A atriz Aline Borges, conhecida por interpretar a personagem Zuleica no remake da novela “Pantanal”, recentemente revelou que demorou para se reconhecer como mulher preta devido ao racismo estrutural presente na sociedade. Ela chegou até mesmo a fugir de sua negritude.
Aline Borges fugia da própria negritude
Com quase 30 anos de carreira e grande sucesso em seu papel na trama, Aline contribuiu significativamente com o debate sobre o tema do racismo e também ajudou a aumentar a representatividade das pessoas pretas na televisão brasileira.
Segundo ela mesma afirmou em entrevista à revista Contigo!, as discussões antirracistas apresentadas durante as gravações tiveram um impacto profundo em sua vida pessoal: “Para mim, foi mais profundo ainda, porque eu sou uma mulher preta que demorei muito a reconhecer as minhas origens, a entender minha identidade racial, a me reconhecer como mulher preta, por conta do racismo”.
![Novela fortalece autoestima de Aline Borges, que demorou a reconhecer sua identidade como mulher preta](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2023/06/picture-2023-06-06T161318.134.webp)
Ela explicou que muitos membros de sua família são negros mas possuem pele clara, fato este que dificultava ainda mais seu entendimento acerca das próprias raízes culturais: “No país racista que a gente vive, ninguém quer ser preto, porque ninguém quer ser discriminado. Então, a gente foge da nossa negritude por conta disso, o que está totalmente errado”.
![Novela fortalece autoestima de Aline Borges, que demorou a reconhecer sua identidade como mulher preta](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2023/06/picture-2023-06-06T161406.583.webp)
Além disso, ressaltando os problemas causados pelo racismo estrutural existente no Brasil atualmente – onde ninguém quer ser discriminado -, acabamos nos distanciando cada vez mais da nossa verdadeira essência enquanto pessoa preta ou afrodescendente.
No entanto após finalmente conseguir aceitar-se plenamente enquanto uma mulher negra forte e empoderada tudo mudaria drasticamente: “Eu fiquei forte, me conectei com a minha luz, com a minha força interior (…) Nenhuma árvore se mantém em pé se você corta as raízes dela. Então, quando o racismo vem e apaga sua ancestralidade, faz você sentir vergonha do seu nariz, do seu cabelo, faz você se distanciar de quem você é… tudo isso para que você tombe”.
Aline ainda comentou sobre como se conectar com as próprias origens culturais pode ser transformador em diversos aspectos da vida: “Esse cabelo que hoje eu acho maravilhoso, eu já odiei. Já quis operar o meu nariz, hoje eu acho ele lindo”.
![Novela fortalece autoestima de Aline Borges, que demorou a reconhecer sua identidade como mulher preta](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2023/06/picture-2023-06-06T161432.856.webp)
Apesar dos avanços notáveis na sociedade atualmente – onde cada vez mais pessoas estão lutando contra o preconceito racial -, Aline lamenta a pouca representatividade das minorias étnicas nas produções audiovisuais brasileiras.
Ela afirma categoricamente que precisamos nos reconhecer enquanto indivíduos únicos e especiais independentemente da cor ou etnia; além disso ressalta também a importância fundamental dessa diversidade cultural estar presente em todos os setores profissionais (inclusive dentro do mundo artístico).
“As pessoas precisam se reconhecer. A luta é para que a gente, lá na frente, tenha igualdade, chegue a um set de gravação e veja 50% de pessoas brancas, pretas, trans. A diversidade precisa se fazer presente em todos os sentidos”.