As histórias infantis acompanham a humanidade há muitos séculos, fazendo parte do crescimento de muitas pessoas.
Que atire a primeira pedra quem nunca ouviu uma historinha antes de dormir quando era pequeno! Essas histórias e fábulas foram criadas para entreter e ensinar verdadeiras lições de vida aos pequenos, além de também ajudar a imaginação deles. Desde pequenos, inclusive, fomos sujeitos aos mais variados universos mágicos e personagens famosos, o que nos faz criar um gosto pela leitura, por tamanho incentivo.
Sendo assim, ouvir alguma história popular da infância sempre nos traz nostalgia e lembranças de uma época em que tudo era diferente. Além disso, depois de certo tempo, muitos também têm a oportunidade de contar suas histórias favoritas aos seus filhos, renovando esse ciclo. Confira abaixo 16 histórias populares que são fenômenos até hoje:
1. João e o pé de feijão
“Era uma vez um garoto chamado João que vivia com sua mãe em uma humilde casa. Os dois estavam passando por dificuldades e já não tinham como se alimentar, pois o único bem que possuíam era uma vaca que já não dava mais leite.
Assim, a mãe de João lhe pede para levar a vaca até a cidade e vendê-la. O menino sai com a vaca e no meio do caminho, encontra um senhor que lhe oferece feijões mágicos em troca da vaca. João aceita e volta feliz e contente para casa com cinco sementinhas de feijão.
Ao chegar, sua mãe fica furiosa com a troca e atira os feijões pela janela. João vai dormir muito frustrado, mas quando desperta no dia seguinte vê que no lugar onde as sementes caíram nasceu um enorme pé de feijão, tão alto que se perde entre as nuvens. O garoto rapidamente se põe a subir e chegando ao céu encontra um mundo incrível.
- Biografias: Biografia de Jojo Todynho
Havia um grande castelo no meio das nuvens e João, curioso, vai até lá. Ele se depara com uma mulher, que o recebe e o esconde no castelo, pois lá morava um gigante muito malvado. O gigante estava dormindo e ao acordar, faminto, sente cheiro de criança e procura por todo o canto. Mas a mulher lhe preparou uma refeição e ele se acalmou.
Depois pediu à sua galinha encantada que pusesse ovos de ouro e à harpa enfeitiçada que tocasse uma melodia. Assim, adormeceu novamente. João, vendo tudo aquilo, quase não acreditava e, num descuido da mulher, consegue sair do esconderijo, pegar a galinha e a harpa e começar a correr.
Nesse momento, o gigante desperta e vê o menino já descendo pelo pé de feijão. O malvado também começa a descer, mas João chega antes em sua casa e, num golpe certeiro, corta a enorme planta, fazendo com que o gigante caia no chão, desfalecido. Assim, João e sua mãe conseguem o sustento através dos ovos de ouro e se tornam prósperos, vivendo felizes para sempre.”
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Nessa história, escrita por Benjamin Tabart, vemos a importância de desvincular do seio materno em determinado momento da vida. A mãe de João, que pode ser representada pela vaca da família, já não dá mais leite, ou seja, o garoto não tem alimento para se sustentar. Ele, então, busca novas experiências, assim como a vida real, desfrutando do desconhecido e se tornando independente. Outro símbolo importante da história é que João não tem medo do desconhecido, faz de tudo para dar uma nova perspectiva para sua vida, e voltar para casa com mais sabedoria.
2. Os três porquinhos
“Em uma floresta não muito longe morava uma feliz família de porquinhos com 3 irmãos. Conforme eles foram crescendo, seus pais perceberam que ainda estavam muito dependentes… Não ajudavam no trabalho de casa nem se esforçavam em nada. Então um dia, eles se reuniram e decidiram que os porquinhos, que já estavam bem crescidos, fossem morar sozinhos. Os pais deram dinheiro a cada um deles e alguns bons conselhos.
- Biografias: Warwick Estevam Kerr: o brasileiro que criou abelhas assassinas e transformou a apicultura
Assim os três porquinhos partiram para o bosque em busca de um bom lugar para construir, cada um, a sua casa. O primeiro porquinho, que era o mais preguiçoso de todos, foi logo optando por um meio de construir sua casa o mais rápido possível e que não necessitasse de muito esforço. Ele decidiu construir uma casa de palha, embora os seus irmãos lhe tenham dito que não era segura.
Já o segundo porquinho, que era um pouco menos preguiçoso que o primeiro mas que também não gostava muito de trabalhar, construiu uma casa de madeira. Ele decidiu assim porque julgava ser mais resistente que uma casa de palha, mas ainda assim era rápida de se construir.
E o terceiro porquinho, o mais sensato de todos e mais trabalhador, preferiu construir uma casa de tijolos e alvenaria. Demorou um pouco para construí-la, mas depois de três dias de intenso trabalho a casa estava prontinha!
Com todos morando em suas casas chegou a notícia de que um perigoso lobo rondava pelo bosque. E não demorou muito para que aparecesse pela redondeza, em busca de uma boa presa para encher a pança! O lobo então foi bater na porta da casa do primeiro porquinho. Ele tentando intimidá-lo disse:
– Vá embora seu lobo! Aqui você não vai entrar!
O lobo insistiu e disse:
– Abra logo esta porta ou soprarei, e soprarei, e a sua casa destruirei!
Vendo que o porquinho não abria a porta da casa, o lobo começou a soprar e soprar tão forte que a casa de palha voou pelos ares! O porquinho, desesperado, foi correndo em direção à casa de madeira do seu irmão. O lobo correu atrás dele, mas felizmente não conseguiu alcançá-lo. O lobo então bateu na porta da casa do segundo porquinho. O porquinho, certo de que sua casa era mais resistente, disse:
– Vá embora seu lobo! Na minha casa de madeira você não vai conseguir entrar de jeito nenhum!
O lobo então disse:
– Abram logo esta porta! Ou soprarei, e soprarei, e esta casa também destruirei!
Claro que os porquinhos não abriram a porta da casa. Então o lobo começou a soprar e soprar tão forte que a casa de madeira caiu e ficou em pedaços! Os porquinhos apavorados correram em direção à casa de tijolo e cimento de seu irmão. Mais uma vez o lobo correu atrás deles, mas não conseguiu alcançá-los… Após as batidas na porta do lobo, os porquinhos começaram a cantarolar confiantes:
“Quem tem medo do lobo mau / Lobo mau, lobo mau / Quem tem medo do lobo mau…”
O lobo ficava cada vez mais furioso e gritou:
– Abram a porta, já!
No que responderam:
– Vá embora seu lobo! Você não conseguirá derrubar esta casa porque ela é a mais resistente de todas!
– Abram logo esta porta! Ou soprarei, e soprarei, e esta casa destruirei!
Como os porquinhos não abriram, o lobo começou a soprar, soprar, soprar… e a casa continuava inteira no lugar! O lobo ficou tão cansado que acabou sentando-se ao pé da porta para descansar e teve uma ideia:
– Vou arrumar uma escada para subir ao telhado da casa e entrar na casa pela chaminé!
Mas os porquinhos reagiram logo: ferveram um balde enorme de água, colocaram no final da chaminé, na lareira e ficaram só esperando… Quando o lobo entrou na chaminé acabou caindo bem dentro do balde cheio de água fervendo!
– Ouuuch! Socorro!!! Quenteeeeeeee!!! – gritou o lobo assustado.
Ele saiu correndo até o lago para aliviar as suas queimaduras e nunca mais voltou a molestar os porquinhos. E quanto aos porquinhos, eles decidiram morar todos juntos e aprenderam a lição de que tudo o que é feito com esforço tem melhor resultado!”
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Escrito em 1853 por Joseph Jacobs e muito famoso pelo mundo, os três porquinhos tem o objetivo de mostrar a importância do trabalho árduo, pois somente ele traz o verdadeiro sucesso e felicidade. Diferente dos primeiros dois irmãos, o terceiro porquinho construiu uma casa sólida, independentemente se ia demorar muito para construí-la ou não. Assim, podemos comparar sua lição com o seguinte ditado popular: “a pressa é inimiga da perfeição”.
3. Pinóquio
“Era uma vez um carpinteiro que se chamava Gepeto. O homem era muito solitário e passava os dias fazendo coisas de madeira. O sonho de Gepeto era ter um filho com quem pudesse compartilhar a vida. Um dia, ele resolveu fazer um menino de madeira em formato de marionete e, ao terminar, disse:
– Que belo boneco de madeira. Seria incrível se ele fosse um menino real!
Para sua surpresa, o boneco tomou vida e começou a andar e falar. O homem ficou maravilhado e lhe deu o nome de “Pinóquio”. Passados alguns dias, Gepeto envia Pinóquio para a escola e lhe dá a instrução de voltar para a casa assim que a aula terminar. Entretanto, no meio do caminho, Pinóquio avista um teatro de marionetes que acontecia na praça. Ele então resolve participar do teatro, e todos ficam encantados com sua destreza. Assim, o boneco recebe 5 moedas de ouro e se alegra pensando que seu pai ficaria satisfeito.
Pinóquio vai em direção à escola, mas quando estava quase chegando, se depara com dois homens mal intencionados que o convencem a ir com eles até um local e enterrar as moedas de ouro. Eles dizem:
– Enterre as moedas aqui nesse terreno e nascerá uma árvore de dinheiro. Seu pai ficará rico e nunca mais precisará trabalhar!
Pinóquio enterra as moedas e fica esperando a árvore nascer. Ele logo adormece, e nesse momento os homens pegam as moedas enterradas e fogem. O boneco despertou de seu sono profundo e se deu conta que o dinheiro havia sumido. Triste e preocupado, Pinóquio pensa que seu pai ficaria muito bravo e decide não voltar para casa.
Enquanto caminhava, confuso, Pinóquio encontra uma linda jovem de vestido azul. Ele pede ajuda, e a moça, que era na verdade uma fada, lhe diz que ajudaria. Ela pergunta ao boneco onde ele morava, ao que Pinóquio responde que era sozinho e não tinha casa.
A fada então repara que o nariz de graveto do menino começa a crescer e se dá conta de que ele havia contado uma mentira. Ela recomenda que ele volte para sua casa e se comporte junto ao seu pai. O boneco promete que faria isso e seu nariz volta ao normal.
Na volta para casa, Pinóquio passa por um parque de diversões e não resiste, ele entra no parque. Imediatamente seu nariz começa a crescer novamente. Lá, o boneco encontra pessoas que dizem que ele poderia comer todos os sorvetes que gostaria. Pinóquio então toma vários sorvetes, sem saber que se transformaria em um burro.
Dessa forma, as pessoas o vendem para um circo, onde Pinóquio trabalha exaustivamente e é maltratado. Então, quando ele, na forma de burro, já não servia mais para o trabalho, os donos do circo o atiram ao mar. Assim que cai no mar, o burrinho transforma-se de novo em menino de madeira e é engolido por uma baleia faminta.
Dentro da barriga da baleia, Pinóquio encontra-se com seu pai, Gepeto, que também fora engolido quando estava a sua procura. Os dois se abraçaram contentes, mas estavam muito fracos. Nessa hora, um peixe que também estava lá oferece ajuda e os tira de dentro da baleia. Assim, Gepeto e Pinóquio conseguem voltar para casa. Depois de tantos apuros, Pinóquio promete ao pai ser um bom menino e não mentir mais. A fada azul então aparece e converte Pinóquio em um menino real, de carne e osso, para a alegria de todos!”
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Pinóquio, criado pelo italiano Carlo Collodi, é o menino de madeira mais conhecido de todos os tempos e ganhou diversas versões de desenhos e filmes. Sua história nos mostra a perda da ingenuidade de um boneco que queria apenas fazer o seu pai feliz, que vai construindo sua personalidade ao longo da história, se transformando pouco a pouco em um menino de verdade.
Diferente da madeira, que pode ser facilmente manipulada, Pinóquio demonstra que, apesar de fugir das responsabilidades, ele aprendeu do pior jeito como ser um menino melhor. A história também fala sobre o apego à infância e as consequências de mentir para as pessoas.
4. Chapeuzinho Vermelho
“Era uma vez uma menina muito esperta que morava com sua mãe próximo a uma floresta. Ela sempre usava uma capa com um capuz vermelho, presente de sua querida avó. Por conta disso, passou a ser chamada de Chapeuzinho Vermelho. A avózinha morava dentro da floresta e um dia, a mãe de Chapeuzinho lhe disse:
— Minha filha, pegue essa cesta de doces e leve para a vovozinha. Tome muito cuidado, não saia do caminho nem converse com estranhos.
A menina então pegou a cesta e saiu pela floresta cantarolando. Eis que surge um lobo que lhe pergunta aonde a garota está indo. Chapeuzinho, muito inocente, conversa com o lobo e conta que está a caminho da casa de sua avó, que está doente e fraca. A menina também lhe explica como chegar à casa da velha senhora.
O lobo então caminha com Chapeuzinho por parte do trajeto e lhe dá a ideia de colher flores para a presentear a avó. Ela fica feliz com a ideia e desvia o caminho, buscando as mais variadas flores. Enquanto isso, o lobo corre em direção à casa da avó e lá chegando, engole a velha de uma só vez.
O malvado tem a ideia de se disfarçar de vovozinha, vestindo as camisolas e touca da senhora. Quando Chapeuzinho chega na casa, vê logo a porta aberta e acha tudo muito estranho. Ao ver a avó deitada na cama, a menina chega perto e percebe que algo estava errado, ela então exclama:
— Nossa, vovó, que orelhas grandes você tem!
E o lobo responde:
— É para te ouvir melhor, querida netinha.
— E que olhos grandes você tem!
— São para te ver melhor, Chapeuzinho!
— E que boca enorme!
— É para te comer melhor! Hahaha
E dito isso, o lobo corre atrás da menina, que consegue escapar. Nesse momento, um caçador passava pelo local e ouve a confusão. Ele resolve entrar na casa e vê o lobo. O caçador então dá uma paulada na cabeça do lobo e abre a barriga dele para retirar a vovozinha, que sai de lá com vida.
Eles têm a ideia de encher a barriga do animal com muitas pedras e costurar. Assim é feito, e quando o lobo acorda, está tão pesado que não consegue andar e morre. Os três ficam muito satisfeitos e comemoram comendo os doces da cesta da Chapeuzinho. A menina aprendeu a lição e nunca mais desobedeceu à mãe, vivendo feliz para sempre com sua avó.”
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Adorada por muitos, Chapeuzinho Vermelho é um conto sobre uma menina que está em crescimento e tem muito amor por sua avó. Ela precisa passar por algumas provações para poder amadurecer e uma lição que aprender é não confiar cegamente naqueles que não conhece de verdade, pois podem ser mal intencionados.
5. O patinho feio
“Era uma manhã de verão, e uma pata havia botado cinco ovos. Ela estava aguardando impaciente a chegada de seus filhotinhos. Assim, quando o primeiro ovo se partiu, mamãe pata ficou muito contente. Logo os outros patinhos também começaram a nascer. Mas havia um ovo que demorou para se quebrar, deixando-a ansiosa. Passado algum tempo, o último filhote finalmente conseguiu sair do ovo. Mas quando mamãe pata o viu, ela não ficou muito satisfeita e exclamou:
— Esse patinho é muito diferente, muito feio. Não pode ser meu filho!
— Ah! Alguém te pregou uma peça. Disse à galinha que morava ali por perto.
O tempo foi passando e o patinho feio foi ficando cada vez mais feio, cada vez mais diferente de seus irmãos e cada vez mais isolado. Os outros animais zombavam dele, o que o deixava entristecido e angustiado.
Então, quando o inverno chegou, o patinho resolveu partir. Ele andou bastante e encontrou uma casa, assim, resolveu entrar pensando que lá talvez alguém gostasse dele. Foi o que aconteceu. Havia um homem que o acolheu, assim, o patinho passou esse tempo muito bem. Mas, esse homem tinha também um gato, que um dia levou o pato para fora de casa, deixando-o sozinho e triste novamente.
O patinho saiu caminhando e depois de muito andar encontrou um lugar muito bonito, com um lago. O pato viu um cantinho aconchegante e foi até lá descansar. Nesse momento, algumas crianças que estavam por perto, perceberam a chegada de uma nova figura. Elas ficaram encantadas e disseram:
— Vejam, temos um visitante!
— Nossa! E como é lindo!
O patinho não entendeu de quem as crianças estavam falando, mas quando ele se aproximou do lago e viu seu reflexo na água, avistou um maravilhoso cisne. Então, ao olhar para o lado, ele se deu conta de que outros cisnes também moravam ali. Dessa forma, o patinho descobriu que na verdade, ele era um cisne. Desde então, ele passou a viver entre seus iguais e não ficou mais angustiado.”
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O patinho feio é uma história escrita por Hans Christian Andersen, em 1843, e traz assuntos muito importantes de aceitação e pertencimento, em uma época que não havia valorização nisso. Depois de ter sido muito humilhado, ele só foi dar conta do seu valor anos depois, após passar por experiências que somente a vida ensina.
Como não estava em um ambiente seu por natureza, ele se sentia desamparado, com baixa auto estima, e não conseguia entender o que havia de errado com ele. Muitas crianças passam por isso durante a infância, deslocada entre os amigos, levando tais emoções para a vida adulta. Por isso, o patinho nos mostra como é importante ser forte e assumir a beleza e o amor próprio escondidos dentro de si.
6. Cachinhos dourados e os três ursos
“Era uma vez uma família de ursos que vivia em uma casa muito bonitinha no meio da floresta. Todos os dias, antes do almoço, a mamãe Ursa, o papai Urso e o filho Ursinho saíam para caminhar nas redondezas enquanto o mingau esfriava nas tigelas.
Certo dia, enquanto a família estava fora, uma menininha loira de cabelos cacheados, cujo apelido era Cachinhos Dourados, estava perdida na floresta e, ao avistar a casinha, resolveu bater na porta. Ao ver que ninguém respondia, a garota decide entrar, já que a porta estava entreaberta. A casa era muito aconchegante, e em cima da mesa havia três tigelas de alimento. Cachinhos provou da primeira tigela e quase queimou a língua, de tão quente que estava o mingau.
Depois provou da segunda e achou o mingau muito frio e sem graça. Quando experimentou da terceira tigelinha, o alimento estava morno e delicioso, por isso comeu tudo! Depois, cansada, viu três cadeiras e resolveu se sentar em todas. A cadeira maior era muito dura, a segunda era larga e desconfortável, já a terceira cadeira era pequena e frágil, e ao se sentar, Cachinhos a quebrou.
Ela continuou explorando o lugar e subiu as escadas, chegando ao quarto dos ursos, onde viu três camas. Se deitou na primeira e era enorme e muito dura, a cama ao lado era mole e desconfortável. Ao se deitar na terceira caminha, a garota achou que era perfeita. Assim, adormeceu. Pouco tempo depois, os ursos voltaram à casa e logo viram algo de errado. O papai Urso disse:
— Alguém mexeu no meu mingau.
A mamãe Ursa também disse que alguém tinha provado de sua comida. O filho Ursinho, chorando, falou:
— Comeram todo o meu mingau!
Depois o Ursinho foi até a sua cadeirinha e, ao vê-la quebrada, chorou ainda mais. Os ursos subiram as escadas e ao chegar no quarto, o papai Urso percebeu que alguém havia de deitado em sua cama, a mamãe Ursa viu que sua cama estava desarrumada também e o filho Ursinho deu um grito, dizendo:
— Mamãe, papai, venham ver, tem uma menina deitada na minha cama!
Cachinhos Dourados acordou assustada e num pulo, saiu correndo. A menina quase caiu, mas o papai Urso a segurou e explicou que aquela casa era deles e que ela não poderia entrar assim sem ser convidada. A menina se sentiu envergonhada e foi embora, prometendo nunca mais entrar na casa das pessoas.”
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Escrita por Robert Southey, de modo geral, Cachinhos Dourados conta a história de uma menina, prestes a pular para a próxima etapa da sua vida. No conto, isso fica claro quando ela começa a experimentar as demais coisas que encontra, até finalmente achar o que era melhor para ela. Ela não tem medo de explorar as coisas não são delas e aprende da pior forma a respeitar o espaço e a vida do outro.
7. A pequena sereia
“Era uma vez uma sereia que vivia nas profundezas do mar com seu pai, o rei Tritão, e suas irmãs. As sereias eram desaconselhadas a conhecerem a superfície até completarem 15 anos, quando finalmente podiam fazer uma visita ao reino terrestre. A pequena sereia vivia ansiosa, esperando o momento em que conheceria os seres humanos. Assim, colecionava objetos caídos de embarcações e vivia a imaginar como seria em terra firme.
Assim que fez 15 anos, a jovem vai até a superfície e fica encantada observando um príncipe que estava em um navio. Ela vê o momento em que se inicia uma tempestade, colocando a tripulação em perigo e derrubando o príncipe no mar. Com muita agilidade, a sereia se apressa em salvá-lo, levando-o para a praia. Quando o jovem desperta, vê e escuta a sereia cantando uma doce melodia. Mas ela logo entra no mar e volta para seu reino.
A pequena sereia se apaixona pelo príncipe e decide fazer o possível para viver em terra firme e se casar com ele. Assim, procura a bruxa do mar e pede ajuda. A bruxa a adverte, dizendo que talvez não seja uma boa ideia. Mas, devido a insistência da sereiazinha, elas fazem um acordo. A sereia poderia deixar a cauda e viver no mundo terreno desde que perdesse sua voz. Ela também teria a missão de se casar com o príncipe. Se ele se casasse com outra moça, a pequena sereia desapareceria, sendo transformada em espuma do mar.
Trato feito, a jovem ganhou pernas e voltou à superfície em busca do amado. Na manhã seguinte, o príncipe caminhava na praia e viu a sereia caída e desacordada na areia. Ele a resgatou e a levou para o castelo. Os dois desenvolveram uma afeição, mas o príncipe estava comprometido com uma princesa do reino vizinho.
Sem outra alternativa, a pequena sereia assiste o casamento do amado com outra moça e lamenta pelo seu destino. Suas irmãs, entretanto, surgem das águas e dizem que pediram ajuda à bruxa do mar, que lhes concedeu uma adaga. Elas entregam a adaga à pequena sereia e dizem que ela deveria matar o príncipe, só assim poderia ter sua cauda novamente e retornar ao seu reino de origem.
Mas a sereiazinha não tem coragem de fazer mal ao príncipe. Ela caminha em direção ao mar e desapareceu nas ondas, se convertendo em espuma. Seu pai, Tritão, intervém, transformando-a também em um espírito protetor dos amores verdadeiros.”
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Escrita por Hans Christian Andersen, a pequena sereia, apesar de não ter um “final feliz” como em tantas outras histórias, foi representada em filmes e desenhos com versões diferentes, na qual ela fica com o príncipe. Nessa história original, ela mostra os sacrifícios em nome do amor, deixando de lado o seu próprio eu para se enquadrar em algo ideal. Assim, é possível aprender a importância de manter nossas origens e valores intactos.
8. Cinderela
“Era uma vez Cinderela, uma moça muito bonita que morava com seu pai em uma bela casa. Sua mãe havia morrido e o pai resolveu se casar novamente. A nova esposa tinha duas filhas de outro casamento. A madrasta e as novas “irmãs” tratavam Cinderela muito mal e, depois da morte do patriarca, as três passaram a obrigá-la a dormir no sótão, fazer todo o serviço da casa e vestir-se de farrapos.
Um belo dia, o rei daquela província anunciou que daria uma festa para que seu filho escolhesse uma mulher para se casar. Assim, todas as moças se apressaram para fazer vestidos lindos e causarem boa impressão no príncipe. Cinderela se animou, mas a madrasta a proibiu de ir à festa, dizendo que não havia roupa para ela. Enquanto isso, suas irmãs provavam vestimentas maravilhosas e zombavam de Cinderela.
Eis que a bela jovem, lamentando-se de seu azar, recebeu a visita inesperada de uma fada-madrinha, que num passe de mágica a vestiu com o mais belo dos vestidos. Além disso, a fada transformou uma abóbora em carruagem e um ratinho do sótão em cocheiro. Assim, Cinderela pôde ir ao baile, com a condição de voltar antes da meia-noite, quando o encanto estaria desfeito.
Chegando ao baile, a bela moça logo chamou atenção do príncipe, que encantado dançou a noite toda com ela e acabou se apaixonando. Ao perceber que já era quase meia-noite, a jovem saiu correndo e, num descuido, deixou um de seus sapatos de cristal pelo caminho.
O príncipe, abalado, manda os seus servos irem de casa em casa para que todas as moças do lugar experimentem o sapatinho e, assim, ele pudesse descobrir sua dona. Quando chegaram na casa de Cinderela, as irmãs estavam a postos e provaram o sapato, que não serviu.
Cinderela surgiu de repente e quando experimentou o pequeno sapato de cristal, este encaixou perfeitamente em seu pé. Dessa forma o príncipe descobriu sua amada e se casou com ela. Os dois viveram felizes para sempre.”
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Cinderela tem diversas versões, mas a mais conhecida foi escrita por Charles Perrault. No conto, a princesa mostra uma história de crescimento e superação, ao ser rejeitada e humilhada pela família. Apesar de sozinha, ela busca um mundo novo para si mesma, sem deixar que a negatividade de suas irmãs lhe atinjam. Além disso, o seu sapatinho de cristal é um símbolo importante de liberdade.
9. João e Maria
“Era uma vez duas crianças, João e Maria, que viviam com seu pai e a madrasta em uma casa perto da floresta. A família era bastante humilde e as coisas estavam cada vez mais difíceis para eles, que estavam sem recursos e entrando na miséria. Certo dia, a madrasta, que era má, tem a ideia de abandonar as crianças no meio da floresta, pois assim seriam duas bocas a menos para alimentar. A mulher consegue convencer seu marido e, na manhã seguinte, todos partem para cortar lenha.
Assim, o pai das crianças acende uma fogueira na mata e os deixa lá, dizendo que voltaria logo, o que não acontece. João, que tinha escutado o plano perverso, havia se preparado e levado consigo pedrinhas brilhantes que tinha encontrado na casa. Durante o caminho, o menino foi deixando pelo chão as pedrinhas, dessa forma, ele e a irmã poderiam retornar à casa seguindo essas pedras.
João e Maria conseguiram dessa maneira voltar para casa, o que deixou o pai muito feliz. Entretanto, a madrasta ficou possessa e convenceu novamente o marido a abandonar seus filhos em um lugar ainda mais longe. Dessa vez, a mulher trancou a porta do quarto das crianças, não permitindo que João pegasse as pedrinhas brilhantes.
Novamente, na manhã seguinte, eles vão em direção à floresta. João e Maria tinham recebido um pedaço de pão cada um e tiveram a ideia de deixar migalhas para marcar o caminho ao invés das pedras. Assim fizeram, entretanto, as migalhas foram devoradas pelos pássaros e, quando os dois precisaram, elas já não estavam mais lá.
Tristes, cansados e com fome, os dois saem a vagar pela mata. Até que se deparam com uma casa fantástica feita de doces e bolo. Claro que os irmãos não resistem e se aproximam para comer todas aquelas guloseimas. Depois de saciados, João e Maria descansavam por ali, quando uma velha senhora sai de dentro da casa. Ela os convida para entrar e diz que estava esperando por eles.
A velha, que na verdade era uma bruxa, oferece muita comida para eles, que ficam em sua casa por vários dias. Então, a bruxa resolve prender João em uma gaiola e alimentá-lo até ele ficar bem gordo para ser assado no forno. João conseguiu enganar a bruxa, que achava que ele não estava gordo o suficiente, mas mesmo assim, um dia ela resolve assá-lo de qualquer forma.
A bruxa então manda Maria acender o forno e quando a velha má chega perto do forno, Maria a empurra para dentro e fecha rapidamente a tampa. A menina consegue libertar o irmão, e os dois saem de lá correndo, não sem antes pegar riquezas que estavam na casa da velha. Então as crianças perambulam pela floresta mais alguns dias e conseguem voltar para casa. Dessa vez, o pai as recebe e não deixa mais a madrasta fazer maldades.”
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João e Maria é uma história escrita pelos irmãos Grimm, que são responsáveis por grandes contos que já ultrapassaram gerações, como essa própria. Na narrativa, os irmãos mostram que nem tudo na vida é bom e gera felicidade, pois sempre haverá dificuldades para percorrer. Desamparados e abandonados, eles tentam usar a inteligência para voltar para casa.
Quando não conseguem mais voltar, eles buscam procurar outros meios de sobreviver, e ao encontrar uma casa, ficam maravilhados com essa nova possibilidade de vida. No fim, sua maior lição é que tudo tem seu preço e não devemos nos deixar levar pelos excessos que o mundo oferece.
10. Branca de Neve
“Era uma vez Branca de Neve, uma princesinha muito bonita que morava com seu pai. Sua mãe havia morrido e o rei se casou novamente com uma bela moça. Entretanto, a nova esposa do rei era também muito vaidosa e má. Ela possuía um espelho mágico e todas as manhãs perguntava para ele: “Espelho, espelho meu, existe uma mulher mais bela do que eu?” E o espelho sempre respondia que ela era a mais bela de todas.
Enquanto isso, Branca de Neve crescia e se tornava cada dia mais formosa, com a pele alva como a neve, os cabelos negros como a noite e a boca vermelha como o sangue. Assim, um dia, ao perguntar para o espelho, a madrasta recebeu como resposta: “Minha rainha, a senhora é realmente muito bela, mas agora Branca de Neve é a mais bonita de todas.”
Furiosa, a madrasta mandou um de seus servos sequestrar Branca de Neve e matá-la na floresta, trazendo o seu coração como prova de sua morte. O servo, com pena da jovem, ordenou que ela fugisse e levou o coração de um veado que passava no local. Branca de Neve então passou a viver na floresta e fez amizade com os animais. Um dia, ao caminhar, se deparou com uma casinha muito simpática. Ela entrou na casa e viu sete camas pequenas. Cansada, a jovem adormeceu em uma das caminhas.
A casa era o lar de sete anões que, durante o dia, trabalhavam em uma mina. Ao voltarem para casa encontraram Branca dormindo e ficaram muito felizes. A jovem despertou e contou sua triste história. Os anões prometeram ajudá-la e ela ficou morando com eles e fazendo as tarefas de casa. Um dia, a madrasta ao perguntar para o espelho sobre sua beleza, descobriu que a enteada ainda estava viva. Ela então decide se disfarçar de velha camponesa e vai até a floresta para oferecer uma maçã envenenada para Branca de Neve.
A moça dá a primeira mordida e logo cai desfalecida, ao ver que tinha conseguido o que queria, a madrasta má foge. Os anões, ao retornarem para casa, avistam a bela Branca caída no chão e ficam muito tristes. Eles então a colocam em uma caixa de vidro no meio da floresta para poderem sempre admirar sua beleza. Passado um tempo, surge um príncipe com seu cavalo branco. Ao ver a linda moça adormecida, o jovem não se contém e lhe dá um beijo. Nesse momento, Branca de Neve desperta do encanto e se apaixona pelo príncipe. Os dois se casam e vivem felizes para sempre.”
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Criada pelos irmãos Grimm, Branca de Neve é uma história muito antiga, que fala sobre inveja e vaidade, demonstrado pela madrasta má, que faz de tudo para impedir que a princesa seja mais bonita que ela. Ao fugir pela floresta, ela começa a passar por desafios e moldar sua personalidade. A história é tão popular entre as pessoas que já ganhou versões de filmes, séries e desenhos animados.
11. A Bela e a Fera
“Era uma vez um jovem príncipe muito vaidoso e egoísta. Certa vez, durante uma tempestade, uma velha senhora bateu à sua porta lhe pedindo abrigo. Mas o príncipe se recusou a ajudá-la. Assim, a velha, que na verdade era uma feiticeira, lança uma maldição sobre o rapaz, transformando-o em uma Fera. Tal encantamento só seria quebrado com um beijo de amor.
Os dias passam e a Fera vive cada vez mais isolada em seu castelo. Enquanto isso, vivia por perto um comerciante com sua filha chamada Bela. O homem precisa fazer uma longa viagem e pergunta à filha o que ela gostaria que ele trouxesse de presente. A simpática moça lhe pede apenas uma rosa.
O comerciante sai pelas redondezas e, ao retornar, é surpreendido por uma chuva torrencial. Molhado e faminto, avista o castelo da Fera e vai até lá. Ao ver a porta aberta, adentra o local para se abrigar e vê uma lareira acesa, mas ninguém aparece para recebê-lo. Dessa forma, adormece e, no dia seguinte, se levanta para voltar para casa. Mas quando estava saindo, vê um campo de rosas no quintal do castelo e começa a colher as flores para Bela. Nesse momento, chega Fera e, furiosa, lhe pergunta o que ele faz ali.
O comerciante explica que estava colhendo rosas para sua filha, mas mesmo assim a Fera diz que vai matá-lo. Assim, o homem pede que o deixe se despedir de Bela e seu desejo é concedido. Ao chegar em casa e contar para a filha o que aconteceu, ela resolve ir junto com o pai para o castelo da Fera e chegando lá faz a proposta de morar com o monstro em troca da liberdade de seu amado pai.
Fera permite a troca e assim, a moça passa a viver no local. Com o passar do tempo, Bela e Fera se tornam mais próximos e chegam a desenvolver uma amizade. Fera acaba se apaixonando pela jovem e a pede em casamento. A moça então recusa e pede ao senhor que a deixe visitar seu pai, que está doente. Fera deixa Bela ir e lhe diz que deveria retornar em sete dias.
A moça passa uma semana na companhia do pai e quando volta, encontra o monstruoso ser caído perto das rosas, quase morto de saudade da amada. Naquele instante, Bela percebe o quanto o amava também e lhe dá um beijo, que quebra a maldição da bruxa e transforma a Fera em um belo príncipe novamente. Os dois se casam e vivem felizes para sempre.”
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A primeira versão de A Bela e a Fera foi escrita pela francesa Gabrielle-Suzanne Barbot de Villeneuve, conhecida como Madame de Villeneuve. Sua história gira em torno do elo entre pai e filha, bem como a descoberta do amor verdadeiro da forma mais inesperada possível. Além de todas as aparências, Bela se apaixona pela Fera, conhecendo sua verdadeira essência, através da convivência do dia a dia e da compreensão que ambos tinham. Assim é a vida: não podemos julgar o outro sem conhecê-lo de verdade.
12. O gato de botas
“Era uma vez um homem muito humilde que tinha três filhos. Um dia o sujeito faleceu e deixou de herança um moinho, um burro e um gato. Os irmãos mais velhos ficaram com o moinho e o burro. Restou ao caçula o gato. O rapaz não se conformava com tal herança, que julgava inútil, mas o gato lhe disse:
— Querido amo, se me der um par de botas e um saco eu o conseguirei muitas coisas para você.
Assim, o jovem conseguiu botas e um saco para o gato, que calçou os sapatos e saiu com o saco nas costas. O gato, muito esperto, foi até a floresta, colocou migalhas no saco e caçou alguns patos, que levou para a majestade que vivia na região. Chegando no castelo, o gato logo foi entrando e ao chegar ao rei, disse:
— Ó majestade, trago um presente do meu amo, o marquês de Carabás.
O rei ficou satisfeito e agradecido. Assim, toda semana o gato levava novos animais para a realeza. Um dia, o esperto gato resolve colocar em prática a segunda parte do seu plano. Ele convence seu amo a pular no rio sem roupas. Logo chegam em uma carruagem o rei e a princesa pela estrada. O gato então pula na frente da carruagem gritando:
— Socorro! Meu amo, o marquês de Carabás, estava nadando quando suas roupas e seu cavalo foram roubados!
Assim, o rei, que já conhecia o gato, manda os cocheiros pararem e ajuda o rapaz, lhe oferecendo roupas novas. Enquanto isso, o gato explica ao cocheiro como chegar às terras do marquês e logo depois sai correndo na frente. Chegando ao local que havia indicado, que na realidade eram as terras de um terrível ogro, o gato conversa com os trabalhadores do campo e avisa:
— Se quiserem se livrar do terrível ogro, digam ao rei que vai chegar que essas terras são do marquês de Carabás.
Os trabalhadores concordam. Depois, a felino vai ao castelo e ao se deparar com o ogro lhe diz:
— Ó ogro, soube que o senhor tem poderes mágicos de se transformar no animal que quiser. É verdade?
O ogro prontamente diz que sim e se transforma em um enorme leão. Então, o gato diz:
— O senhor é muito poderoso mesmo! Mas eu duvido que consiga se transformar em um minúsculo ratinho!
O ogro, furioso pela desconfiança do gato, mais que depressa se converte em um rato. O gato pula em cima do rato e de uma só vez o engole. Logo depois chega o rei com a princesa e o rapaz com roupas nobres. O rei pergunta aos trabalhadores de quem são aquelas terras e eles respondem que são do marquês de Carabás. Quando chegam ao castelo, o gato de botas está pronto para recebê-los. E assim, o humilde rapaz ganha todo o reino do ogro e casa-se com a princesa, vivendo feliz para sempre.”
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O gato de botas foi criado pelo escritor e poeta francês Charles Perrault, que diferente dos contos de fadas no geral, traz uma figura masculina como personagem principal. Forte e ousado em suas decisões, o gato mostra que é capaz de muitas coisas, mudando completamente de vida e deixando claro para o seu amo que não se pode duvidar da capacidade dos outros, pois eles podem se surpreender.
13. A princesa e o sapo
“Era uma vez uma princesa que vivia em um reino muito distante. Ela passava as tardes brincando com sua bola de ouro nos jardins do castelo. Um dia a bola caiu dentro do lago e a princesa ficou muito triste. Nessa hora, surgiu um sapo que lhe perguntou o porquê de tamanha tristeza.
Sabendo do ocorrido, o sapo então prometeu resgatar a bola da jovem, mas havia uma condição: que ela lhe desse um beijo. A princesa concordou, pois queria muito a bola. Entretanto, assim que teve o objeto em suas mãos, ela correu para o castelo sem ao menos agradecer.O sapo ficou muito frustrado e gritou:
— Mas princesa, você me prometeu!
A partir daí, o sapinho passou a acompanhar a princesa em todos os lugares, exigindo sua recompensa. Um dia, cansado, o sapo foi até o rei e disse:
— A princesa me prometeu um beijo, pois resgatei sua bola de ouro. Mas ela não quer cumprir sua promessa.
O rei chamou a filha e lhe disse que uma promessa real deve sempre ser cumprida. Assim, a princesa tomou coragem e, finalmente, beijou o sapo. Para sua surpresa, o sapo asqueroso se transformou em um lindo príncipe e os dois se apaixonam, vivendo felizes para sempre.”
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Este conto é outro escrito pelos irmãos Grimm, que tem a lição principal mostrar a importância de cumprir com suas promessas, sejam elas quais forem. Além disso, a bola de ouro da princesa representa a sua inocência e privilégios, se deparando com a perda e o desafio de conquistar aquilo que sempre foi dela.
14. A princesa e a ervilha
“Era uma vez, um príncipe que estava muito triste, pois estava à procura de uma princesa para se casar e não encontrava nenhuma. Percorreu todos os reinos próximos sem sucesso. Já havia desistido, quando em uma noite chuvosa, bate à porta do castelo uma jovem em apuros que, ao encontrar-se com o rei, diz:
— Boa noite, estou molhada e faminta. Sou uma princesa e me perdi quando voltava para o meu castelo. Por gentileza, eu poderia passar a noite aqui para me abrigar?
O rei, desconfiado de se tratar de uma princesa realmente, deixa a jovem entrar. Ele então tem uma ideia e manda preparar um aposento especial para a moça. São colocados sete colchões um sobre o outro e embaixo deles uma pequena ervilha. O rei sabia que apenas uma nobre princesa teria a sensibilidade de perceber a ervilha sob os colchões.
E, de fato, na manhã seguinte, no café da manhã, a moça estava com uma feição ainda cansada e pálida. O rei e o príncipe perguntaram como ela havia passado a noite, ao que a jovem respondeu:
— Me desculpem, preciso ser sincera, essa noite passei em claro. Não consegui dormir nada, pois sentia algo incômodo.
Assim, foi comprovado que a moça era mesmo uma princesa e o príncipe logo soube que era a mulher que ele procurava. Os dois se casaram e viveram felizes para sempre.”
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Escrito por Hans Christian Andersen, a procura do príncipe por uma princesa de verdade mostra vontade de ter alguém que seja capaz de ter sensibilidade o suficiente para questionar as coisas, independente do que sejam. Já os colchões são uma representação das dificuldades e distrações que a vida traz, e muitas vezes atrapalham as coisas, mas sempre trazem aprendizados.
15. Os três irmãos
“Era uma vez um homem que tinha três filhos e nada mais no mundo, exceto a casa em que morava. Cada um dos filhos desejava herdar a casa após a morte do pai; mas o pai os amava igualmente e não sabia o que fazer. Ele não queria vender a casa, porque tinha pertencido a seus antepassados, senão ele poderia ter dividido o dinheiro entre eles. Por fim, um plano surgiu em sua cabeça e ele disse aos filhos:
— Vão pelo mundo e tentem aprender um ofício. Quando todos vocês voltarem, aquele que fizer a melhor obra-prima terá a casa.
Os filhos ficaram muito contentes com isso, e o mais velho decidiu ser ferreiro, o segundo barbeiro e o terceiro mestre de esgrima. Eles marcaram um horário em que todos deveriam voltar para casa e então cada um seguiu seu caminho.
Acontece que todos eles encontraram mestres habilidosos, que lhes ensinaram muito bem os seus ofícios. O ferreiro teve que ferrar os cavalos do rei e pensou consigo mesmo:
— A casa é minha, sem dúvida.
O barbeiro cortou o cabelo de muita gente importante, e ele também já considerava a casa como sua. O mestre de esgrima levou muitos golpes, mas apenas mordeu o lábio e não deixou que nada o incomodasse. Ele logo pensou:
— Se você tem medo de um golpe, nunca vai ganhar a casa.
Quando a hora marcada chegou, os três irmãos voltaram para a casa do pai. Mas eles não sabiam como encontrar a melhor oportunidade para mostrar suas habilidades, então se sentaram e se consultaram. Enquanto eles estavam sentados, de repente uma lebre veio correndo pelo campo.
— Ah, ha, bem na hora! — disse o barbeiro.
Então ele pegou sua bacia e sabão. Em seguida, ele ensaboou e raspou os bigodes da lebre enquanto corria no auge de sua velocidade, e nem mesmo cortou a pele ou machucou um fio de cabelo em seu corpo.
— Muito bem feito! — disse o pai — seus irmãos terão que se esforçar maravilhosamente, ou a casa será sua.
Pouco depois, apareceu um nobre em sua carruagem, correndo a toda velocidade.
— Agora você verá o que posso fazer, pai”, disse o ferreiro. Então ele saiu correndo atrás da carruagem, tirou as quatro ferraduras dos pés de um dos cavalos enquanto ele galopava e calçou quatro ferraduras novas, sem pará-lo.
— Você é um bom sujeito e tão inteligente quanto seu irmão — disse o pai — Não sei a quem devo entregar a casa. Então o terceiro filho disse
— Pai, me deixe provar a minha habilidade, por favor.
E, como estava começando a chover, ele pegou sua espada e a balançou para frente e para trás acima de sua cabeça tão rápido que nenhuma gota caiu sobre ele. Choveu ainda mais forte, até que finalmente caiu uma tempestade forte. O filho, no entanto, apenas ergueu sua espada cada vez mais rápido e permaneceu tão seco como se estivesse sentado em uma casa. Quando seu pai viu isso, ficou surpreso e disse:
— Esta é a obra-prima, a casa é sua!
Seus irmãos ficaram satisfeitos com isso, conforme combinado de antemão. E, como se amavam muito, os três ficaram juntos na casa, seguiram seus ofícios e, como os haviam aprendido muito bem e eram tão espertos, ganharam muito dinheiro.
Assim, eles viveram juntos felizes, até envelhecerem. E, por fim, quando um deles adoeceu e morreu, os outros dois sofreram tanto com isso que também adoeceram e logo depois morreram. E porque eles foram tão espertos e se amaram muito, eles foram colocados na mesma sepultura.”
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Criado pelo escritor Vicente Guimarães, essa história fala sobre uma família com poucas condições econômicas, até que um dia precisam decidir quem dos irmãos iriam herdar a casa da família. Eles se aventuram pelo mudo, buscando mostrar ser merecedores. Mas no fim, quando um deles ganhou, teve humildade o suficiente para dividir a casa com os outros irmãos, mostrando assim que as vitórias se multiplicam e que nem todas as competições são ruins.
16. Ali Babá e os 40 Ladrões
“Era uma vez um jovem chamado Ali Babá, que viajava pelo reino da Pérsia levando notícias para o rei. Esta era a sua principal missão. Em uma de suas viagens, enquanto descansava, ouviu vozes distantes. Ali Babá subiu em uma árvore e viu quarenta ladrões diante de uma enorme pedra. Um deles gritou de repente:
— Abre-te Sésamo!
A enorme pedra se moveu, revelando a entrada de uma caverna. Os ladrões entraram e a pedra se fechou. Quando os ladrões saíram, Ali Babá resolveu experimentar e gritou para a pedra:
— Abre-te Sésamo!
A enorme pedra se abriu e Ali Babá entrou na caverna. Ele viu um imenso tesouro e carregou o que pôde no seu cavalo e partiu direto em direção ao palácio para pedir a filha do sultão em casamento. Quando o sultão viu o dote, aceitou imediatamente. Ali Babá ficou muito feliz e resolveu contar para todos que ia se casar. Mas para isso precisava comprar um palácio para a sua princesa. Voltou ao local onde tinha avistados os ladrões e falou:
— Abre-te Sésamo!
Um dos ladrões estava escondido nos arredores e viu Ali Babá sair da caverna carregando o tesouro. O ladrão foi contar aos outros o que viu e decidiram pegá-lo. Com as joias, Ali Babá comprou um palácio para sua amada e avisou a todos que daria uma festa no dia do seu casamento.
Os ladrões, sabendo da festa, se esconderam em barris de vinho vazios para atacar Ali Babá à meia-noite, quando estivesse dormindo. A festa foi tão alegre que o vinho acabou. Ali Babá então, foi à adega verificar se havia mais e, sem querer, escutou um sussurro:
— Já deu meia-noite? — perguntou um dos ladrões.
— Já, mas esperem a festa acabar! Aí vamos pegar aquele que está roubando o nosso tesouro.
Voltando à festa, Ali Babá disse:
— O vinho estragou e preciso de ajuda para tirá-lo daqui.
Alguns guardas ajudaram a levar os tonéis até um despenhadeiro.
— Vamos jogá-los lá embaixo — disse Ali Babá.
Ao perceber que seriam jogados, os quarenta ladrões entregaram-se aos guardas. Com os ladrões presos, Ali Babá ficou com o tesouro. A princesa e ele viveram felizes para sempre com a fortuna encontrada.”
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A escritora Tatiana Belinky criou essa história que ultrapassou gerações, mostrando a aventura de um homem pobre que encontra uma fortuna de modo inesperado. De forma invertida, diferente dos contos de fadas, o protagonista se aproveita da situação, roubando os próprios ladrões, mudando completamente de vida, ficando com a princesa e escapando das consequências dos seus atos.