De acordo com a psicóloga Maria Tereza Maldonado, autora do livro “Construindo a Felicidade – A Ciência de Ser Feliz Aplicada no Dia a Dia”, muitas vezes temos uma compreensão equivocada sobre o que significa ser feliz.
A especialista explica que há uma ideia arraigada em nossa cultura de que felicidade é sinônimo de euforia constante, de uma existência livre de problemas. No entanto, esse conceito é simplista e ilusório:
“As pessoas acham que felicidade é um estado permanente de euforia, ter uma vida sem problemas. E não é bem assim”, destaca Maria Tereza. “Tem gente que fala: ‘Ah, felicidade é fazer o que gosto!’. Digo que isso é uma maneira de buscar prazer, mas não é uma construção a longo prazo da felicidade, pois na vida temos que fazer o que não gostamos também. E vamos deixar de ser felizes por isso?”
Três hábitos que devem ser eliminados
A psicóloga enfatiza que a felicidade não é um traço de personalidade fixo, mas sim um hábito que pode ser aprendido e fortalecido com o tempo.
No entanto, isso exige esforço, consciência e prática constante. Para alcançar esse estado mais duradouro de bem-estar, alguns comportamentos precisam ser abandonados.
1. Pensamentos negativos e destrutivos
Maria Tereza alerta que pensamentos repetitivos, negativos e sem qualidade podem corroer nossa energia e minar a forma como nos relacionamos com o mundo.
Quando nos deixamos dominar por esse padrão mental, afetamos não apenas a nossa autoestima, mas também o relacionamento com o parceiro, a família, colegas de trabalho e até com estranhos. Essa negatividade crônica se torna um obstáculo para o crescimento pessoal e para o cultivo de relações saudáveis.
2. Falta de gratidão
A ingratidão é um dos principais bloqueios à felicidade, segundo a psicóloga. Ser incapaz de reconhecer o valor do que já foi conquistado nos impede de sentir satisfação e plenitude.
“Ter um comportamento oposto [de gratidão] é o que nos dá apoio para que, mesmo nos momentos mais difíceis da vida —como quando enfrentamos obstáculos, problemas e desafios— passemos pela situação sem fraquejar. Tudo isso são maneiras de ser feliz”, afirma.
Cultivar a gratidão, mesmo em situações adversas, fortalece a resiliência emocional e amplia nossa percepção sobre o que realmente importa.
Na nossa vida existem muitas coisas de que não gostamos e pessoas que nos desapontam, por exemplo. Mas, se olharmos para o que a vida sempre nos oferece, percebemos que alguns problemas são justamente a oportunidades de desenvolver o talento para resolver essas questões Maria Tereza Maldonado, psicóloga
3. Ausência de propósito
Outro fator que pode contribuir para a infelicidade é viver sem um propósito claro. Quando não usamos nossos talentos, competências e paixões para algo significativo, a vida pode parecer vazia e desorientada.
Maria Tereza destaca que investir nosso tempo e energia em causas, projetos ou relações que nos mobilizem é essencial. A ausência desse sentido pode nos levar ao egoísmo e ao isolamento, agravando o sentimento de desconexão e desmotivação.
Viver tempos difíceis não é desculpa
A psicóloga reforça que, mesmo diante de um cenário caótico, cheio de tensões sociais e incertezas, ainda é possível construir uma base sólida de serenidade interior. Para isso, é fundamental manter ações conscientes, fortalecer os relacionamentos e adotar posturas mentais saudáveis.
“Vivemos em um mundo muito conturbado, com correntes de ódio se disseminando pela internet, confrontos de pessoas que não aceitam que outras pensem de maneira diferente ou que tenham opiniões opostas as suas”, afirma. “Isso vai gerando um índice maior de depressão, ansiedade, mal-estar e de infelicidade também”.
Ainda assim, segundo ela, não devemos cair na armadilha do conformismo. Pelo contrário: a felicidade pode e deve ser construída, mesmo em meio às adversidades.
O segredo está em cultivar diariamente pequenos hábitos que tragam equilíbrio, propósito e conexão com o outro.