autoridades policiais e judiciárias, estão sendo realizados.
Investigação encerrada
A Polícia Civil finalizou o inquérito sobre o assassinato de Carla Gobbi e comunicou no dia 25 que Wenderson Rodrigues foi indiciado por feminicídio.
A delegada Raffaella Aguiar, que liderou as investigações, esclareceu que não havia relação próxima entre o autor do crime e a vítima, mas foi identificado um “menosprezo pela figura da mulher de modo geral“. Dois aspectos aumentaram a pena de Wenderson: Carla tinha uma filha de dois anos e não teve chance de defesa.
Ataque à vendedora em 10 de março
O fisiculturista foi detido logo após atacar e assassinar Carla Gobbi Fabrete, de 25 anos, no bairro Glória, em Vila Velha. A vendedora foi socorrida, mas devido à gravidade dos ferimentos, faleceu no dia seguinte no hospital.
Natural de São Gabriel da Palha, no Norte do Espírito Santo, ela deixou um marido e uma filha pequena.
Conforme o Boletim de Ocorrência da Guarda Municipal de Vila Velha, Wenderson entrou na loja e foi registrado por câmeras de segurança interagindo com Carla. Em determinado momento, ele a levou para os fundos do estabelecimento e a esfaqueou no pescoço.
Quem era Wenderson
Wenderson Rodrigues era conhecido por vender doces fantasiado de Homem-Aranha. Nas redes sociais, se apresentava como técnico em Enfermagem, animador de eventos, fotógrafo e poeta. Em outro perfil, se descrevia como bicampeão estadual de fisiculturismo e coach em emagrecimento e desenvolvimento pessoal.
No bairro da Glória, ficou reconhecido entre moradores e comerciantes por sua atividade com doces, afirmando que isso ajudava a financiar seus estudos na área da saúde.
Ele já concedeu diversas entrevistas, narrando uma jornada repleta de altos e baixos. Em 2016, após não conseguir vencer uma competição de fisiculturismo, mergulhou em um período de dependência de álcool e drogas.
Durante esse tempo conturbado, tentou roubar um carro, foi agredido por pessoas que passavam e acabou passando três meses na prisão. Dentro do sistema penitenciário, declarou ter encontrado a fé cristã e decidiu transformar sua vida.
Após sua liberação, começou a vender doces nas ruas de Vitória e Vila Velha para custear seus estudos. Nesse período, também compartilhava mensagens inspiradoras em suas redes sociais.
Wenderson enfrentou um pedido de medida protetiva contra ele com base na Lei Maria da Penha, porém o caso foi arquivado no ano passado devido à “ausência de manifestação da requerente“, conforme a decisão judicial.
A Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) confirmou que ele esteve no sistema prisional entre março de 2018 e julho de 2019 por um crime de roubo e por infrações relacionadas à Lei Maria da Penha (11.340/06).
Captura após o crime
Depois de atacar a atendente com uma faca, Wenderson fugiu para uma rua próxima ao local do ocorrido. Ele foi encontrado ferindo-se com a mesma faca utilizada no crime.
Foi socorrido e levado ao Hospital Estadual Antônio Bezerra de Farias, na mesma cidade. Segundo o relatório da Guarda, ele apresentou um comportamento agressivo durante o atendimento e tentou retirar os curativos, o que levou à necessidade do uso de algemas. Dias depois, recebeu alta e foi encaminhado novamente ao presídio.