Dois amigos de infância, se encontraram depois de muitos anos.
E congratulavam-se na companhia um do outro, com um gostoso chá em frente à uma lareira.
Lembravam de suas infância, suas brincadeiras malucas, os monstros debaixo da cama, a guerra de travesseiros, a acusação de trapaça na bolinha de gude, o pipa cortado.
Na adolescência, os “brotinhos” na garupa das motos, calça de couro, a rebeldia.
Confessaram um ao outro que havia um bom tempo que não riam e se divertiam tanto.
Lembraram-se de como gostavam de filosofar, e criar histórias mirabolantes em torno disso.
Lobisomens, Ets, Vampiros, Espíritos e tudo o mais de sobrenatural, saia dali.
Então, em um dado momento começaram a perceber o quanto haviam mudado, quantas idéias na época tão real, agora pareciam ridículas. Lembraram, em quando deixaram de acreditar em Papai Noel, Fada do Dente, Duende…
Perceberam, que a falta de imaginação às vezes pode tornar a vida até meio que sem graça.
Era nítido, que haviam se transformado em algo que nunca imaginaram.
E então, resolveram se confrontarem sobre suas crenças atuais.
Um deles, confessou:
– Ainda mantenho, um espirito filosófico, sou um grande questionador.
Esse falou de um pensamento seu, que não era comum ao meio e contexto em que vivia.
O outro, por outro lado havia tornado-se um cético ferrenho.
E surpreendeu-se com a ideia, achando estúpida ao extremo.
Então, disse:
– Você não pode pensar assim, isso não faz sentido, baseado em que mantém essa linha de pensamento?
– Baseado em minhas experiências – excitou o outro.
– Olha, de acordo com o autor tal, do ano tal, no livro seguinte, essa ideia é cabulosa de acordo com tal tese.
E o amigo respondeu:
– E porque devo acreditar na ideia do Doutor tal, que realizou pesquisas baseadas nas experiências de pessoas tais, e tirou dali sua visão, que também sofreram influencia de sua própria experiência, e abrir mão da minha experiência, porque ele foi reconhecido por Academia tal? Qual sentido há nisso?
E o amador filosófico, foi ainda mais longe:
– Amigo, o que você está dizendo, é que outras pessoas pensaram e os pensamentos delas foram validadas e por essa razão, devo aceitar e pronto. Não devo pensar, por que outra pessoa já pensou por mim?
Finalmente o cético se manifestou:
– Amigo, pessoas matam e morrem para defender idéias que na maioria das vezes nem delas são, não vamos estragar nossa amizade por isso, que tal um bom vinho?
E os dois caíram na gargalhada, e depois se distraíram num formidável jogo de xadrez.
Luz e Paz
Por Maira Vitorinno de Souza – Expansão da Consciência