No coração do reator 4 da usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, encontra-se um dos objetos mais perigosos já criados pelo homem: o “Pé de Elefante”. Formado durante a explosão nuclear de 1986, essa massa radioativa possui níveis letais de radiação e continua sendo uma das substâncias mais mortais do planeta.
O Pé de Elefante é composto por uma fusão de concreto, areia, aço, urânio, zircônio e outros materiais estruturais que derreteram com o colapso do reator. O resultado foi um aglomerado extremamente denso e altamente radioativo, conhecido como corium, um material criado quando o combustível nuclear superaquecido derrete tudo ao seu redor.
Uma filmagem arrepiante capturou a essência desse objeto mortal, mostrando sua superfície enrugada, escura e deformada, uma evidência do poder destrutivo da radiação descontrolada. O perigo do Pé de Elefante é tão grande que, mesmo décadas após o desastre, sua presença ainda ameaça a vida daqueles que se aproximam.
A catástrofe de Chernobyl e a formação do Pé de Elefante

O desastre nuclear de Chernobyl ocorreu em 26 de abril de 1986, quando um teste de segurança mal planejado resultou na explosão do reator 4. A explosão liberou uma enorme quantidade de partículas radioativas na atmosfera, contaminando vastas áreas da Europa e transformando a cidade vizinha de Pripyat em uma cidade fantasma.
O intenso calor gerado pela fusão do núcleo do reator fez com que o combustível nuclear derretesse e escorresse pelos andares inferiores da usina. Esse material incandescente atravessou barreiras de concreto e aço, solidificando-se ao entrar em contato com superfícies frias e formando estruturas bizarras, incluindo o temido Pé de Elefante.
Pesando centenas de toneladas, essa massa radioativa tornou-se uma das formas mais letais de material nuclear já registradas. No auge de sua radiação, poucos segundos de exposição poderiam causar efeitos colaterais severos, enquanto uma permanência de cinco minutos ao lado dela resultaria em morte certa em poucas semanas.
Exposição letal: os perigos de se aproximar do Pé de Elefante
A radiação emitida pelo Pé de Elefante era tão intensa que, no momento de sua descoberta, 30 segundos de exposição eram suficientes para causar tonturas, náuseas e queimação na pele. Um minuto ao seu lado poderia danificar células irreversivelmente, e cinco minutos seriam fatais.
Mesmo sabendo dos riscos, cientistas e trabalhadores corajosos precisaram enfrentar essa ameaça para estudar e conter os danos causados pela explosão nuclear. Um desses heróis foi Artur Korneyev, engenheiro nuclear que ficou conhecido por registrar uma das fotos mais icônicas do Pé de Elefante em 1996.
Apesar de suas repetidas visitas à área contaminada, Korneyev sobreviveu, mas não sem sequelas. Ele desenvolveu catarata e outros problemas de saúde relacionados à radiação, sendo proibido de retornar à zona de exclusão. Seu trabalho, no entanto, foi fundamental para a compreensão da radioatividade e dos efeitos de longo prazo da contaminação nuclear.
Os perigos atuais: Chernobyl ainda é um risco?

Décadas após o desastre, Chernobyl e a cidade de Pripyat continuam sendo áreas de alto risco. Embora a radiação tenha diminuído em comparação com os níveis registrados logo após a explosão, a região ainda abriga materiais altamente radioativos que podem permanecer perigosos por séculos.
Desde fevereiro de 2022, novos riscos surgiram quando tropas russas ocuparam a zona de exclusão durante a guerra na Ucrânia. Soldados cavaram trincheiras em solo contaminado, ignorando alertas sobre a radiação. Além disso, equipamentos da usina foram saqueados, e a energia do complexo foi temporariamente cortada, colocando em risco os sistemas que mantêm estáveis os resíduos nucleares.
Funcionários ucranianos agiram rapidamente para impedir um novo desastre, utilizando combustível de veículos abandonados para manter os geradores da usina funcionando. No entanto, após a retirada das tropas russas, relatos indicam que alguns soldados apresentaram sintomas de doença radioativa, confirmando os perigos ainda presentes na região.
O legado mortal do Pé de Elefante
Embora a intensidade da radiação do Pé de Elefante tenha diminuído ao longo dos anos, sua letalidade ainda é inquestionável. Estudos estimam que levará séculos até que os níveis de radiação na área se tornem seguros para a vida humana.
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O Pé de Elefante permanece nos subterrâneos de Chernobyl, um símbolo do poder devastador da energia nuclear descontrolada e do impacto de falhas humanas em desastres tecnológicos. A combinação de conflito armado, infraestrutura degradada e materiais radioativos fez de Chernobyl um local ainda mais imprevisível e perigoso nos dias atuais.
Enquanto o mundo avança na busca por formas mais seguras de produção de energia, Chernobyl continua sendo um lembrete da imprudência e dos riscos da radiação, um local onde a história foi marcada pela tragédia e onde um simples erro pode resultar em consequências irreversíveis.
Se algum dia uma nova filmagem for feita do Pé de Elefante, ela não será apenas um registro de uma massa radioativa, mas um testemunho do impacto duradouro de um dos piores desastres nucleares da história.
Veja o vídeo: