Em busca de respostas para a situação política e econômica do país, o artista bateu um papo com o historiador sobre a conjuntura do Brasil na ocasião.
A pandemia da Covid-19 se instalou no Brasil e no mundo causando medo e revolta, fazendo com que bilhões de pessoas se questionassem sobre o que seria, de fato, mais viável na condução da crise sanitária enfrentada. Assim que o isolamento social foi indicado pelos maiores e mais importantes órgãos de saúde mundiais, muitos cientistas, pesquisadores, artistas e demais profissionais usaram suas redes sociais para fomentar a cultura e aumentar o alcance das informações.
O ator Rodrigo Lombardi, 46 anos, foi um dos que aproveitaram a oportunidade no auge da pandemia para abordar questões de relevância social para o Brasil. Em uma live que realizou com o historiador e professor Leandro Karnal, 59 anos, ele chegou a questionar sobre o que levava as pessoas a defenderem intervenções militares e a ditadura.
O bate-papo foi realizado em 2020, e dois anos depois, o público tem encarado essa live como uma “indireta profética” para a atriz Cássia Kis, 64 anos, com quem divide a tela em “Travessia”. Envolvida em polêmicas e manifestações antidemocráticas, incluindo compartilhamento de fake news e discurso homofóbico, a artista tem ficado sob os holofotes, causando desconforto no elenco e até mesmo na equipe técnica da novela, defendendo abertamente a imposição da ditadura no Brasil.
Os seguidores têm resgatado a conversa que Rodrigo Lombardi teve com Karnal, que na época perguntou ao historiador como deveria abordar as pessoas que defendem a ditadura, buscando estabelecer uma conversa adequada. “São pessoas problemáticas. Se for um jovem, acho que é fracasso da nossa educação. Se for um velho, defender a ditadura é falta de caráter. Defender morte e tortura é falta de caráter”, respondeu o professor de maneira categórica.
Dois anos depois da conversa entre os dois, Rodrigo Lombardi e Cássia Kis acabaram se tornando colegas de elenco em “Travessia”, mas os telespectadores, alguns atores e até mesmo parte da equipe técnica têm se posicionado contra a participação da atriz no folhetim, pedidos que não foram atendidos até o momento por Glória Perez, que chegou a afirmar à Veja que não pretende abrir mão da participação da profissional.
Cássia Kis e as manifestações antidemocráticas
Apoiadora do presidente Jair Bolsonaro (PL), Cássia Kis afirmou em uma live com a jornalista Leda Nagle que as “famílias tradicionais” estariam supostamente ameaçadas pela “ideologia de gênero”, chegando a dizer que casais homossexuais não conseguiam gerar filhos, o que acabou causando imensa revolta da comunidade LGBTQIA+ e da sociedade no geral.
![Rodrigo Lombardi faz “indireta profética” para Cássia Kis e sua defesa pela ditadura](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/11/2-Rodrigo-Lombardi-faz-indireta-profetica-para-Cassia-Kis-e-sua-defesa-pela-ditadura.jpeg)
“O que está por trás disso? Destruir a família. Destruir a vida humana? Porque até onde eu saiba, homem com homem não dá filho, mulher com mulher também não dá filho. Como a gente vai fazer?”, questionou a atriz durante a conversa com a jornalista. De acordo com reportagem do UOL, tudo indica que Cássia estava se referindo a uma fake news que mostra duas meninas se beijando na Paraíba, mas a informação foi checada pela Agência Lupa e é falsa.
Na mesma live, a atriz disse que a “pandemia foi maravilhosa” porque a ajudou a se descobrir como uma pessoa conservadora, que passou a buscar a Deus. “Essa pandemia foi maravilhosa para mim, ela me trouxe a verdade. Primeiro, eu conheci o Brasil Paralelo e fiquei assustada porque eram de direita, e não que eu fosse de esquerda, porque eu já tinha me divorciado da esquerda lá atrás, em 2014. Ouvi falar do Olavo de Carvalho e saí fora do negócio”, explicou.
Cássia Kis compartilhou uma suposta profecia da Nossa Senhora Aparecida, em que supostamente o “Brasil vai derramar sangue”. Ela ainda convocou a população para o “7 de setembro religioso”, fazendo uma vigília católica, servindo de material de campanha para Bolsonaro posteriormente.
Logo depois do segundo turno das eleições, a atriz passou a integrar as manifestações antidemocráticas que se espalham pelo país, e mesmo recebendo orientação da Rede Globo para evitar aparecer em eventos que fomentam a ditadura, ela segue participando. Em múltiplos vídeos nas redes sociais, ela ainda surge falando sobre golpe e religião.