A respiração, esse ato automático e invisível que praticamos cerca de 30 mil vezes por dia, tem a capacidade de ser um importante veículo para a meditação.
O texto abaixo pode ser usado como um exercício para a respiração atenta, que trás concentração.
Leia um trecho. Pare e experimente no seu corpo por uns minutos. Continue lendo e meditando até o fim. Você pode pedir para alguém ler para você enquanto relaxa e repousa seus pensamentos. Ou leia agora e use a respiração para meditar quando for possível. Não existem regras. Com o tempo, você incorpora a respiração atenta e pode praticar a meditação sem interrupções.
Imagine que você amarrou com firmeza um barco a uma estaca de madeira. O mar se movimenta e a embarcação responde subindo e descendo, balançando com suavidade, virando devagar e voltando a sua posição original.
Vez por outra uma onda maior faz o barco sofrer uma turbulência.
Não importa, a corda está segurando o barco e não deixa ele se afastar da estaca.
Você está deitado dentro da canoa. Seus olhos estão fechados, mas sua atenção repousa nos movimentos, pois é uma sensação nova.
Conforme o barco balança para um lado, seu corpo reage e sua mente tenta prever o próximo movimento. Não importa, você sabe que o nó dado na corda é firme e que os movimentos rítmicos, uma hora se tornam previsíveis.
Sua confiança cresce e você relaxa.
O mesmo acontece com a respiração, quando meditamos. Ao ancorar a atenção no ato de respirar, as ondas do pensamento produzem movimentos, mas o foco firme na respiração evita que as ondulações desestabilizem seu equilíbrio. Sua confiança cresce e você relaxa do esforço mental.
Conforme a concentração se aprofunda, você se distancia do processo e observa a mente que observa o movimento respiratório.
Respirar é tão automático e comum, que focar sua atenção nesse ciclo pode ser desconfortável e cansativo, mas uma vez sincronizada, a frequência de inspirações e expirações diminui e o ato de observar a respiração passa a influenciar seu estado mental.
Uma hora, mente e respiração estarão unidas, uma acompanhando o movimento vagaroso da outra. Alcançar esse estágio leva tempo. Não tenha pressa para que isso aconteça. As tensões continuarão, tanto se suas tentativas forem insuficientes como se forçar o processo. Desista de ter controle. A jornada para a meditação é a prática em si.
Para uma boa meditação, a respiração pode ser:
– Profunda, impulsionada por contrações conscientes do diafragma;
– Suave, flui sem sobressaltos;
– Uniforme, com tempos semelhantes de duração;
– Silenciosa, transcorre sem fazer sons;
– Contínua, fluindo com suaves transições.
Conforme você evolui na prática de respirar, vai desfazendo as dificuldades dessas etapas, permitindo que o fluxo de inspiração seja cada vez mais nutritivo, enquanto as expirações se tornam cada vez mais relaxantes.
– Profunda;
– Suave;
– Uniforme;
– Silenciosa;
– Contínua.
Essa respiração fluída vai levá-lo para uma fase em que o esforço de respirar passa a ser nulo, mas totalmente consciente.
Agora você vai prestar atenção no toque do ar nas narinas. Sinta o ar passando devagar e tente acompanhá-lo suavemente no máximo de seu percurso.
Ocorreu uma distração? Volte calmamente a atenção para o tato no nariz, que percebe a sutileza do ar entrando e saindo do seu corpo.
Esse repouso da consciência na sensação das narinas é como entrar no barco da mente. É um nível tão sutil que você pode ter a sensação de falta de estabilidade nas ondas de pensamentos e emoções. Mas lembre-se do nó firme que você deu, unindo o barco à estaca. Aceite que as ondas não vão desestabilizar sua canoa. Relaxe nessa certeza. Os pensamentos fazem parte do que você está vivendo neste momento, então aceite-os com compaixão. Tanto faz…
As ondas de pensamentos e emoções dão a impressão que atacam o barco, mas na verdade, apenas estão passando por ele. Deixe passar. Deixe ir.
Ao manter a respiração como foco de atenção, a mente acalma e estabiliza.
Pratique:
– Conscientize-se do fluxo respiratório. Sinta a respiração diafragmática;
– Não se preocupe com o processo. Apenas sinta a movimentação que enche e esvazia seus pulmões;
– Molde a respiração. Use a atenção tranquila para estabelecer uma respiração profunda e relaxada;
– Inspire e expire lentamente;
– Relaxe do esforço de respirar. Acalme seu sistema nervoso;
– Leve sua consciência ao toque da respiração nas narinas e volte suavemente a esse foco em todas as vezes que os pensamentos produzirem ondas;
– Aprofunde e estenda o tempo de concentração nas narinas;
– Não condene seus pensamentos. Foi você que os produziu. Elimine todo o tipo de violência sutil do seu ser. Deixe-os ir;
– Movimente-se em direção ao centro do seu ser. A respiração é seu porto seguro.
Sinta a paz
Encerrando a prática:
– Desloque calmamente o foco do interior de seu ser para o exterior. Volte a ouvir os sons ao seu redor, sinta o peso do seu corpo. Mexa-se delicadamente para frente e para trás. Massageie alguma parte do seu corpo que esteja anestesiada ou incomodando. Abra os olhos.
Não permita que o ritmo do mundo domine você. Quando terminar a meditação, respeite os momentos que passou. Mantenha o observador presente. Você não é suas emoções, você não é seus pensamentos. A impulsividade não existe mais e a consciência passa a ser dominante.
Tente meditar todos os dias até que o repouso dos sentidos seja uma prática comum em sua vida.
Veja o vídeo nosso que dá 3 dicas para você Meditar em Casa: