De todas as lições que a vida nos traz, talvez a mais preciosa seja a importância de se amar.
Porque quem se ama não se sujeita a tudo. Não mendiga migalhas de apoio, de atenção e de amor alheio. Quem se ama gosta dessas coisas, mas não depende delas.
Só se ama de verdade aquele que se conhece, que está além dos julgamentos do mundo, que não ousa se comparar ou abrir mão da consciência de sua individualidade.
Quando uma pessoa não se ama, busca o amor nos outros. Não o amor enquanto carinho, sentimento verdadeiro, afinidade, reciprocidade… Procura o amor que não tem dentro de si. Busca a aprovação alheia para suprir o amor que não aprendeu a desenvolver por si mesmo.
Por isso se dobra as vontades dos outros. É uma vampira energética, carente de atenção, que faz de tudo pra conseguir o reconhecimento alheio.
São vários os tipos de posturas que podemos tomar quando não nos amamos.
Um tipo de pessoa que não tem amor próprio é a chamada escrava, ou fantoche: essa pessoa se sujeita a todas as vontades alheias, não sabe dizer não, não sabe se posicionar, dissimula o que sente, o que pensa, e o que quer de verdade, para fazer tudo o que o outro acha melhor. Faz isso para agradá-lo, com medo de que se não fizer, não terá o amor do próximo.
Outra tipo de pessoa carente de amor próprio é a vítima: essa manipula as emoções alheias, tentando passar uma imagem de fraca, de injustiçada, de desamparada, para que os outros deem atenção para ela. Costuma dramatizar tudo, aumentar as situações, sempre exagera para o negativo. Os outros sempre são os culpados de seu sofrimento, e sua atitude mais frequente é de tentar ganhar a atenção alheia pela manipulação das emoções.
A exibicionista é aquela que é levada pelo ego: quer estar sempre na frente. Suas conquistas não são para satisfação própria, são apenas para mostrar, deixar exposto na vitrine social, para que as pessoas vejam e aplaudam. É uma pessoa que acredita que a vida é um palco e que por isso precisa sempre ser aplaudida. Ela confunde o aplauso social com amor, e quando não está sendo admirada ou notada, entristece-se pensando que não está sendo amada.
Existe também a punitiva. Este estado acontece quando a pessoa não tem amor por si, mas ao invés de tentar desenvolver esse amor ela pune a si mesma. É uma pessoa que geralmente está contaminada pelos falsos valores sociais de beleza, de sucesso, de gosto. Incorporada por essas ideias ela culpa-se por não se adequar ao mundo, se persegue, se maltrata, julga-se que não merece nada de bom. É alguém que se olha no espelho e que não gosta do que vê. Está sempre se comparando com os outros e se pondo pra baixo.
Outro tipo muito delicado é o da dependente. Esse tipo de pessoa por não reconhecer o valor próprio vai criar a dependência em alguém ou em alguma coisa. Os estágios desse tipo de pessoa variam. Desde aquela que acredita não conseguir fazer as coisas por si mesma, até aquela que no fundo de suas ilusões e de sua falta de amor, vai buscar prazeres que busquem suplantar esse sentimento, ficando a mercê da dependência em drogas ou práticas que acabam por fazer mal a si mesma.
Essas são apenas algumas das características mais fortes de uma pessoa quando é carente do próprio amor. É claro que existem muitos os fatores que levam uma pessoa a ter essas atitudes, e todos os nós costumamos apresentar esses sintomas, em diversos níveis, variando de uma situação para a outra. Poucos são os que podem dizer que se amam por completo, que se aceitam, que não se criticam, que aprendem com os erros, mas não perdem tempo se culpando, que não se comparam, não se agridem por dentro, não fazem da aprovação externa um critério para se definir.
Ter o amor dos outros é bom. Mas o nosso é fundamental. Buscar a aprovação alheia a qualquer custo é pagar o preço alto de perder a si mesmo. Ficar dependente de algo ou de alguém é fazer da sua vida uma refém dos fatos e das pessoas.
É preciso do amor próprio para se sustentar, se fortalecer, se curar…
Por isso vamos fazer um exercício de amor próprio:
Vá até um espelho e olhe pra você.
Não com os olhares da sociedade, como mundo te vê. Esqueça por um momento tudo que você já ouviu os outros falarem de você, tudo o que você mesma já pensou de você, tudo aquilo que você queria ser e não é. Tudo isso são formas, ideias que você formou na cabeça e que agora pode descartar. Elas não tem poder sobre você.
Abandone toda ideologia. Todos os valores que te passaram. Jogue fora essa maldade que o mundo ensinou e que você deixou entrar em você. Se purifique! Olhe-se com compaixão.
Olhe pra você como que olhando para uma criança. Uma criança que está no mundo ainda aprendendo a viver nele. Uma criança que tudo que faz é na ingenuidade, tentando ser feliz. Uma criança que precisa de afeto… DO SEU AFETO! Do seu apoio, da sua confiança, da sua aprovação, do seu aplauso, do seu sorriso, da sua bondade, do seu perdão, do seu AMOR.
Sorria pra si mesmo. E perceba agora que você não precisa ser diferente do que é pra ser feliz. Perceba que toda procura nos outros era por esse sentimento que já havia dentro de você. Sinta que todo o amor do mundo jorra do seu peito como uma luz rosa e que envolve todo o seu corpo. Essa luz te abraça, te aquece, te protege, te alimenta. Nela você desenvolve a confiança pra ser feliz.
Agora abrace a si mesmo, como quem faz as pazes consigo. A partir de agora você se compromete a ser seu melhor amigo e a nunca levantar da cama sem primeiro ter a certeza de que se ama e se ama muito!