Três médicas que atuam no Hospital Centenário, localizado em São Leopoldo, no Vale do Sinos, estão sob investigação policial em decorrência da morte de uma recém-nascida.
O caso ocorreu na última quarta-feira (9), e as obstetras foram afastadas de suas funções. A mãe da criança continua internada na instituição.
Detalhes do acontecimento
Conforme o relato do pai, sua esposa, de 35 anos, foi admitida no hospital na tarde de segunda-feira (7), queixando-se de dores. A gravidez era considerada de risco devido à diabetes gestacional.
Na manhã seguinte, a equipe obstétrica optou por induzir o parto. Segundo o pai, a recém-nascida pesava 5,3 quilos, e o parto normal não se desenrolou como esperado. Ele menciona que a esposa “fez força por muito tempo, estava fraca” e que solicitaram uma cesárea, mas o pedido foi negado pelos médicos.
“Depois de muito tempo, saiu parte da cabeça da bebê e trancou, não conseguiram mais tirar. Foi nesse momento que começou o terror. Uma obstetra pulou em cima da minha esposa para tentar tirar a nenê, enquanto outra médica puxava. Depois, tentaram empurrar a minha filha de volta e não conseguiram. Aí que decidiram fazer a cesárea“, relatou o homem de 34 anos.
Consequências e tratamentos subsequentes
Após a cirurgia, a recém-nascida foi transferida para o Hospital Conceição, em Porto Alegre. A mulher precisou passar por uma operação para remoção do útero e foi levada à Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Centenário. Ela permanece hospitalizada.
De acordo com o pai, foi no Hospital Conceição que ele tomou conhecimento da gravidade da condição da filha. A menina faleceu por volta das 16h de quarta-feira (9) e foi sepultada em Novo Hamburgo.
Ela ficou 10 minutos sem oxigênio, teve a clavícula quebrada e os nervos dos braços estavam arrebentados. Machucaram muito a cabeça dela. Tinha arranhões nos braços e no pescoço relatou o pai.
Em resposta à reportagem do portal GZH, o Hospital Conceição informou que a bebê nasceu em parada cardíaca e foi levada à UTI Neonatal do Hospital da Criança Conceição em estado gravíssimo. Contudo, apesar dos esforços da equipe médica, houve uma deterioração no estado da menina, que faleceu menos de 24 horas após sua entrada no hospital.
Médicas são afastadas
Segundo o Hospital Centenário, as médicas envolvidas são terceirizadas e foram contratadas por uma empresa para prestar serviços de saúde. A instituição instaurou uma sindicância interna e afastou as profissionais. Os nomes delas não foram divulgados.
A Polícia Civil investiga se houve negligência no ocorrido. De acordo com o delegado responsável, André Serrão, o hospital foi solicitado a fornecer as informações necessárias. As médicas deverão prestar depoimento ainda nesta semana.
Ainda aguardamos o envio do relatório de obstetrícia, documento que detalha as intercorrências do parto. Com isso, vamos poder entender o que aconteceu no momento do nascimento. O caso ainda não é tratado como homicídio culposo para podermos analisar todas as possibilidades esclareceu o delegado.
O Hospital Centenário afirmou que todas as informações requisitadas estão sendo encaminhadas às autoridades competentes. O caso está sob acompanhamento da direção técnica, direção médica e da comissão de ética da instituição.
O Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) informou que ainda não recebeu notificação oficial sobre o caso.