Em 1995, a BBC, renomada emissora britânica, lançou um desafio ousado para cientistas e pensadores no programa “Tomorrow’s World”: imaginar como seria o mundo dali a 30 anos. Entre os convidados estava o icônico físico teórico britânico Stephen Hawking (1942-2018), conhecido por suas contribuições revolucionárias à física e cosmologia.
Na ocasião, Hawking compartilhou sua visão futurista sobre diversos avanços tecnológicos e mudanças sociais que moldariam o século 21.
Suas previsões, embora arrojadas, mostraram-se surpreendentemente precisas ao longo das décadas seguintes. O físico abordou temas como exploração espacial, transformação digital, avanços na robótica e o impacto de assistentes virtuais no cotidiano.
Exploração espacial e mineração de asteroides
Uma das previsões mais audaciosas feitas por Stephen Hawking dizia respeito à exploração espacial. Segundo o físico, até 2025, a humanidade teria desenvolvido tecnologia suficiente para realizar a mineração de asteroides, com empresas privadas liderando missões para extrair metais raros de corpos celestes próximos à Terra.
A ideia parecia visionária, mas, atualmente, empresas como a SpaceX e a Blue Origin têm explorado cada vez mais o espaço, e projetos voltados à mineração espacial já estão em pauta. A NASA e outras agências espaciais também consideram o aproveitamento de recursos naturais de asteroides como uma estratégia para futuras missões e sustento de colônias espaciais.
Hawking acreditava que a exploração dos recursos minerais do espaço seria uma forma de garantir a sustentabilidade da vida humana na Terra, mitigando a escassez de recursos naturais. Contudo, ele alertava que esse avanço exigiria um desenvolvimento tecnológico robusto e políticas internacionais que regulassem as atividades espaciais.
Lixo espacial: um risco crescente
O físico também destacou outro problema que poderia surgir com o avanço da exploração espacial: o acúmulo de lixo orbital. Hawking advertiu que o aumento de satélites e objetos em órbita poderia se transformar em uma ameaça séria, capaz de comprometer futuras missões e até mesmo prejudicar a comunicação global.
Para solucionar essa problemática, ele sugeriu soluções criativas, como a criação de um gel ou espuma especial capaz de desacelerar e capturar fragmentos espaciais. Atualmente, a questão do lixo espacial é uma preocupação concreta, com agências espaciais e empresas privadas desenvolvendo métodos de coleta e descarte seguro de detritos em órbita.
Transformação digital e onipresença da internet
Outra previsão que se confirmou com impressionante precisão foi sobre a transformação digital. Hawking antecipou que a internet se tornaria onipresente e essencial para a comunicação e o acesso à informação. Naquela época, em 1995, a internet ainda estava em sua fase inicial de popularização, restrita a poucos usuários e com velocidades de conexão extremamente baixas.
No entanto, o físico já previa que a rede mundial se expandiria de forma acelerada, tornando-se uma ferramenta fundamental na vida cotidiana. De fato, a internet transformou a sociedade contemporânea, moldando desde relações pessoais até transações comerciais e acesso ao conhecimento.
Hoje, com a evolução de tecnologias como 5G e fibra óptica, o mundo digital está mais conectado do que nunca. Plataformas de streaming, redes sociais e serviços de nuvem se tornaram parte integral da rotina diária, validando a visão antecipada de Hawking sobre a presença dominante da internet.
Robótica e inteligência artificial no cotidiano
Além da transformação digital, Stephen Hawking também previu o avanço expressivo da robótica. Segundo ele, os robôs não apenas fariam parte do cotidiano, mas também desempenhariam papéis importantes em áreas como a indústria, a medicina e o atendimento ao público.
Nos dias de hoje, a presença de robôs é notável em setores como logística, automação industrial e até no suporte ao consumidor. Máquinas automatizadas realizam desde tarefas repetitivas até operações cirúrgicas de alta precisão, provando o quanto a robótica evoluiu e se tornou indispensável.
Ainda nesse contexto, Hawking vislumbrou o uso massivo de dispositivos inteligentes com assistentes virtuais integrados. Sua previsão se traduziu na atual popularidade de smartphones, eletrodomésticos inteligentes e assistentes de voz, como Alexa, Siri e Google Assistant. Esses dispositivos combinam inteligência artificial com acesso à internet, tornando-se companheiros indispensáveis no cotidiano moderno.
Uma mente brilhante e um legado eterno
Stephen Hawking tornou-se um ícone da ciência moderna, não apenas por suas teorias inovadoras sobre buracos negros e a origem do universo, mas também pela capacidade de antever o futuro tecnológico.
Mesmo diante das limitações físicas impostas pela esclerose lateral amiotrófica (ELA), que o deixou quase totalmente paralisado, ele continuou produzindo conhecimento e compartilhando suas reflexões com o mundo.
Eu acredito que a exploração espacial é fundamental para a sobrevivência da humanidade a longo prazo. Precisamos continuar indo ao espaço para garantir o futuro da raça humana
A trajetória de Stephen Hawking é um exemplo de superação e dedicação à ciência. Seu trabalho incansável abriu novas perspectivas para a física teórica e trouxe reflexões importantes sobre o futuro da humanidade. Mais do que um cientista genial, ele foi um visionário que enxergou além de seu tempo e inspirou gerações com suas ideias.
Legado e impacto das previsões
As previsões feitas por Hawking no programa “Tomorrow’s World” revelam não apenas sua capacidade analítica, mas também seu profundo entendimento das tendências tecnológicas e sociais.
Ao observar como suas projeções se concretizaram ao longo dos anos, fica evidente que sua genialidade transcendeu as barreiras da ciência, influenciando debates e avanços em diversas áreas do conhecimento.
Mesmo após sua morte, em 2018, o legado de Stephen Hawking continua vivo, inspirando cientistas, estudantes e curiosos ao redor do mundo. Seu olhar visionário permanece um marco na história da ciência moderna, provando que o conhecimento humano é capaz de romper fronteiras e desafiar o desconhecido.