O advogado da família da professora de pilates Larissa Rodrigues revelou que houve movimentação em sua conta bancária após ela ser envenenada e encontrada morta em Ribeirão Preto (SP) em março deste ano.
O médico Luiz Antonio Garnica foi detido sob suspeita de envolvimento no falecimento da esposa, e sua mãe também foi presa por suposta participação no crime.
Divórcio pode ter motivado o crime
Na quarta-feira (7), o Ministério Público informou que a professora pode ter sido assassinada devido à sua intenção de se divorciar do marido.
Conforme explicou o advogado Matheus Fernando da Silva, a mãe de Larissa faleceu recentemente, deixando um seguro de vida. Silva enfatizou, porém, que a família não tem conhecimento sobre como a quantia recebida pela professora foi utilizada.
A mãe da Larissa faleceu faz cinco meses, e o seguro de vida, prefiro não falar o valor, foi partilhado entre o pai, um irmão e a Larissa. A família não sabe o que ele [Luiz] fez com o dinheiro. O dinheiro, como ela faleceu, pela lei, passa a ele, mas acredito que o caminho da investigação vai querer saber disso. A pessoa que movimentou a conta da Larissa pós-morte não tinha autorização afirmou.
Crise conjugal e vigilância constante
Uma amiga de Larissa comentou que a professora enfrentava um casamento problemático e vivia sob vigilância constante do marido.
A empresária Maísa Ramos relatou que Garnica começou um curso de pós-graduação em São Paulo e, segundo informações da amiga, passou a apresentar um comportamento mais afastado. Além disso, antes de falecer, Larissa havia descoberto que tinha sido traída pelo médico.
O advogado notou também o comportamento frio do suspeito após sua prisão.
Na prisão, ele não falou em nenhum momento: ‘quero saber quem foi que envenenou minha esposa’. E, sim, muito preocupado com ele acrescentou Silva.
Defesas dos acusados se pronunciam
A defesa do médico informou que ainda não teve acesso às provas coletadas pela polícia e reafirmou a inocência de Garnica.
Por sua vez, a defesa de Elizabete Arrebaça, mãe dele, anunciou que pedirá liberdade para a idosa, alegando problemas de saúde e as inadequadas condições das cadeias públicas na região para o tratamento necessário.
Desinteresse pela condição financeira
A manicure de Larissa e sua mãe, Alessandra Xavier de Marchi, revelou à EPTV, afiliada da TV Globo, que a condição financeira da professora era negligenciada pela família do médico.
“A própria Maria Celia [mãe de Larissa] chegou a comentar comigo que eles faziam descaso da Larissa pela situação financeira, pelo pai que morava do lado de cá, e não na zona Sul. A mãe dela chegou a comentar isso comigo“, recorda.
Solicitação de divórcio
O Ministério Público teve acesso a mensagens que Larissa Rodrigues enviou ao marido em relação à separação do casal.
“O que a investigação aponta, até o momento, é bom deixar claro, é que a vítima tensionava, buscava o divórcio do investigado. Inclusive já tinha mandado mensagens para ele na véspera, na noite anterior ao crime, dizendo que na segunda-feira eles poderiam entrar em contato com o advogado para resolver tudo. Então, me parece que a motivação do crime é com relação ao pedido de divórcio”, afirma o promotor de Justiça, Marcus Tulio Nicolino, que acompanha o caso.
Em depoimento à Polícia Civil, uma prima alegou que Larissa chegou a confrontar o parceiro, que negou qualquer traição.
Para o promotor, uma possível disputa por bens entre os dois não pode ser descartada na investigação.
A prisão de Garnica e de sua mãe, Elizabete Arrabaça, é temporária e se estende por 30 dias.
Com as detenções e a partir das informações extraídas de celulares e computadores apreendidos, o delegado Fernando Bravo, responsável pela investigação, espera elucidar a motivação do crime.
O telefone da amante do médico também foi confiscado. Em seu depoimento à polícia, segundo o promotor, ela afirmou ter passado a noite com o médico antes da morte de Larissa.
Chumbinho identificado em exame
O laudo toxicológico realizado no corpo da vítima indicou a presença de chumbinho em seu organismo. Esse resultado, juntamente com o depoimento de uma testemunha, foi crucial para a prisão da mãe e do filho, segundo o delegado.
“No decorrer das investigações, fomos ouvindo diversas testemunhas que levantaram as suspeitas de que pudesse ter sido um homicídio. Isso foi confirmado com a conclusão do laudo toxicológico que detectou a presença do veneno conhecido popularmente como chumbinho no corpo dela“, disse Fernando Bravo.
Uma dessas testemunhas é amiga da mãe de Garnica. Ela contou à Polícia Civil que 15 dias antes da morte da professora, Elizabete entrou em contato perguntando se ela tinha chumbinho em sua fazenda ou se sabia onde poderia encontrá-lo.
De acordo com a testemunha, Elizabete mencionou que o veneno era para uma amiga. Ela desligou após ouvir que a mulher não tinha e não sabia como adquiri-lo.
A investigação procura descobrir como mãe e filho obtiveram a substância e de que forma ela foi administrada.
Uma das hipóteses levantadas pelo delegado é que Larissa pode ter sido envenenada gradualmente, já que ela mencionou a amigos que se sentia mal sempre que recebia a visita da sogra. Além disso, as apurações indicam que Elizabete foi a última pessoa a vê-la viva na noite anterior ao falecimento.
“Isso é um indicativo de que ela foi sendo envenenada aos poucos, o que corrobora todas as informações que pegamos, ter passado mal durante a semana, após a visita da sogra. Isso é um indicativo de que ela, para nós, foi envenenada aos poucos“, afirmou Bravo.