A Polícia Civil de Ribeirão Preto, em São Paulo, solicitará a exumação do corpo de Nathalia Garnica, 42 anos, irmã do médico Luiz Antonio Garnica, 38, que foi detido na terça-feira (6) sob suspeita de envolvimento no envenenamento de sua esposa, a professora Larissa Talle Leôncio Rodrigues, 37 anos.
Larissa foi encontrada morta em 22 de março no apartamento que compartilhava com o médico na zona sul da cidade (a 313 km da capital paulista). A mãe de Garnica, Elizabete Arrabaça, 67 anos, também foi presa. Ambos alegam inocência. Nathalia faleceu em fevereiro devido a um infarto.
Segundo o delegado Fernando Bravo, responsável pela investigação, o pedido de exumação visa esclarecer se a morte de Nathalia está relacionada a envenenamento, devido às semelhanças observadas nas mortes da esposa e da irmã do médico.
Um exame toxicológico revelou a presença de chumbinho no corpo de Larissa. Guardas-civis metropolitanos foram ao apartamento do casal no Jardim Botânico após o médico relatar que encontrou a mulher caída no banheiro ao chegar em casa.
Em seu depoimento, ele afirmou que tentou reanimá-la colocando-a na cama, mas não obteve sucesso e acionou o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), que confirmou o óbito da professora.
No caso de Nathalia, conforme o delegado, as circunstâncias foram semelhantes. “A forma foi semelhante, a mãe ligou para o médico, que foi lá e fez massagem cardíaca. Foi muito semelhante. Porém nós não podemos falar que houve homicídio ou não sem a análise técnica da prova, que vai ser esclarecida através de laudo pericial“, declarou Bravo.
A família Garnica possui uma forte conexão com Pontal, um município com 37 mil habitantes na região metropolitana de Ribeirão Preto. Nathalia se candidatou a vereadora pelo MDB nas eleições de outubro passado, recebendo 153 votos, mas não foi eleita.
Seu pai, Antonio Luiz Garnica, exerceu o cargo de prefeito duas vezes entre 2001 e 2008.
O médico foi detido em uma clínica e levado para a cadeia pública de Santa Rosa de Viterbo, enquanto sua mãe foi presa no Jardim Irajá. Ela passou mal e foi encaminhada a um hospital particular, recebeu alta e, em seguida, foi levada para a prisão. Ambos compareceram à audiência de custódia na quarta-feira (7).
A prisão de ambos é temporária, com duração de 30 dias, conforme informações da polícia.
Para o delegado, a implicação do médico na morte da esposa ficou clara pela maneira como ele se comportou. Garnica formou-se em 2011 na Universidade de Ribeirão Preto.
Ficou evidente para nós, pela forma que ele encontrou a Larissa, ela já estava com rigidez cadavérica. Ele tentava limpar o apartamento como se fosse tentar se desfazer de provas, para a perícia técnica não detectar alguma prova contra ele. Isso nos deu segurança para pedir a prisão dos dois afirmou.
Smartphones e notebooks que foram apreendidos na semana passada serão analisados para tentar descobrir a motivação do suposto crime.
Na noite anterior à morte, o médico estava na casa de uma estudante com quem mantinha um relacionamento há mais de um ano, segundo o depoimento dela à polícia. Ela também está sob investigação e teve seu celular confiscado.
O delegado declarou que a investigação revelou indícios de que o veneno foi administrado gradualmente a Larissa e que isso pode estar relacionado à sogra.
Ela [Larissa] relatou inclusive para algumas amigas que toda vez que a sogra saía de casa ela passava mal, teve diarreia, então teve alguns sintomas que já estavam indicando, hoje a gente percebe, o envenenamento disse em uma coletiva de imprensa.
Defesa alegando ilegalidade da prisão
O advogado Júlio Mossin, que representa o médico, afirmou que ainda não teve acesso aos documentos do caso e defendeu a inocência do cliente.
Segundo o advogado, Garnica não foi responsável pela morte da esposa nem colaborou para que isso acontecesse, considerando sua prisão ilegal.
Ao deixar a delegacia nesta quarta-feira para ser levada à audiência de custódia, a mãe do médico declarou aos jornalistas também ser inocente. “Não tenho culpa de nada, gente, para com isso, é pecado.”