Samantha Brick, jornalista britânica, adere ao movimento childfree, que representa aqueles que optam por não ter filhos e preferem não conviver com crianças. Em um controverso artigo para o jornal The Sun, ela revelou que até mesmo rompe amizades quando suas amigas engravidam.
“Uma das minhas amigas é mãe. Mas, toda vez, que nos encontrarmos, passaremos a primeira hora ou mais de nosso almoço falando da vida de seus três filhos. Cada cuspe e cada tosse é uma obsessão. Nós duas temos cinquenta e poucos anos – e isso vem acontecendo há anos. É de se admirar, hoje em dia, que eu adie vê-la uma ou duas vezes por ano?”, expressou ela.
Samantha mencionou que o tópico das crianças se intensifica durante as férias de verão, quando, no Reino Unido, os alunos ficam seis semanas afastados da escola.
“Quanto a mim, fico mais feliz ao lado da piscina com minhas amigas sem filhos”, declara.
“Geralmente, somos aquelas mulheres rindo com um copo de algo deliciosamente gelado, e definitivamente não aquelas que ficam elogiando os próprios filhos sem parar ou reclamando das provações de ser mãe”, afirma.
Assim, a jornalista revela que lamenta não ter tido uma conversa franca sobre esse assunto com sua amiga, que é mãe, há anos. Ela acredita que deveria ter expressado claramente:
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“Pelo amor de Deus, por favor, pare de falar sobre seus filhos”.
Samantha também elogiou a influenciadora Amy Chan, que abordou o assunto em um vídeo viral no TikTok, gerando muita discussão. Assim como a jornalista, Amy expressou sua exasperação com amigos que não param de falar sobre os filhos.
“Todos nós conhecemos o tipo. São aqueles que falam sobre o brilho único de seus filhos. E dia após dia, mamãe e papai ficam em segundo plano porque seus filhos são firmemente sua prioridade. É impressionante que a agenda familiar seja ditada pelos caprichos de seres humanos que geralmente têm menos de dez anos”, comenta Samantha.
“Entendo a importância de criar seres humanos emocionalmente saudáveis, mas devemos integrá-los em nossas vidas – não torná-los o ponto focal”, reflete.
“Eu sou mais velha e talvez um pouco mais informado do que Chan e posso chamar esse comportamento pelo que é – mães perdendo o enredo junto com sua identidade. Chan estava ‘com medo’ de revelar seus sentimentos sobre esse assunto. Mas ela foi perfeitamente razoável”, argumentou.
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No vídeo, a influenciadora afirmou que não desejava parecer insensível. Entretanto, para Samantha, ela não transmitiu essa imagem de forma alguma. Além disso, Samantha observou que acredita que pessoas sem filhos ainda são integradas a círculos de amigas que são mães, principalmente por conveniência.
“Somos babás gratuitas, somos suas coaches motivacionais quando as mães esgotadas estão com problemas, somos generosas tias e profissionais sem filhos quando se trata de mimar os filhos delas. Até pagamos a conta quando mamãe ganha um passe livre para socializar conosco. E sempre sorrimos com os dentes cerrados quando percebemos que desistimos de uma noite livre só para ouvir você buzinar sobre as evacuações do seu filho”, defendeu.
“Você provavelmente acha que mulheres como nós deveriam engolir isso. Afinal, as crianças são o futuro. E sim, isso é algo que não posso discutir. Mas cada vez mais mulheres estão optando por não ter filhos. Uma pesquisa do Pew Research Center de 2021 revelou que 44% das pessoas que não são pais, com idade entre 18 e 49 anos, dizem que “não é muito provável” ou que não é “nada provável” que tenham filhos algum dia, 7% a mais que a pesquisa de 2018”, destaca Samantha.
A jornalista, contudo, não se considera childfree por opção. Ela também compartilha que enfrentou um problema de fertilidade inexplicável, passou por tratamentos sem sucesso para engravidar. Ainda assim, para ela, a sociedade impõe uma pressão significativa sobre as mulheres em relação à maternidade.
“Quem eu culpo pela conversa interminável sobre crianças? O crescente culto à maternidade foi massivamente alimentado pelas mídias sociais”, declara.
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“E isso não está ajudando nem um pouco as mulheres. Vejo tantas amigas perderem a identidade quando se tornam mães e só querem se lamentar ou (pior) falar sobre os filhos. É uma pena – para elas”, complementa a autora do artigo, destacando que a hashtag #Childfreetiktok acumula mais de 109,3 milhões de visualizações no aplicativo e no Instagram.
Samantha, também produtora, relata que durante seus 20 e 30 anos trabalhando na TV, sempre percebia que quando uma de suas amigas incríveis engravidava, a amizade estava fadada a se desfazer.
“Era ridiculamente previsível”, afirma ela.
“Elas saíam de licença-maternidade e voltavam ao escritório um ano depois, apenas para se transformar nessa pessoa que só queria falar sobre si mesma e sobre seus filhos. O pior era quando os filhos começavam a falar. As conversas dos adultos eram jogadas pela janela, porque passávamos meia hora tentando descobrir o que a criança estava dizendo. Ela estava com fome ou só precisava respirar?”, conta.
“A verdade brutal era que minhas amigas mães não tinham absolutamente nenhum interesse em minha vida, então, fiquei cada vez mais desinteressada na delas. Isso aconteceu com três amigas diferentes. Quando cheguei aos 30, adotei uma abordagem brutal com qualquer amiga do trabalho que dizia estar grávida, simplesmente rompia com elas”, relata.
“E elas nem notavam”, afirma.
Samantha também compartilha que ela própria contraiu matrimônio em seus trinta e poucos anos, almejando a maternidade, apesar das reservas de seu esposo em relação à paternidade. Eventualmente, eles se separaram e, posteriormente, ela se casou novamente.
Nessa ocasião, empreendeu tentativas de concepção natural sem sucesso, o que a conduziu a quatro anos de exames e procedimentos em clínicas especializadas em fertilidade.
“As amigas mães eram incrivelmente horríveis de se estar por perto. Uma delas me disse: ‘Você pode cuidar dos meus filhos se quer tanto assim’. Outra disse: ‘Pelo menos, você tentou’. Como se eu estivesse brincando de pescaria no parque de diversões. Eu tenho algumas mães sãs, que não esqueceram que também são colegas de trabalho, melhores amigas, esposas, irmãs e parceiras de academia. Elas são as únicas que você valoriza. Elas nunca esquecem seu aniversário. Elas são sensíveis ao fato de que você tentou e não conseguiu ter filhos. Elas são mães melhores por isso – mas infelizmente são poucas e distantes entre si”, conclui.
Confira o vídeo de Amy Chan abaixo: