Maria, de 59 anos, era uma dona de casa típica da Virgínia, nos Estados Unidos. Seu filho mais velho, Will, nasceu em 1987. Em seguida, vieram mais três filhos: Margaret, Madeleine e Hannah.
Em 1994, Hannah, com 3 anos, foi diagnosticada com câncer nos rins. A doença abalou a vida da família como um furacão. Foi um ano inteiro de luta, mas, em 1995, um ano depois, a pequena não resistiu e faleceu.
“A morte de nossa filha, Hannah, foi um momento crucial para mim. Sempre acreditei que se você fosse uma boa pessoa, coisas ruins não aconteceriam, mas, quando Hannah morreu, isso me forçou a fazer perguntas que eu nunca havia considerado antes sobre o rumo da minha vida” relatou ela, em entrevista ao The Sun.
“Inicialmente, o luto era um processo que consumia tudo, mas acabou me levando a uma direção mais realista da minha própria vida”.
A relação de Maria com o marido, Claude, não resistiu à tragédia e foi se deteriorando aos poucos, até chegar ao fim em 1998. Sendo dona de casa, Maria não sabia como sustentar as crianças dali em diante.
“Eu fui mãe e dona de casa por 11 anos. Eu não tinha ideia de como eu iria me sustentar e muito menos sustentar meus filhos como mãe solo. Na verdade, foi meu marido que sugeriu o acordo que acabamos fazendo. Ele tinha um emprego e renda estáveis e sugeriu que ele assumisse a custódia principal” recorda ela, inicialmente horrorizada com a ideia.
A mulher relatou que, ao compartilhar o assunto com sua família e seu advogado, todos ficaram horrorizados e afirmaram que Claude estava fazendo isso com a intenção de tirar os filhos dela.
“Eu pirei, inicialmente” recorda.
No entanto, após longa reflexão, ela começou a considerar se, talvez, não seria uma solução viável.
“Uma noite, eu me levantei na cama e me perguntei do que eu tinha medo. A resposta foi: eu tinha medo do que as outras pessoas pensariam. Então, dei um passo para trás e percebi que, se isso era o melhor e o certo a fazer para a nossa família, era isso que iríamos fazer. Minha reação inicial foi ficar horrorizada – que tipo de mãe faria isso, certo? Acontece que eu era esse tipo de mãe” diz.
Até o primogênito do casal concordou com a ideia.
“Quando nos divorciamos, meu filho tinha 11 anos e já tinha idade suficiente para participar da decisão e optou por ficar com o pai” lembra Maria.
A família combinou que as três crianças morariam com o pai e visitariam a mãe a cada dois finais de semana. Além disso, os pequenos passariam todo o verão com ela. Dessa forma, ela pôde focar em sua carreira de escritora.
“Não é uma decisão que eu recomendaria” comenta ela. “Foi mais doloroso do que eu originalmente me preparei” conta.
Sob a mira dos julgamentos
Se as pessoas já encontram motivos para julgar as mães, imagine o que fariam com uma mãe que abriu mão da guarda dos filhos? Maria foi alvo de muitas críticas.
“A parte mais dolorosa da experiência para nossos filhos foi a reação que veio de outros pais, que estavam julgando a situação pelo ponto de vista deles” esclarece.
“Nunca esperei que todos concordassem com a decisão, mas não esperava a reação extrema. Fiz o que as pessoas esperam que todo pai divorciado faça e eles não são acusados de abandonar seus filhos por isso. Estamos dizendo que nunca é bom que o pai seja o cuidador principal porque essa é a nossa reação instintiva?” indaga.
“Se meu nome fosse Mark, em vez de Maria, não estaríamos tendo essa conversa” destaca ela.
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Sem arrependimentos
Apesar das dificuldades, das críticas e dos olhares tortos, Maria afirma que não se arrependeu.
“Não tenho dúvidas de que esta foi a melhor decisão para nós e nossa família” afirma ela.
Maria afirma que seu relacionamento com os filhos não poderia ser melhor. Atualmente, ela é avó de duas netas.
“Adorei ser mãe por toda a minha vida e agora sou avó, o que me faz sentir ainda mais rica. É simplesmente a melhor coisa que já fiz. É uma das razões pelas quais eu acho que minha história é tão interessante para as pessoas, porque existem diferentes maneiras de viver nossos sonhos” conclui.
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