Diversos ativistas associados à organização Coalizão Flotilha da Liberdade (Freedom Flotilla Coalition – FCC), que se opõe ao bloqueio imposto por Israel à Gaza, relataram que soldados israelenses detiveram seu barco.
A tripulação estava em uma missão humanitária, tentando entregar suprimentos essenciais à Faixa de Gaza na segunda-feira (9). Entre os presentes no barco estavam a renomada ativista ambiental Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila.
Os ativistas partiram do sul da Itália há aproximadamente uma semana, com a missão de levar alimentos e medicamentos à população civil de Gaza. A embarcação navegava em águas internacionais, ainda longe da costa, quando foi interceptada.
Mais cedo, o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, declarou que tomaria todas as medidas necessárias para impedir que o barco chegasse a Gaza. O governo israelense mantém o território sob um cerco rigoroso, justificando que essa medida é essencial para evitar que o Hamas receba armas e apoio externo.
Apelos por libertação
Após a interceptação pelos soldados, em um vídeo divulgado pela comunicação do grupo, Greta solicita que seus seguidores e familiares pressionem o governo sueco para exigir sua libertação por parte de Israel. As imagens foram gravadas antes da interceptação.
Se você está vendo este vídeo, nós fomos interceptados e sequestrados em águas internacionais por forças israelenses de ocupação ou forças apoiadas por Israel afirma Greta na gravação.
Thiago Ávila também gravou um vídeo antes de ser interceptado. Nele, ele pede que o governo brasileiro seja pressionado para garantir a libertação dos ativistas, assim como Greta.
Além disso, o ativista brasileiro solicita que o governo “quebre” suas relações com Israel, numa tentativa de acabar com o genocídio.
O que diz o Ministério das Relações Exteriores de Israel?
O Ministério das Relações Exteriores de Israel declarou que o barco estava “navegando em segurança em direção à costa de Israel”, acrescentando que os passageiros estavam “ilesos” e deveriam ser “repatriados para seus países de origem”.
A imprensa israelense noticiou que o navio chegou à cidade de Ashdod. Segundo as reportagens, seriam exibidos aos ativistas vídeos dos ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, quando cerca de 1,2 mil pessoas foram mortas e mais de 250 foram sequestradas.
Pedido de liberdade
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil emitiu uma nota solicitando que Israel libere os tripulantes que foram detidos pela marinha israelense. “Ao recordar o princípio da liberdade de navegação em águas internacionais, o Brasil insta o governo israelense a libertar os tripulantes detidos”, afirma a nota.
No texto, o Ministério faz um apelo para que Israel remova imediatamente todas as restrições à entrada de ajuda humanitária em território palestino, de acordo com suas obrigações como potência ocupante. E informa que as embaixadas brasileiras na região estão sob alerta para, caso necessário, prestar a assistência consular cabível, em consonância com a Convenção de Viena sobre Relações Consulares.
Leia a nota na íntegra
“O governo brasileiro acompanha com atenção a interceptação, pela marinha israelense, da embarcação Madleen, que se dirigia à costa palestina para levar itens básicos de ajuda humanitária à Faixa de Gaza e cuja tripulação, composta por 12 ativistas, inclui o cidadão brasileiro Thiago Ávila.
Ao recordar o princípio da liberdade de navegação em águas internacionais, o Brasil insta o governo israelense a libertar os tripulantes detidos.
Sublinha, ademais, a necessidade de que Israel remova imediatamente todas as restrições à entrada de ajuda humanitária em território palestino, de acordo com suas obrigações como potência ocupante.
As Embaixadas na região estão sob alerta para, caso necessário, prestar a assistência consular cabível, em consonância com a Convenção de Viena sobre Relações Consulares.”
Navegação interrompida
O barco operado pela FFC partiu da Sicília em 6 de junho e esperava chegar a Gaza no fim do dia, quando ocorreu a interceptação, informou o grupo em uma conta no Telegram.
Pouco antes da declaração da FFC, o Ministério das Relações Exteriores de Israel postou um vídeo no X (antigo Twitter) mostrando a Marinha israelense se comunicando com o barco por meio de um alto-falante, pedindo para que mudem de rota. “A zona marítima ao largo da costa de Gaza está fechada ao tráfego naval como parte de um bloqueio naval legal“, afirmou um soldado.
Se você deseja entregar ajuda humanitária à Faixa de Gaza, pode fazê-lo através do porto (israelense) de Ashdod prosseguiu.
Por volta das 9h, o jornal israelense “Israel Hayom” divulgou que o Serviço Prisional de Israel está se preparando para receber os ativistas e preparou celas separadas para eles na Prisão de Givon, na cidade de Ramla.