Nesta terça-feira (19), a apresentadora Ana Hickmann formalizou uma denúncia-crime, solicitando a investigação do empresário Alexandre Correa por crimes como falsidade documental, falsidade ideológica, uso de documentos falsos, lavagem de dinheiro, associação criminosa, estelionato e crime contra a economia popular.
A queixa foi protocolada na Delegacia Geral de Polícia de São Paulo pelo advogado Fernando José da Costa, representante da apresentadora.
Uma perícia preliminar, conduzida pela defesa de Ana, suscitou a suspeita de que Correa estaria envolvido em uma associação criminosa. Este suposto esquema englobaria indivíduos que trabalhavam nas empresas do ex-casal, bem como funcionários de um cartório e até mesmo de um banco.
Existem indícios de que Correa teria operado um esquema de pirâmide, conforme apontado pela mesma perícia. Simultaneamente, segundo o advogado, o empresário estaria se beneficiando de valores milionários, “como duas doações de R$ 200 milhões, em que ele aparece como único beneficiário”.
Questionada, a defesa de Correa afirma não ter tido acesso à denúncia e se reserva de comentários até a leitura completa de seu conteúdo. Anteriormente, ele havia negado a prática de fraudes ou irregularidades na gestão das empresas.
Alexandre Correa captou recursos junto a diversas pessoas físicas e jurídicas com a promessa de pagamento de juros irreais, constituindo uma verdadeira ‘pirâmide financeira’ declara o documento, agora entregue às autoridades policiais.
O parecer adiciona que “os recursos iniciais recebidos pelo sr. Alexandre referente a referida captação” teriam sido “desviados para contas alheias àquelas de movimentação financeira das empresas e da sra. Ana Hickmann.”
Com uma união de 25 anos, o casal administrava sete empresas, sendo que a perícia focou em investigar a situação da Hickmann Serviços Ltda, considerando registros entre 1º de janeiro de 2018 e 31 de outubro deste ano.
Conforme a análise, o montante total das dívidas acumuladas pela empresa nesse período ultrapassa R$ 40 milhões.
Conforme a perícia, várias irregularidades foram identificadas, incluindo a ausência de registro contábil de operações financeiras significativas, desconto de uma mesma duplicata em múltiplas instituições financeiras e evidências de “falsificação por inúmeras vezes da assinatura pessoal de Ana em cheques, financiamentos bancários e outros documentos”.
A suspeita é de que uma estrutura criminosa tenha se instalado no âmbito das empresas da Ana Hickmann, sobretudo na Hickmann Serviços Ltda., onde teriam sido perpetradas diversas fraudes, gerando um prejuízo milionário para a Ana, à própria empresa, entre demais vítimas, como pessoas físicas, pessoas jurídicas e instituições financeiras afirma o advogado.
Na denúncia-crime, a defesa da apresentadora solicita a retenção do passaporte de Correa e a proibição de sua saída da cidade onde reside, São Paulo. De acordo com Fernando José da Costa, tal medida é essencial, uma vez que o empresário expressou em entrevistas à imprensa o desejo de deixar o país.
Outra providência requisitada é a quebra do sigilo bancário de Correa e de duas mulheres que colaboravam com o então casal.
Em 11 de novembro, Ana Hickmann denunciou seu então marido por lesão corporal e violência doméstica, resultando no rompimento do relacionamento desde então. Posteriormente, ela também acusou Alexandre Correa de violência patrimonial.
Um inquérito policial já foi instaurado em Itu, no interior paulista, onde Ana e Correa residiam, para apurar os crimes de falsificação e uso de documento falso.
Diante das novas suspeitas e considerando que os documentos indicam que os crimes teriam ocorrido na capital paulista, a defesa da apresentadora solicita a transferência do inquérito de Itu para uma delegacia em São Paulo.
Um dos documentos ressaltados pela perícia é uma procuração datada de 1º de novembro de 2022, na qual Ana concederia plenos poderes a Alexandre para agir em seu nome e no da Hickmann Serviços Ltda.
A procuração foi elaborada utilizando uma assinatura eletrônica da apresentadora, porém, ela alega jamais ter autorizado tal ação e desconhecer o documento.
Outro ponto destacado pela perícia envolve doações vultosas de valores milionários supostamente destinadas a Alexandre Correa. A análise identificou duas escrituras do tipo “declaratória pública arbitral”, registradas pelo 1º Tribunal de Justiça Arbitral da Baixada Paulista.
Essas escrituras indicariam doações de R$ 200 milhões cada para Alexandre, sendo uma delas realizada em espécie e a outra por depósito em conta.
São valores completamente fora de qualquer razoabilidade e que precisam ser investigados afirma o advogado Fernando José da Costa.
Segundo a perícia, uma dessas doações teria sido efetuada por um homem chamado Miguel, em nome de uma empresa de terceiros. O mesmo homem é mencionado no mesmo relatório como potencial comprador de um imóvel pertencente ao então casal, situado em Perdizes, São Paulo, no ano de 2018.
Embora o valor de mercado do apartamento naquela época fosse de R$ 6 milhões, Miguel teria insistido em fazer uma oferta de R$ 10 milhões pela propriedade. Conforme a denúncia-crime, chegou a ser elaborado um compromisso de compra e venda.
Entretanto, em 2019, Ana teria descoberto que a venda do imóvel não se concretizou, mas Miguel estaria residindo no local, enquanto ela continuava arcando com o pagamento do IPTU e das despesas da casa, como luz e água.
A perícia destaca ainda que, em maio de 2022, um homem identificado como André Luiz emitiu um cheque no valor de R$ 15 milhões em favor de Alexandre Correa.
Esse homem inicialmente manifestou interesse na aquisição da propriedade em Perdizes, mas mais tarde tornou-se interlocutor de Miguel nas negociações do apartamento.
Além disso, o parecer indica a existência de um cheque de R$ 10 milhões, emitido por Miguel para Correa e datado de 10 de maio de 2022.