Certa vez li uma citação do palestrante motivacional Jim Rohn que dizia, sem rodeios: “Você é uma média das cinco pessoas com quem você mais gasta tempo”. Esse pensamento é alarmante – você não deveria ser única e não a soma daquelas que estão ao seu redor?
No entanto, se você pensar bem sobre isso, a teoria de Rohn faz sentido. Somos influenciados pelo nosso ambiente, o que sem dúvida inclui as pessoas que nos cercam. Se uma das nossas “cinco pessoas” quer sair num sábado à noite, provavelmente sairemos também. Se elas tiverem uma opinião específica sobre como lidar com um conflito, provavelmente compartilharemos desse pensamento.
Mas o que acontece quando uma das suas “cinco” pessoas é alguém que simplesmente não lhe faz bem?
“Esses tipos de relacionamentos podem ser devastadores”, disse Harry Reis, Ph.D., pesquisador de interação social e professor de psicologia na Universidade de Rochester, ao The Huffington Post. “Alguns relacionamentos podem ser prejudiciais para a nossa saúde. Eles acabam provocando angústia emocional e, às vezes, até física”.
Veja abaixo seis tipos de relacionamentos estressantes que possivelmente encontraremos em algum momento de nossas vidas e como eles afetam o nosso bem-estar psicológico, e mais importante, como lidar com eles.
A pessoa que não gosta de você
Existem mais de 7 bilhões de pessoas no mundo, o que significa que é extremamente improvável nos darmos bem com cada uma delas. Como a autora e doutora em psicologia Marcia Reynolds explica, não se dar bem como todo mundo na verdade pode ajudá-lo a focar no que realmente importa na vida.
“Quanto mais você aceitar os outros como eles são, resistindo a tentação de consertá-los ou mudar suas opiniões, sabendo ouvi-los com paciência e compaixão, mais você conseguirá ir adiante com os seus objetivos independentemente de alguém gostar de você ou não”, ela escreveu em um post no blog da revista Psychology Today.
Para conseguir lidar com as pessoas que só veem os seus defeitos, Reis recomenda manter o foco apenas nos seus pontos positivos. Mantenha um diário onde você registra os seus valores e as formas em que você os vivencia no seu dia-a-dia.
A pessoa com quem você teve uma desavença
Acabar uma amizade pode ser tão devastador quanto romper um relacionamento romântico. A pessoa que no passado foi seu confidente mais próximo de repente parece ser um desconhecido. Mas tenha muito cuidado se perceber que está fazendo um esforço descomunal para reparar o que se perdeu.
- Pessoas inspiradoras: Professora uruguaia ensina duas crianças em escola rural, viajando 108 km de carona diariamente
Faz parte da natureza humana apegar-se ao que é confortável, inclusive os relacionamentos que fazem parte da nossa vida há mais tempo. A triste realidade é que algumas amizades não foram feitas para durar – especialmente se a tentativa de repará-las significa sacrificar o seu bem-estar emocional. “Procure outras pessoas que são mais positivas e vivencie experiências melhores com essas pessoas”, aconselha Reis.
Isso não significa que você precisa esquecer os bons momentos que viveu, mas às vezes as memórias – e não a pessoa em si – é a única coisa que devemos manter por perto.
A pessoa que vive estressada
Não há nada demais em desabafar de vez em quando, mas se você acaba constantemente discutindo assuntos estressantes com a pessoa, você pode estar prejudicando a sua saúde. Pesquisas mostram que o estresse é contagioso. Quando você convive com alguém que está constantemente estressado, isso pode acionar o mecanismo de resposta ao estresse do seu organismo.
Os seus amigos devem lhe ajudar a solucionar ou fugir de seus problemas e não criar mais deles. Da próxima vez, tente mudar de assunto ou enfatize o lado positivo. A chave é prestar atenção ao seu humor, segundo Heidi Hanna, autora do livro “Stressaholic: 5 Steps to Transform Your Relationship With Stress” (algo como “Viciado em estresse: 5 passos para transformar seu relacionamento”).
- Comportamento: O que é ser uma pessoa fleumática?
“A melhor forma de limitar os efeitos do estresse transferido por outros é proteger a sua própria energia”, ela disse ao site Everyday Health.
A pessoa que sempre discute com você
Todo mundo já conviveu com o tipo de pessoa que expressa suas opiniões tão livremente, que parece que estão tentando discordar com você de propósito. A sua opinião sobre a economia? Não vale nada. Sua sugestão de restaurante? Super ultrapassada.
Ninguém quer viver em um constante estado de tumulto. Na verdade, pesquisas mostram que brigas frequentes com seu parceiro(a) ou amigos podem prejudicar a sua saúde, segundo reportagem da BBC.
“Verbalize o que é importante para você ao invés de depender exclusivamente do feedback de outras pessoas”, explica Reis. “Enfatize as coisas boas para si mesmo”. Isso significa manter as suas crenças firmes – independente do que os outros possam dizer.
A pessoa que usa você
“Ninguém pode se aproveitar de você sem a sua permissão”, disse Reis. “Se você sente que não é tratado bem, você tem o poder de mudar a situação”.
Não temos espaço em nossas vidas para pessoas que se aproveitam de nós. Ajudar uns aos outros é uma coisa (pesquisas até mostram que isso faz bem à nossa saúde!), mas se os favores são unilaterais, pode estar na hora de conversar sobre a situação. “Explique, sem julgar a outra pessoa, o que não está funcionando para você”, sugere Reis. “Tente envolver a outra pessoa… Não faça demandas, mas pontue o que é problemático. Depois, tente achar uma maneira em que a situação pode melhorar sem ter expectativas irreais sobre a outra pessoa”.
A pessoa que é má influência
Livrar-se de um mau hábito é algo que requer muita coragem. Reis afirma que relacionamentos positivos têm os seus melhores interesses em mente, enquanto os relacionamentos estressantes acentuam exatamente o oposto. “Se um relacionamento é tóxico, ele sabota as coisas que sabemos que são saudáveis”, ele explica. “As pessoas sofrem. O relacionamento pode fazê-las infelizes, ou mesmo interferir com a habilidade de ir adiante com seus objetivos pessoais”.
Não permita que esses relacionamentos lhe empurrem para o poço escuro das escolhas negativas. Se eles forem verdadeiros e sinceros amigos ou parceiros, entenderão e aceitarão as escolhas saudáveis que você faz, diz Reis.
Fonte: Brasil Post