Na manhã deste domingo, o policial militar Fernando Ribeiro Baraúna foi detido após tirar a vida do feirante Pedro Henrique Morato Dantas na Praça Panamericana, localizada na Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro.
Segundo informações da Polícia Militar, o agente estava de folga e confessou ter atirado contra o feirante. Testemunhas nas redes sociais relatam que, antes do disparo, o policial e sua esposa saíram de uma casa noturna e confundiram Pedro Henrique com um criminoso.
Conforme a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), o PM foi preso e levado à 22ª DP (Penha), onde foi autuado em flagrante por homicídio qualificado. O caso já foi encaminhado à justiça.
Relatos de testemunhas indicam que a esposa do policial afirmou ter sido assaltada por Pedro Henrique, que vendia pastéis na feira local. No entanto, de acordo com essas mesmas testemunhas, o jovem estava se preparando para trabalhar na montagem das barracas quando foi surpreendido pelos tiros.
Em um vídeo que circula nas redes sociais, uma colega de trabalho de Pedro Henrique grava o momento em que a vítima ainda se encontra no chão da Praça Panamericana após ser baleada pelo PM.
No vídeo, ela filma o policial e sua esposa enquanto clama por justiça: “Olha, a gente estava trabalhando na barraca de pastel e meu amigo trabalhador, que frita o pastel…Olha, ele matou meu amigo trabalhador“, declarou a funcionária de uma das barracas.
Resposta imediata das autoridades
O comando do 16° BPM (Olaria) informou que equipes foram acionadas na manhã deste domingo para verificar uma ocorrência de disparos de arma de fogo na Praça Panamericana. No local, os policiais encontraram um homem ferido. O Corpo de Bombeiros também foi chamado e confirmou o óbito.
Fernando Ribeiro Baraúna admitiu ter efetuado os disparos e foi levado à 22ª DP (Penha) e posteriormente à Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). A Corregedoria da corporação foi acionada e está investigando o caso internamente.
Em nota oficial, a Polícia Militar afirmou que “o comando da corporação reitera que não compactua com cometimento de excessos e crimes realizados por seus entes, punindo com rigor os envolvidos quando constatados os fatos“.
Abaixo está a íntegra da nota da PM sobre o caso:
A Assessoria de Imprensa da SEPM informa que, neste domingo (6/4), de acordo com o comando do 16° BPM (Olaria), equipes da unidade foram acionadas para verificar uma ocorrência envolvendo disparos de arma de fogo na Praça Panamericana, na Penha. No local, os policiais encontraram um homem ferido. O Corpo Bombeiros foi acionado e constatou o óbito. Também foi localizado um policial militar de folga que alegou ter efetuado os disparos. Ele foi conduzido à 22ª DP e, posteriormente, à DH da Capital. A Corregedoria da Corporação foi acionada e um procedimento apuratório interno foi instaurado.
Repetição de tragédias na Penha
A situação de Pedro Henrique Morato Dantas remete ao incidente envolvendo o estudante e jornalista Igor Melo, que foi baleado por engano na Penha, em fevereiro deste ano, por um policial militar aposentado. Igor havia acabado de deixar a casa de festas Batuq, onde atuava como garçom durante a noite, quando foi atingido pelo disparo do PM. Ele perdeu um rim em decorrência do tiro, mas conseguiu sobreviver. Infelizmente, Pedro Henrique não teve a mesma sorte — o disparo foi mortal.
As semelhanças vão além disso. No caso de Igor, a esposa do policial também teve um papel na tragédia, ao identificá-lo como assaltante — assim como ocorreu agora com Pedro Henrique. Em ambos os casos, as parceiras dos agentes contribuíram para confundir as vítimas com criminosos.
Antes de ser inocentado de qualquer acusação, Igor Melo passou horas no hospital sob a vigilância da polícia, sem poder ter contato com sua família.