Como o budismo continua a aumentar sua popularidade na cultura ocidental, certos princípios entraram no discurso de como ser um pai melhor. As ideias de ser “Zen”, “compassivo”, e claro, “consciente” vêm mais facilmente à memória. Mas o que esses conceitos realmente significam na prática?
Aqui estão cinco princípios budistas essenciais que irão ajudá-lo em sua jornada parental.
1. Reconhecer que uma mente estável é uma mente poderosa.
Segundo o budismo, a vida está constantemente em fluxo. E por essa razão, a estabilidade não vem de circunstâncias externas, mas da maneira como lidamos com as constantes mudanças: podemos optar por cultivar uma mente estável.
A maioria de nós tem estados mentais que elevam e decaem com base em eventos diários que analisamos como “bons” ou “ruins”: um abraço e um sorriso de sua filha é uma coisa boa, enquanto ficar preso no trânsito e se atrasar para uma reunião é ruim. O Budismo te encoraja a encarar todos os eventos com imparcialidade. As coisas são o que são, e você se permite sentir uma profunda sensação de poder quando aceita isso. Você pode ensinar isso para suas crianças sendo exemplo. A prática de meditação é uma ótima maneira de desenvolver uma mente estável.
2. Convidar o conceito da impermanência à entrar em sua vida.
Em nossa cultura, a maioria de nós evita a ideia de que as coisas mudam constantemente. Nós gostamos de rotina, hábitos, consistência. Mas há grande sabedoria na noção budista que diz que todas as coisas estão em constante movimento e, consequentemente, impermanentes.
A morte é parte disso. Todos os seres vivos morrem. É simplesmente o ciclo natural da vida. Podemos ensinar isso para as crianças não como algo assustador, mas reconhecendo o processo natural da vida. Use como exemplo as flores murchas, o apodrecimento de algum vegetal ou as folhas que caem no outono.
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Em um nível mais cotidiano, podemos aprender a aceitar, ao invés de temer, mudanças em geral. Podemos ensinar nossos filhos que a mudança é natural e que a melhor maneira de trabalhar com a impermanência é sendo grato por cada dia, porque cada dia é diferente e único.
3. Aprenda a lidar com a ansiedade.
Budistas sabem que por conta da impermanência, uma ansiedade subjacente sempre existe. A ansiedade não é um sinal de que algo está errado, é um sentimento de quem de vive em um mundo impermanente. Portanto, este não é um sentimento que podemos “consertar” em nós mesmos, nem em nossos filhos. A ansiedade é uma emoção normal em todo ser humano, e nosso sofrimento em torno dela se dissipa quando a reconhecemos e aceitamos.
4. Preste atenção às emoções do seu filho, todas elas.
O Budismo encoraja-nos a prestarmos atenção às flutuações da vida, e perceber o que são. Por esta razão, as emoções não são “boas” ou “ruins”. Budistas reconhecem emoções pelo que elas são: mensageiras com informações sobre o momento em que estamos.
Sabendo que as emoções são passageiras, podemos ensinar as crianças a processarem suas emoções da forma mais natural, vivenciando-as até que passem. Os pais não precisam interromper este processo para corrigir ou alterar sentimentos.
5. Confie que seu filho é resistente.
Na vida cotidiana, há perda e decepção. Muitos pais hoje em dia amortecem e protegem seus filhos das arestas da vida, e este é um instinto natural. No entanto, eu desafio os pais a permitirem que os seus filhos tenham lutas “seguras”.
Lutas seguras são decepções normais cotidianas e retrocessos em torno de dever de casa, conflitos entre irmãos, amigos, regras, tarefas, entre outros. Quando as crianças têm permissão para lutar, são mais propensas a resolverem problemas e construírem capacidade de resistência aos altos e baixos da vida, sem precisarem ser resgatadas por um dos pais.
Há um grande ensinamento budista por Shanti Deva, um monge budista do século VIII. Ele disse algo como isto: Quando você anda na terra, seus pés podem ficar cortados. Você pode deixar pedaços de pele por cada lugar que andar, ou colocar essa pele ao redor de seus pés e fazer um par de sapatos.
Quando nos tornamos pais, usamos nossa própria pele para tentarmos proteger as crianças da vida, ao invés de ensiná-las a fazerem seus próprios sapatos para que possam enfrentar seus obstáculos e construírem sua própria resistência.
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Traduzido pela equipe de O Segredo
Fonte: Mind Body Green