O presidente dos EUA, Donald Trump, declarou quinta-feira (03) sua disposição em permitir que imigrantes que trabalham em fazendas permaneçam no país, desde que seus empregadores assumam a responsabilidade por eles.
Trump revelou que está colaborando com o Departamento de Segurança Interna sobre essa questão. O objetivo, segundo o presidente, é apoiar os fazendeiros que dependem de trabalhadores migrantes para suprir suas necessidades sazonais.
Os fazendeiros deverão assumir a responsabilidade por seus trabalhadores.
Se um fazendeiro estiver disposto a se responsabilizar por essas pessoas de alguma forma, Kristi (Noem, secretária de Segurança Interna dos EUA), acho que vamos simplesmente ter que aceitar isso afirmou Trump durante um discurso em Iowa, um estado com forte presença agrícola.
A medida contrasta com o tom rígido anteriormente adotado por Trump em relação aos imigrantes. A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, está à frente dos esforços para deportar aqueles que entram ilegalmente nos EUA.
Trump também mencionou que falará sobre o assunto com a indústria hoteleira. Em meados de junho, um e-mail interno acessado pela Reuters orientava as autoridades de imigração a suspenderem, em grande parte, as operações em fazendas, hotéis, restaurantes e frigoríficos. Essa informação foi confirmada à agência por um funcionário sênior de Trump e uma fonte familiarizada com o tema.
A orientação partiu diretamente de Trump após as operações anti-imigração se tornarem mais intensas. De acordo com a fonte consultada pela Reuters, o presidente não tinha conhecimento do alcance das fiscalizações e, “assim que isso chegou a ele, ele recuou“.
Em 12 de junho, Trump anunciou que emitiria um decreto para lidar com os impactos da repressão à imigração nos setores agrícola e hoteleiro, mas isso ainda não ocorreu. Ambos os setores são altamente dependentes da mão de obra imigrante.
Batidas da imigração assustam trabalhadores
De acordo com Douglas Holtz-Eakin, ex-diretor do Escritório de Orçamento do Congresso, 80% dos trabalhadores agrícolas nos EUA são estrangeiros. Destes, quase metade são imigrantes ilegais. A redução dessa força de trabalho pode provocar aumento nos preços dos alimentos para os consumidores. “Isso é ruim para as cadeias de suprimentos, ruim para a indústria agrícola“, afirmou Holtz-Eakin à Reuters.
No início de junho, agentes do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA) realizaram batidas nos campos da Califórnia. Os efeitos dessa ação foram visíveis, segundo a agricultora Lisa Tate. “Nos campos, eu diria que 70% dos trabalhadores desapareceram. A maioria dos americanos não quer fazer esse trabalho“, comentou em entrevista à Reuters.
As fiscalizações acabaram assustando os trabalhadores. “Se vão trabalhar, não sabem se voltarão a ver a família“, disse um trabalhador. Ele contou que muitos de seus colegas deixaram de ir ao trabalho.