Entre as novidades que dominam listas de desejo mundo afora, o simpático — e levemente assustador — Labubu tornou-se item de bolso para fashionistas e celebridades como Kim Kardashian.
A figura, concebida pelo designer de Hong Kong Kasing Lung, exibe orelhas pontudas, olhos arregalados e um sorriso cheio de dentinhos, remetendo a um duende travesso.
Com pelo tingido em tons vibrantes, expressão brincalhona e acabamento premium em vinil, o personagem virou sensação viral nos últimos meses, rendendo milhares de vídeos de unboxing. O hype ganhou força graças ao sistema blind box, em que o comprador só descobre qual modelo recebeu após abrir a embalagem. Para completar a coleção, muitos adquirem várias caixas ou recorrem a trocas e leilões online.
A lógica da surpresa também impulsiona linhas como Sonny Angels, SkullPandas e bonecos Hirono, todos vendidos em caixas-mistério que transformam a compra em verdadeira caça ao tesouro.
Esse formato sustenta um mercado global em constante expansão, com crescimento impulsionado pela Popmart — gigante chinesa que lidera o setor de designer toys.
No caso do Labubu, a Popmart comercializa tanto em blind boxes quanto em peças avulsas. Cada caixa custa cerca de US$ 22 (aproximadamente R$ 127), valor que sobe quando o produto chega via importadoras, já que a marca ainda não possui distribuição oficial no Brasil.
Versões raras dispararam no mercado secundário
Após o boneco viralizar, edições limitadas passaram a circular por cifras bem acima do original. Colaborações especiais — como a série com a Coca-Cola — atingem US$ 120 (cerca de R$ 685) por unidade, enquanto modelos em tamanho gigante já ultrapassaram a marca de US$ 100 mil em leilões internacionais.
Embora a mania pareça recente por aqui, Labubus fazem sucesso na Ásia desde 2019 e desembarcaram nos EUA no início de 2024. A cantora Lisa, do grupo de k-pop Blackpink, exibiu o chaveiro em abril e gerou filas em pontos de venda de Seul a Los Angeles. Já Kim Kardashian, nos EUA, virou notícia após seu filho Saint West demonstrar interesse pelo personagem nas redes sociais.
De onde surgiram os Labubus?
Criados em 2015, os Labubus integram o portfólio de Kasing Lung, artista nascido em 1972, criado na Holanda e atualmente radicado na Bélgica. Apaixonado por folclore nórdico, Lung lançou o projeto “The Monsters” inicialmente por uma editora independente. Em 2019, ele firmou parceria com a Popmart, impulsionando a popularidade global da linha.
De elfo travesso a mascote pop, o design evoluiu: em 2019, recebeu traços mais “fofos”, com olhos maiores e cores pastel que dialogam com a coleção “Exciting Macaron”, inspirada em confeitaria francesa. Atualmente, já existem mais de 300 variações oficiais, de miniaturas de 8 cm a estátuas colecionáveis de grandes proporções.
Outra criação de Lung é o Zimomo — praticamente idêntico ao Labubu, porém com cauda de dinossauro. Justamente por esse detalhe e tiragens menores, os Zimomos costumam valer mais: edições especiais ultrapassam R$ 1.000 e se esgotam rapidamente em sites especializados.
Popmart avança no mercado global
Fundada em 2010, a Popmart adotou o modelo de “consumo emocional”, combinando designers stars, lançamentos mensais e eventos de troca presenciais. Fora da Ásia, já opera lojas em Paris, Londres, Nova York e planeja chegar a São Paulo nos próximos anos. A marca também aposta em máquinas automáticas de venda — as roboshops — espalhadas por shoppings e aeroportos em mais de 20 países.
O portfólio inclui colaborações com marcas globais como Disney, Universal Studios, Harry Potter, Coca-Cola e até Times Square, o que ajuda a consolidar a Popmart como a principal referência mundial no segmento de designer toys.
E os Lafufus, o que são?
Quando o hype superou a capacidade de abastecimento nos mercados sem loja oficial, surgiram reproduções não licenciadas. Essas cópias, apelidadas com humor de Lafufus, suprem a demanda em locais como o Brasil, onde o caminho oficial envolve altos custos e taxas de importação.
Por não seguirem o padrão blind box, os Lafufus chegam em embalagens simples, com variações de cor, expressão facial e até tamanho. Ainda assim, muitos colecionadores os incorporam às prateleiras — ora para completar filas cromáticas, ora como alternativa mais acessível — e celebram as diferenças como parte do charme desse mercado em crescimento.