O apresentador Otavio Mesquita entrou com um processo judicial contra a humorista Juliana Oliveira, que foi assistente de palco de Danilo Gentili no programa The Noite, exibido pelo SBT.
Em março, a comediante fez uma denúncia criminal contra Mesquita no Ministério Público, alegando que, durante uma gravação em abril de 2016, ele teria tocado em seu seio e nas partes íntimas, mesmo com ela tentando se afastar e demonstrando desconforto.
Naquela ocasião, no início do programa, Mesquita entrou no palco descendo do teto, preso por um cabo e ao som da música tema do Batman. Quando Juliana se aproximou para remover os equipamentos de segurança, ele a apalpou, além de, segundo a acusação, tocar sua genitália.
Logo depois, Mesquita a prendeu com as pernas e simulou uma relação sexual. “Juliana está fazendo cara feia, mas sei que ela gostou“, comentou Gentili.
Com base na denúncia, o Ministério Público solicitou à polícia que investigasse o caso.
Reação de Mesquita
Sentindo-se ofendido pela “inconsequente de estupro com emprego de força física“, Mesquita ajuizou uma ação por danos morais contra a humorista, pedindo uma indenização de R$ 50 mil. Ele afirmou que pretende destinar esse valor a uma ONG que apoia mulheres vítimas de violência.
Na ação judicial, o apresentador afirmou ser uma pessoa “íntegra, de conduta ilibada“, alegando que tudo não passou de uma cena humorística. “A dinâmica do referido programa era reconhecida justamente pela adoção de esquetes de humor caricatural, em tom cômico, com abordagens muitas vezes sensuais ou provocativas, o que era aceito e praticado por todos os envolvidos — apresentadores, convidados e, inclusive, pela própria Juliana“, afirmaram os advogados de Mesquita à Justiça.
O processo menciona outras situações semelhantes envolvendo “brincadeiras de cunho sexual” com Juliana no programa do SBT. “As brincadeiras da ré [Juliana], incluindo as de cunho sexual, não eram situação incomum. Na verdade, eram a sua forma de atuar especialmente em público com toda a equipe e convidados.”
Foram anexadas ao processo fotos em que Juliana belisca as nádegas de Gentili e outra em que simula uma cena de sexo oral com o cantor Victor da dupla Victor e Leo.
Mesquita argumentou no processo que a acusação de estupro “é um desserviço para a causa feminista num país com tantos graves casos de violência contra a mulher“.
Até o momento, Juliana ainda não foi notificada pela Justiça e, portanto, não apresentou defesa.
Advogado afirma que Mesquita busca “desqualificar moralmente a vítima”
Em entrevista à coluna de Rogério Gentile no portal UOL, o advogado Hédio Silva Júnior, que representa a vítima, declarou que essa é a terceira versão apresentada por Mesquita.
Primeiro, afirmou que a acusação era uma calúnia, depois que foi um excesso em uma brincadeira e agora inventa essa figura do estupro reverso.
O advogado ressaltou que o apresentador tenta “desqualificar moralmente a vítima“. “Isso é algo muito comum em situações envolvendo homens brancos e mulheres negras, ele está tentando criar um álibi para justificar sua conduta.”
Nas redes sociais, a humorista compartilhou que tornar pública sua dor e buscar Justiça foi uma escolha difícil. “Neste momento, escolho o silêncio para me resguardar, organizar meus sentimentos, me afastar dos julgamentos da internet e encontrar apoio da família.”