Em uma era onde tudo é gira ao redor de ser eficaz, de buscar ser a exceção, de ambições desmedidas, o que fazer com a grande maioria que não chega à cima dessa montanha imaginária?
Ser mediano abre-se como uma possibilidade, mas na maioria das vezes, como uma das piores. Ainda há a ideia de que o mediano é o medíocre, tudo aquilo ou todo aquele que não alcançou o devido estrelato ou fama. Que não obteve sucesso em sua carreira.
Você pode ter estudado anos em uma universidade privilegiada, pode ter ganhado concursos durante sua vida profissional, mas pode estar hoje em um emprego mediano, provavelmente sem brilho e o glamour, mas que garante o básico mensal para sua sobrevivência.
Apesar de que muitas técnicas ou conhecimentos são adquiridos após certo treinamento, o ser mediano ainda é visto de uma maneira negativa, principalmente no âmbito laboral.
![Quais são as vantagens de aceitar ser mediano em vez de excepcional](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2024/01/quais-sao-as-vantagens-de-aceitar-ser-mediano-em-vez-de-excepcional-imagem-1.jpg.webp)
O filme “A Escolha Perfeita” (Pitch Perfect), de 2012, traz no enredo frustrações de um grupo, que por mais que se empenhassem, não conseguiam atingir um resultado satisfatório.
Baseado na história de Andrew Greene, que também estudou em uma universidade norte-americana reconhecida por sua excelência, o jovem então passou a cogitar a criar seu próprio grupo musical, que teve o nome “Mediocre Melodies” (melodias medíocres, em inglês).
Ao anunciar o grupo, Andrew conseguiu um grande número de inscritos. No primeiro momento, 30 pessoas se inscreveram e todos eles passaram a se apoiar uns aos outros, sem pressão de ser o excepcional.
Ser mediano é algo ruim?
O professor de psicologia e ciências do comportamento da London School of Economics, Thomas Curran, questiona por que “mediano” se converteu em algo ruim.
Para ele, “o perfeccionismo socialmente prescrito nos torna obstinadamente hipervigilantes sobre o nosso desempenho em relação a outras pessoas”, explica em entrevista à BBC.
Na sociedade atual, acredita-se que não ter o perfeccionismo é sinal de que algo está falhando para obtermos o sucesso.
O professor ainda faz uma ressalva sobre a busca constante pelo perfeccionismo: seu impacto na saúde mental. Não é difícil encontrar excelentes profissionais com depressão, ansiedade e burnout nos dias atuais.
A culpa é de quem? – Já diria Renato Russo.
Busca constante para se sentir feliz
É comum para chefes ou donos de empresas exigirem até a última gota de seus funcionários ou subalternos porque não aceitam “nada menos do que a perfeição” ou que “o melhor não é o suficiente” ou o esperado.
Esquece-se que por trás daquele mero funcionário há um ser humano, que cansa, que tem pensamentos próprios e que precisa ter vida além do trabalho.
Se na suposta teoria, alcançar o perfeccionismo, ser excepcional parece ser o correto, na vida real, o cérebro pode se cansar após o pico de suposta alegria.
“Ele [o perfeccionismo] rouba das pessoas a capacidade de estar presente, ser feliz e se sentir em paz. Vira uma luta constante”, afirma a coach de vida Leonaura Rhodes, que é formada em neurociências.
Nisso, ser mediano pode manter sua saúde mental.
É esperado que você não acerte nas primeiras vezes determinado movimento, que você não consiga entender determinada instrução, que você não execute processos perfeitamente. Tudo isso é normal.
O cérebro precisa de um momento de aprendizagem, que, explicado por Rhodes, chama-se neuroplasticidade a conexão neural que é formada a cada vez que aprendemos algo novo.
Investir tempo em aprender novas habilidades e dedicar-se a atividades nas quais temos competência média é, portanto, uma excelente contribuição para a saúde cerebral a longo prazo.
Meça seu sucesso pelo bem-estar
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Difícil, mas não impossível. Encarar o sucesso desde seu bem-estar e não pelo quanto você ganha, parece ser uma tática menos prejudicial para sua saúde mental.
Em um mundo onde vemos diariamente inúmeros influenciadores com carrões caríssimos e com o discurso do “eu era assim e consegui ter tal coisa”, ser capaz de olhar para o outro lado parece até um ato de heresia.
Tente se preocupar com o seu próprio bem-estar e a sua própria felicidade.
Nem sempre é possível ter controle sobre o que acontece em nossas vidas. As situações não dependem, em sua totalidade, das nossas ações.
Existem agentes externos que também influenciam os processos.
Encontre sua própria régua e entenda o que é felicidade e bem estar para você. Com certeza, você verá que não é seu chefe quem dita o valor que você tem, suas experiências passadas, seus valores ou que tão bom é você no meio profissional.
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