Para muitas mulheres, o arquétipo de Lilith acaba personificando várias outras que não se submetem às regras sociais e que possuem voz suficiente para lutar por seus ideais e questionar imposições.
Dentro do universo das escrituras judaicas, Lilith é conhecida como a primeira esposa de Adão. Essa revelação pode parecer contraditória para aqueles cuja religião se baseia no catolicismo, pois segundo essa crença, Eva foi a primeira e única esposa de Adão.
No entanto, ao observarmos o livro de Gênesis, que compõe tanto o Torá quanto a Bíblia, nos deparamos com uma inconsistência na linha do tempo dos fatos narrados. Essa discrepância tem gerado discussões e interpretações diversas ao longo dos séculos.
Quando lemos as primeiras páginas de Gênesis, nos deparamos com uma aparente contradição em relação à criação do homem e da mulher. Primeiro, é mencionado que Deus criou o Homem e a Mulher simultaneamente.
Porém, no capítulo seguinte, o foco se volta exclusivamente para Adão, e somente no final desse capítulo é que Eva é introduzida. O que aconteceu com a mulher mencionada no primeiro capítulo? Ela parece ter sido apagada da história.
Segundo a tradição judaica, essa mulher do primeiro capítulo de Gênesis seria Lilith. Ela foi criada a partir do mesmo barro que Adão e, assim como ele, possuía plena autonomia e igualdade. Em algum momento, Lilith teria se recusado a se submeter à autoridade masculina. Ela não aceitou se deitar sob Adão e reconhecer a sua superioridade.
Essa postura desafiadora levou Lilith a abandonar o Paraíso e a rejeitar a ideia de uma relação desigual. Ela decidiu partir em busca de sua própria independência e liberdade. É importante ressaltar que, segundo as tradições judaicas, Lilith não foi expulsa do Éden, mas fez uma escolha consciente de deixar esse lugar de submissão.
Com a partida de Lilith, Deus decidiu criar uma nova parceira para Adão. Foi então que Eva surgiu, formada a partir da costela de Adão. A criação de Eva representa uma mudança na dinâmica do relacionamento entre homens e mulheres. Diferente de Lilith, Eva foi moldada para ser uma companheira submissa e obediente a Adão.
A figura de Lilith é cercada de simbolismos. Dentro das tradições cristãs, ela é frequentemente retratada como um símbolo de rebeldia e destruição. Sua recusa em aceitar a submissão a Adão e sua consequente partida do Éden são interpretadas como um ato de desobediência aos desígnios de Deus.
Por outro lado, em outras correntes de pensamento, Lilith é vista como um símbolo de independência e empoderamento feminino. Sua coragem de questionar a supremacia masculina e buscar sua própria liberdade é celebrada como um exemplo de autonomia e resistência.
Arquétipo de Lilith: características gerais
De acordo com a taróloga Lia Nascimento, em entrevista ao IG Delas, o arquétipo de Lilith tem se popularizado depois que essa figura passou a ser incorporada no tarot. Por Lilith se mostrar rebelde e preferir perder seus privilégios a obedecer a seu parceiro, ela acabou se transformando em um grande símbolo de independência para as mulheres.
“Na comunidade pagã, Lilith é tratada e respeitada como uma divindade de suma importância. Tanto que, nos rituais e oferendas feitos a ela, se aplicam as diretrizes de execução de magia com deuses. Algumas vertentes podem tratá-la como demoníaca, por seu aspecto contestador”, explica Lia Nascimento.
Ao fazer um contraponto à figura de Eva, Lilith acaba simbolizando a independência da mulher frente ao domínio masculino. Assim, ela acaba promovendo o aumento da autoconfiança feminina para que as mulheres que a buscam consigam abandonar comportamentos ou até parceiros problemáticos.
Quando Lilith passa a impor suas próprias vontades, ela deixa claro que não é um ser inferior ao homem, já que ambos tinham as mesmas origens. Apesar disso, ela ainda é vista para várias culturas e religiões como uma entidade maligna, enquanto na cultura dos povos hebreus, ela é lida como a deusa da fertilidade, conforme descreve o site Segredo Quântico.
A força da autoconfiança no arquétipo de Lilith
Talvez uma das características mais buscadas pelas mulheres é sem dúvida a autoconfiança que Lilith emana. Por ser uma mulher que sabia o que queria, quem era e quão importante era, essa figura fez questão de não baixar sua cabeça e aceitar ordens: ela enfrentou a situação e demonstrou que não compartilhava o pensamento de submissão feminina.
Ao utilizar esse arquétipo, espere viver um crescimento significativo da sua autoconfiança. Se você é uma mulher com certa timidez ou tem medo de compartilhar seus pensamentos com outras pessoas, independente do sexo biológico dela, você pode usá-lo ao seu favor.
Como ativar o arquétipo de Lilith
Caso você queira ativar esse arquétipo, é necessário que você estude com profundidade a história e todas as características de Lilith, para que consiga tomar para si seu poder. Quando usado de maneira responsável, esse arquétipo é capaz de ajudar as mulheres a assumirem o controle de suas emoções de maneira sensata.
Trate de conhecer mais a personagem e como ela ousou a desafiar a supremacia masculina de sua época. Antes da ativação do arquétipo, procure meditar antes e se possível, tome um banho relaxante para liberar energias negativas.
- Em um papel, escreva o que você quer para si das características desse arquétipo;
- Repita frases de empoderamento após a escrita. Caso queira, você pode repetir essas frases em frente ao espelho: “Eu sou forte”, “Eu sou independente”, “Eu sou poderosa”, “Eu sei o que quero”;
- Medite sobre todas as situações em que você se sentiu desfavorecida e sempre antes de agir, questione o que Lilith teria feito em seu lugar.
- Mentalize diariamente as características positivas que deseja absorver e incorporar à sua personalidade.
Benefícios da ativação do arquétipo de Lilith
Se você ativar esse arquétipo, é possível que as primeiras mudanças sejam sentidas de maneira rápida. Essas qualidades que você anotou e selecionou, farão com que você seja uma melhor pessoa.
Quando aumentamos nossa autoconfiança, a tendência, segundo o site Eu Sem Fronteiras, é que nos tornemos alguém com maior capacidade de tomar decisões que nos beneficiem, além de reconhecermos nosso próprio poder e usá-lo ao nosso favor.
Ao ter sua autoestima melhorada e até mesmo aumentada, é provável que você se torne uma mulher até mais atraente. Você conseguirá liderar grupos no seu trabalho e ter uma certa facilidade de persuasão, o que fará com que você consiga apresentar suas ideias de uma melhor maneira.
Você terá uma maior noção e mais força para alcançar seus objetivos e permanecer fiel aos seus ideais. Caso você esteja sentindo que existem pessoas que tentam se aproveitar dos seus esforços, a ativação do arquétipo fará com que você consiga se libertar dessas dinâmicas problemáticas.
Lilith conseguirá mostrar seu poder pessoal, sua força escondida ou adormecida, seu poder e até mesmo seu valor frente ao mundo. Através desse arquétipo, você conseguirá se transformar em uma mulher independente e mais corajosa.
Lado obscuro do arquétipo de Lilith
Lilith, como vimos ao longo do texto, pertence à tradição judaica, que não faz parte da cristã. No Talmude, que é o livro da sabedoria hebraica, ela foi a primeira esposa de Adão, que não o obedeceu e se rebelou contra a ordem patriarcal.
O poderoso arquétipo de Lilith, embora carregue consigo inúmeros atributos benéficos, não podemos ignorar as sombras que essa ferramenta arquetípica pode projetar sobre nossos comportamentos, especialmente quando ativada de forma inadequada.
Refletindo sobre o reverso sombrio do arquétipo de Lilith, ele tem a capacidade de incitar um ímpeto rebelde e obstinado em nossas ações, levando-nos a confrontos e debates infrutíferos, e até mesmo gerando dificuldade em respeitar normas estabelecidas.
Segundo a taróloga Lia Nascimento, a ativação equivocada do arquétipo pode acabar apresentando algum tipo de risco, como uma noção exagerada de autossuficiência, o que pode até mesmo causar um isolamento.
“Se você perceber isso ou outro efeito indesejado, a recomendação é simplesmente desativá-lo, parando de usar as referências, símbolos e comandos”, explica a taróloga Lia Nascimento.
A convicção ardente em nossas próprias ideias pode rapidamente se transmutar em inflexibilidade, ou pior, na tentativa de manipular e dominar outras pessoas, buscando moldar suas mentes à nossa semelhança. Como resultado, corremos o risco de nos tornar figuras presunçosas e autoritárias.
Outras consequências negativas do arquétipo de Lilith se revelam no egoísmo exacerbado, na ânsia incessante por chamar atenção, bem como na habilidade de instilar um terror psicológico nas relações interpessoais, o que, por sua vez, pode nos conduzir ao isolamento e solidão.
Nesse ínterim, é crucial estarmos atentos ao uso dessa arcaica ferramenta em nossa jornada interior, buscando integrar suas qualidades benéficas enquanto lidamos de maneira consciente com suas sombras, a fim de evoluirmos como seres humanos plenos de sabedoria e autenticidade.
Para evitar que as características negativas venham à tona e prejudique todo o trabalho benéfico, é importante que você exercite sempre sua mentalidade e autopercepção para o lado positivo, mantendo a atenção nos aspectos benéficos do arquétipo.
Arquétipo de Lilith, lado sombra: rejeição
Enquanto ela era submissa, tudo estava bem, mas ao mostrar seu lado rebelde, e manifestar sua posição contrária aos desígnios divinos, ela acabou sendo expulsa e seu nome foi apagado da história, o que trouxe dor e rejeição para Lilith.
Por isso, seu lado sombra carrega uma aura de revolta, sentimento de rejeição, injustiça. Essas situações podem ser sentidas quando não nos submetemos às vontades de terceiros, o que pode implicar em sérias consequências a depender de onde estejamos ativando o arquétipo.
Desejo reprimido
Ainda que controverso, o desejo reprimido também faz parte do lado obscuro desse arquétipo. Após se conceder muita liberdade, ela passou a ser julgada e repreendida por suas atitudes, consideradas incautas e impertinentes para mulheres.
Isso pode levar a uma séria repressão dos próprios sentimentos e frear suas ações em busca de seus objetivos. Você pode passar a se reprimir por medo de ser rejeitada de alguma maneira.
Vulgaridade
Por ter uma energia sexual muito forte, esse arquétipo costuma alimentar pensamentos que podem se transformar em verdadeiras compulsões, mesmo dentro da esfera sexual. Quando mal direcionado, esse arquétipo tende a elevar sua intensidade e colocá-la em riscos desnecessários.
Rebeldia
Uma das principais características desse arquétipo é o sentimento de rebeldia. Ao não se submeter às ordens dos homens, ela não aceita nenhum tipo de imposição. Todo esse empoderamento pode ter um preço, e, às vezes, pode ser alto demais, já que a maioria das mulheres não estão preparadas para lidar com a tamanha força de Lilith.
Vale a pena ativar o arquétipo de Lilith?
A história de Lilith como a primeira esposa de Adão é uma narrativa que desperta questionamentos e reflexões sobre os papéis de gênero e o poder nas sociedades antigas e atuais. Sua recusa em aceitar a submissão e sua busca pela autonomia são fontes de inspiração para aqueles que lutam pela igualdade de direitos e oportunidades. Lilith permanece como um símbolo poderoso de independência e empoderamento feminino.
O mito de Lilith continua a inspirar e intrigar até os dias de hoje. Sua história é um lembrete poderoso de que as questões de gênero e poder sempre estiveram presentes na sociedade humana. Lilith nos convida a refletir sobre a importância da igualdade, do respeito e da liberdade de escolha.
À medida que avançamos para uma sociedade mais igualitária, é crucial reconhecer e valorizar as vozes daqueles que desafiaram as normas estabelecidas. Lilith, como a primeira esposa de Adão, nos oferece um exemplo cativante de coragem e determinação diante das estruturas patriarcais.